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E-commerce no Rio de Janeiro cresce acima da média da Região Sudeste, segundo NielsenIQ EBIT

Por: Júlia Rondinelli

Editora-chefe da redação do E-Commerce Brasil

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e especialização em arte, literatura e filosofia pela PUC-RS. Atua no mercado de e-commerce desde 2018 com produção técnica de conteúdo e fomento à educação profissional do setor. Além do portal, é editora-chefe da revista E-Commerce Brasil.

Uma das propostas do E-Commerce Brasil é fomentar conhecimento de alto nível técnico focado em comércio eletrônico para os lojistas brasileiros. Pensando em disseminar esse conhecimento, surgiram os eventos regionais, com conteúdos focados nas particularidades de alguns estados brasileiros.

Durante a Conferência E-Commerce Brasil Rio de Janeiro – Encontro de Líderes, Marcelo Osanai, Head de E-Commerce da NielsenIQ EBIT, falou sobre as principais tendências e oportunidades de vendas online para o Rio de Janeiro em comparação ao cenário do país.

Marcelo Osanai, Head de E-Commerce da NielsenIQ EBIT/Imagem: Alessandro Mendes

Experiência própria

“Desde o começo da pandemia, adotei um estilo mais minimalista de consumir menos”, explicou o executivo, que optou por reduzir as compras às necessidades em 2020 e 2021.

Porém, com a retomada do convívio social em 2022, surgiu a vontade de dar uma repaginada no estilo e no guarda-roupa que fizeram tanto o palestrante quanto muitos brasileiros de volta às lojas. Apesar de trabalhar com o universo de e-commerce, Osanai ficou receoso de comprar roupas online, justamente pelo estigma de não ter elas a disposição para experimentá-las. No fim das contas, as compras foram feitas online mesmo, pois, de 2020 para cá, muitas marcas aprimoraram suas estratégias para entregar propostas diferenciadas e com uma experiência digital mais fluida.

Lojas de nicho, lojas de departamento e até marketplaces entraram nas listas de preferência de Osanai, o que mostra que tanto grandes quanto pequenos varejistas da moda conseguiram abraçar a experiência positiva ao eliminar barreiras, entre elas, a distância. Isso porque cada uma das lojas que Osanai consumiu entrega de um ponto diferente do Brasil, com estruturas logísticas específicas: “o e-commerce elimina barreiras geográficas”, defende o executivo.

Dados do e-commerce no Brasil

De acordo com dados do 46º Webshopper, o e-commerce no Brasil atingiu a marca de 118,6 bilhões de vendas no primeiro semestre de 2022, crescimento de 6% em relação ao semestre anterior.

Segundo Osanai, o crescimento menos expressivo do semestre não quer dizer uma redução ou uma retração do e-commerce, mas sim uma estabilidade maior do setor depois de um crescimento muito grande, além de estarmos em um momento de consolidação de canais, com maior maturidade do setor.

“Além disso, precisamos considerar o cenário econômico e social do Brasil”, completa o executivo.

Neste primeiro semestre, o destaque do setor vai para os meses de janeiro a março, que apresentaram crescimento acentuado, seguidos de uma leve retração entre abril e maio.

Já com relação ao número de consumidores, de 2021 para cá o e-commerce conquistou 48,8 milhões de novos consumidores, um amento de 18%.

Osanai comemora o crescimento, mas frisa que é importante trazer mais consumidores para dentro do universo digital: “o propósito do e-commerce não é fazer as pessoas comprarem mais, mas também alcançar o maior número possível de pessoas”.

Nova realidade de vendas

Com as constantes mudanças, o e-commerce vê também uma mudança gradativas do comportamentos de compra. O levantamento realizado pela Nielsen mostra que a maior parte das vendas online são realizadas durante os dias da semana (com destaque de terça-feira a sábado).

Depois da pandemia, inclusive, muitos consumidores passaram a mesclar as compras físicas com as digitais: “hoje o consumidor é bombardeado de opções, o e-commerce é apenas uma delas, então a execução do e-commerce precisa ser rigorosa”.

Outro fator de destaque para o primeiro semestre de 2022 é que o consumidor está mais consciente com os gastos e segurando mais o dinheiro que sai do bolso, o que levou a uma redução do ticket médio. A diversificação do catálogo de produtos disponíveis online também explica porque a média das compras está mais barata, já que muitas categorias apresentam produtos também mais baratos.

Evolução do ticket médio no primeiro semestre de 2022/NielsenIQ Ebit
Evolução do ticket médio em 2022

Categorias

Um dos destaques para os dados observados foi a categoria de Alimentos e Bebidas, que cresceu significativamente durante a pandemia e continua apresentando relevância para o digital. Além do investimento, a categoria tem um giro grande e uma demanda constante.

Importância da categoria de acordo com a variação no número de pedidos - Dados de GMV 1º semestre 2022/ NielsenIQ Ebit
Relação das vendas por categoria no 1º semestre de 2022, de acordo com a variação no número de pedidos

Enquanto isso, as categorias mais tradicionais, como Eletrônicos e Eletrodomésticos, tiveram crescimento mais modesto, considerando que o ticket médio delas é mais alto e que já são mercados que vendem bem, com menor espaço para crescimento em um momento de inflação. Apesar disso, Eletrodomésticos e Telefonia são as duas categorias que mais concentram vendas no e-commerce.

Dados de GMV 1º semestre 2022/NielsenIQ Ebit
Relevância da categoria de acordo com o GMV do 1º semestre de 2022

Os dados do Webshoppers mostram que as categorias de alto giro, nem sempre as tradicionais, tem apresentado crescimento das vendas.

Frete grátis

Para Osanai, o frete grátis é um grande divisor de águas no e-commerce, com a função de possibilitar o consumo para muitas pessoas e incentivar o consumidor que precisa de um incentivo para fechar a compra.

Novamente, o destaque é para Alimentos e Bebidas, que teve o maior crescimento de ofertas de entregas gratuitas em comparação ao ano passado. No primeiro semestre de 2022, as vendas do setor com frete grátis no e-commerce chegaram a 72%.

Frete grátis por categoria/NielsenIQ Ebit
Relação de frete grátis por categoria

Nem sempre é possível oferecer o frete grátis, mas os dados mostram que há uma retração no valor dos que são pagos com relação ao mesmo período de 2021, o que pode significar maior maturidade dos lojistas e melhora das estruturas logísticas.

Redução do valor do frete/NielsenIQ Ebit
Relação de redução do valor do frete por categoria

Mobile

Por mais incrível que pareça, houve retração pelas vendas do mobile, mas é importante olhar para cada categoria de maneira específica, pois pode haver divergências de acordo com os consumidores de cada segmento ou da usabilidade dos sites e aplicativos.

Perfil dos novos consumidores

“O e-commerce não é um canal só para a classe média e classe alta, ele alcança cada vez mais públicos e de diferentes idades”, defende Osanai. Entre os fatores que influenciam na amplitude dos perfis consumidores no e-commerce está a disseminação de formas de comprar mais acessíveis mas também na maior quantidade de produtos disponíveis.

Outro ponto importante de se destacar é que há um aumento das vendas para pessoas mais velhas, antes segregadas das vendas online.

Share de vendas por idade e faixa salarial/NielsenIQ Ebit
Share de vendas por idade e faixa salarial

Região Sudeste e o destaque do Rio de Janeiro

Ao analisar as regiões de acordo com o número de vendas, a Sudeste continua como mais importante, mas ao mesmo tempo a que menos cresce, pois concentra 61% do consumo do e-commerce brasileiro.

Porém, o executivo explica que “não existe uma fotografia única no e-commerce” e que mesmo dentro da região existem diversas particularidades que diferenciam um estado do outro.

Pois por mais que o crescimento da região tenha sido de apenas 1% no semestre, diversas categorias apresentaram crescimento expressivo que segmentam esse aumento de maneira bastante expressiva para os lojistas. Além disso, o estado Rio de Janeiro cresceu 7% (R$ 15,3 bilhões em vendas) em comparação ao 1% da região Sudeste.

Vendas do Rio de Janeiro em comparação com as vendas da região?NielsenIQ Ebit
Representatividade das vendas do estado do Rio de Janeiro 1º semestre de 2022

O aumento do número de vendas veio acompanhado também do aumento do número de pedidos: 26,1 milhões de pedidos, crescimento de 13%.

Diferente do que foi observado como um todo no Brasil, o estado apresentou uma retomada interessante das vendas online a partir de junho, com crescimento de vendas e valores.

Mesmo no Rio, as categorias mais importantes continuam sendo Eletrodomésticos e Telefonia, mas Perfumaria foi a que apresentou maior crescimento no período. Osanai justifica com o valor e giro dos produtos.

Copa do Mundo e Black Friday

Por fim, o palestrante foi questionado sobre quais conselhos poderia dar para os lojistas da região com relação a aproximação da Copa do Mundo, que coincidirá com as vendas da Black Friday. Para ele, por maior que seja o desafio, a junção dos eventos apresenta uma oportunidade única de vendas para o digital, justamente por gerar uma ocasião de consumo bastante específica.

“Exige uma execução específica e estratégica, mas pode gerar resultados expressivos para o e-commerce”, ele finaliza.

Confira todos os dados da pesquisa apresentado na palestra.