O Fórum E-Commerce Brasil 2024 começou em grande estilo. A festa de 15 anos do maior evento da América Latina não poderia ter tido uma recepção mais calorosa. Com mais de 28 mil congressistas confirmados para os três dias de evento, a curadoria apresenta nomes de peso de acordo com os temas mais urgentes para os lojistas de e-commerce.
Daniel Ambrósio, diretor de engenharia do Mercado Livre, foi uma das figuras de destaque da Plenária de Marketplace no dia 31 de julho. O executivo deu uma aula sobre o uso das diversas tecnologias compreendidas hoje como inteligência artificial e o impacto delas no e-commerce.
De acordo com ele, podemos compreender a IA como um “sanduíche de informações”, no qual encontramos uma base, os usos possíveis com as ferramentas disponíveis, aplicações já existentes e a finalização, ou seja, para onde o e-commerce está caminhando.

Para compreendermos o momento atual da IA no e-commerce, é preciso entender primeiro o ciclo de empolgação dos usuários com qualquer tecnologia nova:
Gatilho do início e descobrimento;
- Pico inflado das expectativas (o famoso “hype”, no qual a curva de interesse cresce desproporcionalmente);
- Vale da desilusão, em que a curva de interesse cai (o famoso “não é tudo isso”);
- Volta do interesse com a consolidação do mercado; e
- Platô de produtividade (estabilidade).
A IA não é de hoje
Por mais que tenha se popularizado nos últimos anos, a inteligência artificial não é exatamente nova. Ainda na década de 1940, Warren McCulloch (neurofisiologista) e Walter Pitts (matemático) desenvolveram os primeiros modelos computacionais baseados em redes neurais. A ideia central do artigo publicado por eles era defender que circuitos elétricos poderiam funcionar como neurônios, o que abriu precedentes para estudos tanto biológicos como tecnológicos e computacionais.
Em 1956, o cientista da computação e cognição John McCarthy cunhou finalmente o termo inteligência artificial, que avançaria aos poucos para a noção de IA que temos hoje.
De volta para o futuro, o vocalista da banda de heavy metal francesa Gojira, Joe Duplantier, que performou na abertura dos Jogos Olímpicos em Paris há alguns dias, falou sobre a dificuldade de surpreender, em sua performance, um público acostumado à inovação o tempo todo.
Na década de 1980, o deep learning começou a alavancar o desenvolvimento de novas tecnologias para as empresas e na década de 1990 o Deep Blue venceu uma partida de xadrez com o maior competidor da época, Garry Kasparov.
O que muda com a Open IA?
“A tecnologia sai das mãos das big techs e passa para a mão dos usuários, acessível na mão de todo mundo por intermédio dos smartphones”, respondeu Daniel.
Mas, além dele, existem muitas tecnologias dentro das redes que compreendem as inteligências artificiais, que vão desde o deep learning até conceitos mais robustos, específicos para o e-commerce.
O ChatGPT, por exemplo, bateu um milhão de usuários 5 dias após o lançamento, recorde jamais superado por nenhuma outra empresa digital. Em junho de 2024, a estimativa é de que tenha superado os 180 milhões de usuários mensais. Comparado com outros temas, no entanto, a curva de interesse não é tão constante entre os brasileiros. Passado o primeiro momento de choque e curiosidade, muitos usuários a incorporaram em seu dia a dia, mas pararam de pesquisar mais sobre.
Para onde estamos caminhando?
Para o e-commerce, a facilidade de personalização tem permitido que lojistas apliquem recursos de forma mais ágil e menos dependente das plataformas, atingindo melhores resultados com relação ao SEO, avaliações de consumidores, testes AB e chats de resposta.
O executivo recomenda ainda atenção dos lojistas e times de desenvolvimento com as facilidades, uma vez que elas podem esconder algumas armadilhas, como chats que entregam informações incorretas, desatualizadas ou não autorizadas, podendo gerar prejuízos reais para as empresas.
Outra dica valiosa é que nem sempre a ferramenta mais óbvia é a que resolverá melhor o problema. “É preciso cuidado ao escolher a ferramenta, pois existem de todo tipo, mas elas precisam estar alinhadas com o objetivo da empresa”, recomendou. Tanto para lojistas quanto para usuários, é preciso estar atento à desinformação facilitada por notícias falsas, enviesadas ou sem profundidade.
“Ao colocar a ferramenta na mão do ser humano, ela poderá ser utilizada das mais variadas formas, seja para o bem ou seja para o mal. Por ser uma vantagem competitiva global, duvido que a IA seja regularizada, pois não adiantaria ter uma política firme em um país e não ter de outro”, concluiu.
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