O e-commerce estrangeiro ganha cada vez mais força diante dos brasileiros. De acordo com dados de mercado levantados durante o ano de 2019, sites estrangeiros faturaram R$ 6,1 bilhões com brasileiros durante o último ano e contabilizaram 59,5 milhões de compras no período. As informações são do Relatório Neotrust 3ª Edição, elaborado pela Compre&Confie, em parceria com o E-Commerce Brasil.
Os números estão longe de serem insignificantes, mas ainda não causam preocupação para empresários locais: em 2019, o e-commerce nacional movimentou R$ 75,1 bilhões, com 178,5 milhões de pedidos realizados, segundo o relatório.
O Compre&Confie realizou uma pesquisa com o objetivo de entender a percepção e o perfil de compra dos brasileiros em sites internacionais. A amostra teve o total de 2.397 respostas de consumidores com acesso à internet no último ano. A pesquisa foi realizada entre os dias 3 de fevereiro e 9 de março de 2020.
Do total, 44,9% dos brasileiros compraram em sites de fora do país e, em média, foram realizadas quatro compras por pessoa. Entre os consumidores que fizeram pelo menos uma compra nessas plataformas, 82% pretendem comprar novamente no futuro.
Compras por consumidor
Meio de pagamento
O principal meio de pagamento para as compras realizadas tanto aqui quanto fora do país continua sendo o mesmo: o cartão de crédito.
No último ano, 71,2% dos consumidores que participaram da pesquisa e consumiram em sites estrangeiros apontaram este como principal meio para realizar as compras em sites de fora do país. Em segundo lugar, está o boleto bancário (18,7%) e, em terceiro lugar, carteiras digitais, como Picpay (10,1%).
Motivação de compra
Com limites de crédito mais restritos em função da recessão e do desemprego, brasileiros buscam principalmente por preços baixos na hora de comprarem em sites de fora do país.
Ao todo, 83% declararam esse fator como a principal motivação para irem além das fronteiras nacionais na hora de consumir. Em seguida – embora já com adesão significativamente menor – está a compra de produtos não disponíveis no Brasil (36%) e, em terceiro lugar, a busca por maior variedade de itens apresentados e promoções (30%).
Tíquete médio
Média de valor gasto em sites internacionais
Categorias
A busca por um cardápio mais amplo de produtos está concentrada essencialmente em três categorias: Eletrônicos, Telefonia e Moda e Acessórios, também responsáveis por grande parte do consumo via e-commerce no território nacional.
Em sites estrangeiros, representam 50%, 29% e 21% de todas as compras realizadas por brasileiros, respectivamente.
Categorias mais compras em sites internacionais
Sites
Sites mais procurados para compra
Logística
O pagamento de frete na maior parte das compras é outro comportamento similar ao observado no e-commerce brasileiro, segundo o relatório.
Entre os entrevistados, 41,8% pagaram por esse serviço em todas as compras realizadas, 41,1% tiveram o custo em algumas compras e apenas 17,1% registraram isenção.
Do ponto de vista logístico, pagar por esse serviço valeu a pena para grande parte dos brasileiros. Mesmo com as longas distâncias – e prazos longos para a chegada dos produtos desejados –, a maior parte das compras realizadas em sites estrangeiros chegou dentro do prazo estabelecido.
Entre as pessoas que consumiram em sites estrangeiros no último ano, 48,9% afirmam que todas as compras chegaram dentro do prazo, 38,9% informaram que apenas algumas compras chegaram no prazo e apenas 12,2% destacaram que o prazo de entrega não foi cumprido.
Ainda assim, a preocupação com a entrega das compras feitas on-line está longe de ficar em segundo plano. Em 2019, 68% dos entrevistados declararam o tempo de entrega como principal fator que causa receio na hora de comprar em sites internacionais.
Outras dúvidas estão relacionadas ao valor do imposto a ser pago (41%) e ao risco de não receber os itens comprados (33%).
Receios de compra
Principais receios de compra em sites internacionais
Coronavírus
Um outro fator que ganhou força este ano na lista de inquietações para comprar em sites estrangeiros é, sem dúvida, o coronavírus. Contudo, com o avanço tímido da doença até o início deste ano*, brasileiros ainda não sentiam o efeito da doença na hora de comprar fora das fronteiras nacionais.
Ainda de acordo com a pesquisa direcionada ao consumo em 2019, 82% dos consumidores declararam que a doença não foi um fator significativo para o consumo em sites estrangeiros.
Para o futuro, contudo, esse fator já tem potencial para restringir esse tipo de compra. Os dados apontam que 57,7% dos consumidores têm receio de que encomendas futuras de compras fora das fronteiras nacionais possam contribuir para a transmissão da doença.
*a pesquisa foi realizada antes da pandemia do coronavírus (Covid-19).
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Por Dinalva Fernandes, da redação do E-Commerce Brasil