O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) realizou na quinta-feira (9) o workshop “E-commerce para a China: Desafios e Oportunidades”, com o objetivo de discutir estratégias para ampliar a presença do Brasil no comércio digital chinês. O evento, promovido em parceria com o Fórum MDIC de Comércio Eletrônico, reuniu representantes do setor privado e instituições parceiras para aprofundar o conhecimento sobre o mercado chinês e suas oportunidades.

E-commerce como ponte econômica entre Brasil e China
Na abertura, o secretário-executivo do MDIC, Márcio Elias Rosa, destacou o papel do comércio eletrônico como instrumento de aproximação econômica e diplomática entre os dois países. Segundo ele, “a política ganha concretude quando alcança o chão da fábrica, o balcão do comércio, a casa das pessoas. É assim que o que foi pensado pelo presidente Lula e pelo vice-presidente Alckmin se torna real: quando a decisão política encontra o trabalho técnico e chega à vida das pessoas”. Ele lembrou que a China já movimenta mais de US$ 2 trilhões no e-commerce e que o Brasil precisa ampliar sua participação nesse mercado. “O MDIC é o sindicato da indústria e do comércio, do comércio exterior. As portas estão abertas para ouvir demandas e construir soluções em conjunto. Esse é o nosso compromisso”, completou.
O encontro contou com dois painéis principais. O primeiro, “Visão estratégica, geopolítica, cultura institucional e ambiente de negócios da China”, explorou fatores culturais e institucionais que influenciam o relacionamento comercial entre os países. O segundo, “Perspectivas do varejo, ecossistemas de inteligência artificial e crossborder na China”, abordou a evolução do varejo chinês, o papel da inteligência artificial e as oportunidades do comércio eletrônico transfronteiriço. A moderação foi conduzida por Adriana de Azevedo Silva, diretora do Departamento de Comércio e Serviços (Decos) do MDIC, e Cristina Franco, da Associação Brasileira de Franchising (ABF).
O secretário-adjunto de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Luís Felipe Giesteira, reforçou a relevância geopolítica da relação bilateral. Segundo ele, “falar de e-commerce é falar de futuro. Brasil e China são economias centrais no comércio internacional e seguirão ampliando sua influência nas próximas décadas”. Giesteira lembrou ainda que a China é o principal parceiro comercial do Brasil e o terceiro maior investidor estrangeiro no país, com destaque para infraestrutura, indústria e tecnologia.
Comércio exterior e oportunidades de expansão
A diretora do Departamento de Promoção das Exportações e Facilitação do Comércio do MDIC, Janaína Batista, destacou que o comércio exterior é um motor de desenvolvimento econômico e social. Ela citou a Política Nacional da Cultura Exportadora (PNCE), criada em 2023, que articula órgãos públicos e entidades privadas para ampliar o acesso de empresas brasileiras ao mercado internacional. “Nosso trabalho é construir pontes entre o governo, o setor produtivo e as plataformas digitais, estimulando a inserção de mais empresas no comércio exterior”, explicou.
Janaína também mencionou o estudo “Análise Socioeconômica do Comércio Brasil–China”, que aponta a necessidade de diversificar a pauta exportadora brasileira. “O comércio eletrônico tem papel central nessa transformação. Ele pode diversificar nossa pauta e abrir novas portas para empresas de diferentes regiões e perfis”, disse. De Pequim, Julieta Fan, representante da ApexBrasil para a Ásia-Pacífico, apresentou um panorama do e-commerce chinês, que movimentou cerca de 9 trilhões de yuans em 2024. Segundo ela, “o público chinês valoriza autenticidade, origem e reputação, fatores que abrem espaço para os produtos brasileiros, reconhecidos pela qualidade e identidade própria”.
Adriana de Azevedo Silva, diretora do Departamento de Comércio e Serviços do MDIC, destacou ainda a importância do diálogo entre o setor público e privado, reforçando que o workshop, realizado no âmbito do Grupo Técnico de Comércio Eletrônico do Fórum MDIC de Comércio e Serviços, buscou aprofundar a compreensão do potencial do comércio eletrônico cross-border e municiar o setor público para construir uma agenda consistente sobre o tema.
Estratégias de entrada e inspiração no mercado chinês
O segundo painel trouxe exemplos práticos de inserção no mercado digital da China. Roberto Pamplona, diretor da Novo Mel, relatou a experiência da empresa na plataforma Tmall Global, do grupo Alibaba, e destacou a importância do planejamento, da adaptação cultural e das estratégias de marketing digital. Cristina Franco, presidente do Conselho da ABF, apontou o protagonismo chinês na integração entre tecnologia e varejo digital. “Com 1,42 bilhão de habitantes e alta penetração de e-commerce, o país é referência mundial em inovação e consumo digital”, disse.
A diretora executiva da Vallya Agro, Larissa Wachholz Cabral, ressaltou a velocidade de transformação do mercado chinês, mencionando o avanço da chamada economia de baixa altitude, que inclui entregas por drones diretamente nas residências. Ela também destacou a importância de uma atuação institucional articulada para otimizar o uso de recursos públicos e viabilizar soluções com apoio governamental, mesmo diante de restrições orçamentárias.
Encerrando o painel, o presidente da Abiacomm, André Iizuka, afirmou que a inteligência artificial já é uma infraestrutura essencial nos negócios e elemento central da rota digital Brasil–China. “A China integra governo, empresas e tecnologia em um ecossistema robusto, que serve de inspiração para a digitalização do comércio brasileiro”, concluiu.
O workshop integra a agenda do Fórum MDIC de Comércio e Serviços, que busca ampliar o diálogo entre governo e setor produtivo e fortalecer a presença do Brasil nos fluxos globais de comércio digital.