Com a possibilidade de privatização dos Correios aprovada pela Câmara, os mais de 2.500 imóveis da estatal ficam à disposição do novo comprador. Porém, a companhia afirma não saber o valor exato de cada um deles, sendo alguns localizados em áreas de alto valor imobiliário ou ocupando edifícios históricos.
De acordo com um levantamento realizado pelo Intercept Brasil, um balanço patrimonial deveria ter sido realizado em 2019. Em 2014, o patrimônio foi estimado em R$ R$ 5,692 bilhões em prédios.
Por contar com uma grande variedade de propriedades (prédios empresariais, históricos, galpões logísticos, terrenos e agências pequenas nos 27 estados brasileiros), o valor dos imóveis é relevante para a compra.
Prédios históricos
A estatal diz não saber o valor exato do patrimônio em imóveis acumulados em 358 anos de atuação. Fazem parte da lista de edifícios históricos a sede dos Correios em Brasília, que vale sozinho mais de R$ 360 milhões, de acordo com o contrato de seguro em vigor até junho passado.
Em Salvador, um dos edifícios foi avaliado em R$ 75 milhões ao ser segurado, em 2016, mas foi posto à venda por R$ 248 milhões em 2019.
Há endereços históricos também no Rio de Janeiro (Rua Visconde de Itaboraí), São Paulo (Vale do Anhangabaú) e em Porto Alegre (Praça da Alfândega). Os três hoje são importantes centros culturais.
De acordo com a pauta levantada pelo Intercept, os imóveis podem render lucros consideráveis ao novo comprador dos Correios. O Governo, porém, parece desconhecer o valor exato do patrimônio posto à venda.
Valor real dos imóveis
Em 2013 a empresa fez um levantamento detalhado do valor dos imóveis dos Correios, chegando a R$ 1,556 bilhão. Depois de uma avaliação da carteira imobiliária, o valor subiu para R$ 5,692 bilhões em 2014, crescimento de 265%, graças a uma avaliação mais meticulosa.
O levantamento, no entanto, não foi repetido e, sem avaliações, sofre quedas sucessivas no valor da carteira imobiliária por causa da depreciação estimada dos imóveis. Em 2019, sem avaliação, os Correios estimaram valor de R$ 5,237 bilhões aos seus imóveis. Em 2020, a estimativa caiu para R$ 3,850 bilhões, 26% a menos do que no ano anterior. Além disso, a estimativa depreciada faz parte das demonstrações de resultados apresentados em maio de 2021, após a oficialização do projeto de privatização.
Balanço ao longo dos anos:
2014: R$ 5,692 bilhões
2015: R$ 5,680 bilhões
2016: R$ 5,671 bilhões
2017: R$ 5,541 bilhões
2018: R$ 5,561 bilhões
2019: R$ 5,237 bilhões
2020: R$ 3,850 bilhões
Ao ser advertida por auditores, a empresa afirmou que a pandemia atrapalhou a contabilidade da reavaliação de sua carteira imobiliária. Acrescentam, ainda, que mudaram a forma de calcular o valor de seus imóveis.
Leia também: AliExpress abre as portas para vendedores brasileiros.