Produtos licenciados por artistas e vendidos por marcas movimentam cerca de R$ 21,5 bilhões no Brasil e US$ 300 bilhões globalmente, segundo a pesquisa “A era dos Fandoms”, organizada pela Monks + Float. Para provar a força desse engajamento, a camiseta lançada pela Adidas em parceria com Jão, na última quarta-feira (15), derrubou o site da marca e esgotou no e-commerce em menos de uma hora. O acontecimento coloca em perspectiva a importância das empresas olharem com mais atenção para o mercado de produtos dedicados ao público apaixonado.
Os fandoms, comunidade de admiradores com interesses em comum em algum artista, esporte ou séries, não são uma novidade na sociedade. O hábito de recortar de revistas para fazer pastas sobre os ídolos, colecionar álbuns de figurinhas, pôsteres e mídia física já é antigo. O que acontece agora é a potencialização do fenômeno com a chegada das redes sociais, como TikTok, Instagram, WhatsApp e Telegram. Canais massivamente utilizados pela Geração Z, que dedica horas à criação de conteúdo, formação de sociabilidade por meio de grupos e acompanhamento da rotina deles no ambiente digital, aumentando o engajamento e o poder de influência dos artistas.
Expressão de identidade
O cantor Jão, conhecido por suas músicas pop, tem um público majoritariamente composto pela Geração Z. Essa geração, que agora começa a ganhar poder de compra com sua entrada no mercado de trabalho, destina parte da renda à aquisição de produtos e serviços que reflitam seus valores, propósitos e tenham afinidade com suas crenças.
Produzida em parceria com a Adidas, a camiseta é inspirada em uma de suas músicas, Meninos e Meninas, que integra o álbum Pirata, lançado em 2021 – considerada um ‘hino bissexual’ pelos fãs. Além disso, o produto também traz as cores da bandeira bissexual (rosa, azul e lilás) e outros detalhes específicos para quem é fã, como: o ano de 2013 e três estrelas acima de ‘Meninos e Meninas F.C.’, que também pode ser uma referência ao terceiro álbum de estúdio do cantor, Pirata, o qual a música faz parte.
Com direito a um clipe de lançamento, as vendas on-line da camisa começaram ao meio-dia e acabaram num piscar de olhos, durando apenas minutos. Em comunicado, a Adidas informou que a reposição peça será feita na próxima terça-feira (21).
A situação não é novidade
Um caso parecido ocorreu com o relançamento da boneca da Xuxa em setembro de 2024. Famosa nos anos 90, a marca de brinquedos Estrela capturou a atenção dos millennials e do consumidor ‘kidult’ com a saudosa boneca de 67 cm de altura, companheira de muitas crianças daquela época. O sucesso foi tanto, que o produto lançado exclusivamente no e-commerce oficial da Estrela esgotou em menos 24 horas.
Diante desses casos, as marcas podem observar como os fãs também se tornaram um público estratégico para se conectar e oferecer experiências exclusivas, desde roupas personalizadas nos ídolos até itens colecionáveis que potencializam o comportamento engajado desse tipo de consumidor. Para isso, o comércio eletrônico é um facilitador de acesso pela possibilidade de alcançar públicos de cidades mais afastadas, oferecendo uma sensação de pertencimento à comunidade pela aquisição de itens e participação na cultura de fandoms.