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Pressão econômica altera prioridades de consumo no Brasil, mostra pesquisa

Por: Amanda Lucio

Jornalista e Repórter do E-Commerce Brasil

O estudo “Escolhas sob Pressão”, realizado pela MindMiners com 2 mil pessoas de todas as regiões do país, revelou que os brasileiros continuam consumindo, mas de forma mais criteriosa e estratégica diante das dificuldades econômicas.

Mulher adulta comprando frutas e vegetais no mercado
(Imagem: Envato)

Renda e instabilidade

  • 60% vivem com até três salários mínimos;
  • 27% possuem renda variável sem estabilidade mensal;
  • 22% relatam alta instabilidade financeira;
  • Nos últimos seis meses, 61% mantiveram renda estável, 19% tiveram queda e 20% registraram aumento.

Mulheres relataram maior endividamento e percepção de queda de renda. Apenas 20% possuem reserva financeira superior a seis meses sem renda, enquanto 44% não têm poupança alguma.

Estratégias de consumo

  • 94% perceberam aumento de preços.
  • 62% trocam marcas em alimentos, 57% em beleza, 38% em saúde e 30% em transporte.
  • Cortes totais aparecem em lazer e cultura (25%) e transporte (12%).
  • O parcelamento e o crédito se tornaram recursos de sobrevivência: 57% possuem dívidas ativas, sendo 36% em cartão de crédito.

Nos últimos 12 meses, 31% recorreram a crédito, principalmente para quitar dívidas e manter despesas básicas. Entre os gatilhos para endividamento estão uso de economias para gastos essenciais (26%), despesas imprevistas de saúde ou educação (25%) e dificuldade de manter contas básicas (16%).

O que permanece essencial

Itens básicos de alimentação, como arroz (73%), feijão (68%), ovos (65%), leite e café seguem prioritários. Em higiene, 56% apontaram produtos de uso pessoal e 53% shampoo e condicionador como indispensáveis. Em saúde, medicamentos contínuos (35%) e consultas básicas (30%) se mantêm intocáveis.

Mudanças nas marcas

A pressão financeira reduziu a preferência por marcas líderes:

  • Alimentos: Sadia (21% - 6%), Nestlé (13% - 3,5%), Perdigão (11% - 4,5%). Aurora ganhou espaço no top 5;
  • Bebidas: Coca-Cola (26% - 10%), Heineken (6% - quase zero), Antarctica (4% - 3,5%);
  • Beleza: O Boticário (15,5% - 7%), Natura (14% - 9%), Avon (7% - 9%);
  • Moda: Renner (10% - 6%), C&A (9% - 6%), Riachuelo (8% - 5%), enquanto SHEIN e Shopee alcançaram 4% cada.

Estratégias de sobrevivência

  • Substituição inteligente: 62% optam por marcas mais baratas em alimentos e 57% em beleza;
  • Cortes cirúrgicos: 25% eliminaram lazer e cultura;
  • Otimização de compras: 50% pesquisam preços antes de comprar e 36% migraram para atacarejos e feiras;
  • Planos adiados: 63% adiaram viagens, reformas ou troca de carro.

Perfis de consumo

A pesquisa identificou quatro perfis principais:

  • Mãe Protetora (25%): corta gastos pessoais, mas preserva cuidados com a família;
  • Endividado Racional (35%): foca apenas no essencial, com disciplina financeira;
  • Jovem Adaptável (20%): troca marcas facilmente e busca promoções;
  • Fiel Emocional (20%): mantém marcas de valor simbólico, mesmo sob pressão.

De acordo com Danielle Almeida, CMO da MindMiners, o consumidor brasileiro está mais pragmático e criterioso, mas mantém conexão emocional com suas escolhas. Marcas que combinarem acessibilidade, funcionalidade e empatia terão vantagem competitiva no cenário atual.