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Live commerce veio para ficar e integrar processos nas vendas

Por: Júlia Rondinelli

Editora-chefe da redação do E-Commerce Brasil

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e especialização em arte, literatura e filosofia pela PUC-RS. Atua no mercado digital desde 2018 com produção técnica de conteúdo e fomento à educação profissional do setor. Além do portal, é editora-chefe da revista E-Commerce Brasil.

O e-commerce passou por muitas evoluções e uma das ramificações, datada de 2016, é o live commerce. A modalidade que consiste em vendas realizadas utilizando o modelo streaming, ou transmissão ao vivo, ganha mais força no cenário ocidental. Segundo In Hsieh, cofundador da Chinnovation, e Ariel Alexandre, cofundador da LiveCo, a prática já deve ser considerada realidade.

“O começo na China foi com streamers de e-sports e, por aqui, as lives de produto e vendas foram a primeira etapa. O Brasil, bem como o Ocidente em geral, está começando a entender o live commerce como válido e importante para incrementar resultados”, afirma Hsieh.

Segundo o especialista, atualmente, o live commerce corresponde por 50% das negociações do e-commerce chinês, enquanto no Brasil o índice fica entre 10% e 15%. No entanto, de forma geral, as categorias mais vendidas são cosméticos e alimentos & bebidas, com ressalva para o auxílio da modalidade em outros setores.

“Para venda de carros, por exemplo, o live commerce pode ser mais um canal de divulgação ou até mesmo fazer parte da jornada do consumidor. É uma questão de integrar processos com a loja virtual ou física e sair da caixa. Seja qual for o produto, o principal fator para sucesso disso é a humanização da experiência digital”, complementa.

Já Alexandre citou dicas de como implementar essa forma de trabalho ao planejamento da marca. Antes, ele elucida que o live commerce funciona para empresas B2B e B2C igualmente, tendo em vista que interação, curtidas e comentários são benéficos em qualquer um dos dois segmentos.

“O passo inicial é criar intimidade entre consumidor e vendedor. Isso pode ser feito por meio de ações divertidas e, no final, auxilia na conversão de vendas. Além disso, a humanização dos processos, como citado por Hsieh, será alcançada com espontaneidade e atenção ao chat. Lembre-se que interação vende e, até por isso, fazer algo gravado não faz sentido neste cenário”, explica.

Além disso, o profissional reitera que o foco das produções de live commerce devem ficar no mobile. Pela necessidade de constância nas produções (12 vezes por semana, no mínimo, de acordo com ele), pensar em processos mais rápidos facilita e cria hábito nos consumidores.

Discussão

Após apresentarem suas visões sobre a variação, Hsieh e Alexandre falaram sobre este mercado em si e suas perspectivas. Como ponto alto, ambos citaram a necessidade, por exemplo, dos meios de pagamento atuantes no Brasil serem “de ponta a ponta”. Na prática, como na China, pensar em mídias sociais que integram pagamentos é uma grande contribuição para o live commerce.

“Eu quero, eu compro. Já existem ferramentas que podem proporcionar isso e a adaptação neste aspecto é de grande valia. Além disso, o brasileiro tem a criatividade de sobra para driblar qualquer dificuldade inicial. Isso é o principal”, afirma Hsieh

Por fim, Alexandre, em concordância com o colega de setor, acredita que o live commerce será, por essência, uma estratégia de pequenos negócios e franqueadores. “A exploração da modalidade visa um mercado com mais olho no olho com o consumidor. A venda digital tirou um pouco isso e marcas deste perfil tendem a ter menos processos e melhor aplicação do live commerce”, encerra.

Por Lucas Kina, em cobertura especial para o Fórum E-Commerce Brasil 2021.

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