O desenvolvimento de ferramentas utilizando Inteligência Artificial (IA) generativa têm ganhado capítulos recorrentes no mundo, mas ainda engatinha no Brasil. No universo das startups do país, uma pesquisa do Google for Startups com a Box1824 aponta que 63% ainda não possuem planos de curto ou longo prazo relacionado à tecnologia.
Segundo o levantamento, parte do “despreparo” das startups nacionais pode ser explicado, indiretamente, pela série de barreiras à implementação de IA generativa. Estas, em resumo, passam desde a falta de regulação até a pouca atratividade para atuar na área no Brasil.
Apesar disso, na visão de André Barrence, diretor do Google for Startups para a América Latina, ainda existe espaço para IA generativa no país. O executivo acredita que ainda há um potencial inexplorado para negócios neste setor.
Há uma carência de iniciativas estruturadas que preparem a força de trabalho para lidar com tecnologias avançadas. A escassez de profissionais qualificados é exacerbada pela fuga de talentos, onde profissionais brasileiros são frequentemente atraídos por oportunidades no exterior devido a melhores condições de trabalho e remuneração.
André Barrence, diretor do Google for Startups para a América Latina
Em termos de aporte financeiro, por exemplo, o estudo mostra que a maioria das empresas buscam um agente externo. Esse capital injetado, segundo as respostas, pode vir de investimentos públicos (46%) ou privados (38%), incluindo VCs, aceleradoras e fundos de investidores.
Pedras no caminho
De acordo com os dados, entre os principais obstáculo na aplicação de IA generativa neste ambiente corporativo específico estão fatores como investimento, infraestrutura, letramento digital, regulação e dificuldade com métricas.
Em geral, as startups que participaram do estudo acreditam que obter capital para desenvolver essa tecnologia tornou-se uma dificuldade pertinente para o não andamento de projetos do tipo. Em 25% dos casos, por exemplo, as startups não possuem orçamento específico para esta área.
Abaixo, algumas das opiniões dos entrevistados sobre questões que, na visão deles, podem ajudar ou ainda atrasam a IA generativa no Brasil:
- 59% apontam educação e conscientização sobre GenAI como essenciais para o desenvolvimento da tecnologia;
- 43% falam que é essencial que soft skills (linguagem, comunicação, relacionamento) sejam melhoradas por desenvolvedores no Brasil;
- 37% vislumbram uma evolução no ensino básico como importante para que o raciocínio lógico dos brasileiros seja aprimorado;
- 38% apontam a evolução no ensino superior como um aspecto crucial para o preparo de profissionais de IA generativa no Brasil;
- 22% afirmam que não é possível quantificar e mensurar resultados com o uso de ferramentas do tipo;
- 33% creem que a transformação de modelos de IA generativa em produtos com maior aceitação comercial pode ser um facilitador no seu desenvolvimento em startups;
- 83% citam que é necessária a criação de uma regulamentação específica para a GenAI.
Ao todo, 63 tomadores de decisão de startups brasileiras focadas em IA foram ouvidos para o estudo “Startups & Inteligência Artificial Generativa: Destravando o seu potencial no Brasil”.