Em recente visita dos times globais de produtos do Google ao Brasil, uma descoberta dos executivos “acendeu” uma oportunidade para a empresa: a falta de maturidade digital de grande parte dos negócios, em especial do segmento de farmácias. “Muitas empresas brasileiras não conhecem as ferramentas digitais. Além disso, falta tempo para gerenciar, há muita coisa sendo gerida manualmente, como catálogo, estoque… Sem mencionar que quase nenhuma sabe lidar com as plataformas de marketing digital”. Essa fala é de Newton Neto, diretor de parcerias do Google Brasil para a América Latina e um dos executivos à frente da parceria com a Napp.
A Napp, nesse caso, é uma startup especializada em conectar empresas físicas com o ambiente digital. Bruno Zenatte, CEO da empresa, diz que a intenção é proporcionar a força do varejo online para o físico. “Nós mostramos que é possível integrar as mesmas ferramentas e potências do online para diversas áreas da empresa, trazendo, por exemplo, o estoque dos produtos para o digital”. O movimento completo para essa “migração”, aliás, Neto garante que não gera nenhum custo para o lojista. “Todo o recurso para o desenvolvimento é bancado pelo Google à Napp, por isso o comerciante não se preocupa com qualquer valor”.
Como ocorre a digitalização das farmácias
Perguntado sobre o processo de digitalização, Zenatte afirma que tudo é realizado pela Napp. “Se deixássemos a responsabilidade da curadoria para a pessoa da farmácia, seria impossível ter acesso rápido e assertivo em questões como foto e descrição do produto. O mesmo aconteceria em relação à contagem dos cerca de 3 mil produtos (média) do estoque. Com sorte, seriam escolhidos apenas os produtos da curva A, o que seria um problema. Por isso, nossa integração trata da extração desses dados em tempo real (tanto do estoque como do preço) do sistema de vendas utilizado pelo lojista”.
Ele completa dizendo que esses dados migram para uma plataforma centralizadora da Napp, que trata as informações — os dados de produtos “esquecidos” no PDV passam a existir nesse novo sistema, com direito a foto, descrição e especificação, por exemplo — e apresenta o estoque de cada item e toda alteração de preço. “Quando há uma alteração de preço pelo lojista no PDV, automaticamente é alterado na plataforma digital, o que reflete diretamente no Google. Portanto, quando o consumidor encontra o produto via Google, ele já está com os dados corretos dentro da loja também”.
Integrada ao sistema das farmácias, a ferramenta traz uma inteligência por geolocalização que a empresa enxerga o que ocorre ao seu redor. É a partir desses dados (em tempo real) que ocorre a a comparação de preços e, consequentemente, a expansão das vendas em relação aos demais locais. Newton afirma que todas as informações das empresas são anonimizadas, preservando apenas dados como valores trabalhado pelos concorrentes e localização, por exemplo. Na maior parte das vezes a integração ocorre de forma remota, em cerca de 15 minutos — em alguns casos um instalador vai até o local da farmácia.
Digitalização totalmente gratuita
Dentro das mais de 80 mil lojas de farmácias dentro do país, a Napp entende que cobrar pelo serviço traria uma barreira de entrada para a adoção do sistema. Por isso, o recurso para o desenvolvimento dessa a plataforma é bancado integralmente pelo Google. Newton diz que, ao mesmo tempo em que esse profissional entende os benefícios dos produtos do Google para o seu negócio (a exemplo da publicidade), fatalmente ele acaba investindo também em recursos da empresa. “Ele encontra o retorno no investimento com o tempo, com a vantagem de não haver fricção na adoção do sistema”.
Bruno diz que o projeto, inicialmente, é focado somente em farmácias pelo menos até o final de 2024, uma vez que ainda há uma infinidade de operações a serem integradas. “Estamos hoje com 12 mil farmácias, então ainda existe uma jornada até os 84 mil estabelecimentos. Claro que já estudamos outras categorias, e isso pode ocorrer antecipadamente conforme a evolução do projeto”. Vale reforçar que é a startup quem atualiza os dados de produtos das farmácias (possui 265 mil em sua base), tanto com foto, bula, especificações, etc. Outra informação interessante é que quando digitalizada, a farmácia recebe automaticamente dados retroativos (24 meses) de mercado, o que auxilia na tomada de decisões a partir da inteligência de varejo.
Marketing digital e futuras categorias digitalizadas
Quando conectadas à plataforma da Napp, as farmácias também têm acesso a sete produtos oferecidos pelo Google. A ferramenta de campanhas inteligentes, por exemplo, podem gerar insights e tendências de mercado a partir das campanhas via Google Ads. Além disso, recursos como conteúdos educacionais e dicas de negócios estão disponíveis, tal qual a possibilidade de criação de site próprio.
Como já mencionado, a parceria da Napp com o Google será focada apenas em farmácias. “Escolhemos esse ramo principalmente por conta da baixa digitalização, uma vez que 82% ainda não vendem no online. Ainda assim, há tanto a possibilidade desse tempo ser encurtado, como passar a trabalhar com outras categorias de produtos”, lembra Zenatte.
Para integrar a farmácia com a plataforma da Napp, o empreendedor pode buscar diretamente pelo site da empresa (basta cadastrar a empresa em formulário para um representante agendar a integração); há ainda uma equipe da empresa contatando diariamente farmácias de todo o Brasil; e, por fim, um parceiro comercial da startup também faz essa intermediação presencialmente com o varejista.