“Só a pandemia pode fazer uma transformação tão grande no e-commerce e eu não esperava algo desta magnitude”, explica André Dias, CEO e Co-Founder da NeoTrust. Ele foi um dos palestrantes da Conferência E-Commerce Brasil Paraná 2020 para falar sobre os principais dados do comércio eletrônico brasileiro em tempos de pandemia.
Em sua palestra, Dias fez uma diferenciação de algumas das características de consumo e crescimento do Paraná e trouxe insights valiosos sobre as vendas no primeiro semestre deste ano.
“De janeiro até agosto o e-commerce já faturou mais do que o ano passado inteiro”, explica o executivo. Ele usa como base os levantamentos realizados com precisão pela NeoTrust.
Paraná
Atualmente, o Paraná tem uma representatividade de 4,5% do total de vendas online do Brasil. Além disso, Curitiba fica atrás apenas dos 4 grandes centros comerciais do país, mas já está alcançando o patamar das demais (São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte).
Dias comenta sobre a importância deste momento para a economia movimentado pelos pequenos lojistas e novos players do mercado, que escalaram as vendas pelo ambiente digital. Porém, os grandes players, que já estavam acostumados com o e-commerce, registraram crescimento acima de 100%.
O executivo explicou ainda que houve grupos que não registraram tanto aumentou ou que tiveram declínios neste período, mas eles estão em um grupo intermediário entre os grandes e pequenos players.
Relação com o lockdown
Outro ponto de grande relevância é sobre o padrão de crescimento no período da pandemia. De acordo com os dados da NeoTrust, as regiões que registraram crescimento mais acentuado durante os primeiros meses da pandemia foram as que impuseram um lockdown obrigatório e mais severo.
O estado do Paraná não sofreu esta imposição, mesmo participando das medidas de isolamento, então esperava-se dele um crescimento mais brando, o que não foi o caso e agradou os lojistas e consumidores da região.
Dias explica ainda que no cenário do Paraná, o percentual de usuários interagindo com o e-commerce se aproxima muito da média nacional. Sendo assim, no primeiro semestre de 2020, registrou 1,77 milhão de consumidores digitais, o que representa 23,6% das vendas.
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O estudo analisado por Dias permite ainda separar os consumidores em três grupos principais durante o período de pandemia:
Novos consumidores
Que são aqueles que se viram forçados a iniciar a jornada online por falta de opção com o fechamento do varejo físico ou por medo de contaminação.
Pessoas que já compravam online
Mas que ainda não tinham recorrência, mas passaram a comprar com frequência maior por causa do isolamento e incorporaram esse hábito de consumo.
Heavy users
Os chamados “consumidores de peso”, que já tinham o hábito de comprar online e certa recorrência, mas passaram a comprar novas variedades e categorias de produtos, dando relevância aos produtos de giro.
O que vender?
Para Dias, o público que trabalha com vendas deve investir em nichos específicos, pois há uma série de categorias que não eram exploradas no Paraná e passaram a vender no primeiro semestre, como cadeira, peixe, pijama, protetor labial e são categorias que cresceram acima de mil por centro.
“Não se restrinja a vender apenas nas categorias mais tradicionais do e-commerce, explore as oportunidades do momento”, ele conclui.
Conheça seu consumidor
Dias defende ainda que é necessário conhecer o consumidor e possíveis novos compradores para realizar ofertas mais assertivas.
Outro fator importante, é saber regionalizar as ofertas para alcançar as necessidades dos consumidores para quem o lojista pretende vender. “Essa é uma das formas de trabalhar o omnichannel, inclusive”, ele conta.
Monitorar dados e realizar uma gestão de frete que busque vantagens ao consumidor também são diferenciais competitivos que o lojista deve ter em mente.
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Por Júlia Rondinelli, da redação do E-Commerce Brasil.