O estudo “Escolhas sob Pressão”, realizado pela MindMiners com 2 mil pessoas de todas as regiões do país, revelou que os brasileiros continuam consumindo, mas de forma mais criteriosa e estratégica diante das dificuldades econômicas.

Renda e instabilidade
- 60% vivem com até três salários mínimos;
- 27% possuem renda variável sem estabilidade mensal;
- 22% relatam alta instabilidade financeira;
- Nos últimos seis meses, 61% mantiveram renda estável, 19% tiveram queda e 20% registraram aumento.
Mulheres relataram maior endividamento e percepção de queda de renda. Apenas 20% possuem reserva financeira superior a seis meses sem renda, enquanto 44% não têm poupança alguma.
Estratégias de consumo
- 94% perceberam aumento de preços.
- 62% trocam marcas em alimentos, 57% em beleza, 38% em saúde e 30% em transporte.
- Cortes totais aparecem em lazer e cultura (25%) e transporte (12%).
- O parcelamento e o crédito se tornaram recursos de sobrevivência: 57% possuem dívidas ativas, sendo 36% em cartão de crédito.
Nos últimos 12 meses, 31% recorreram a crédito, principalmente para quitar dívidas e manter despesas básicas. Entre os gatilhos para endividamento estão uso de economias para gastos essenciais (26%), despesas imprevistas de saúde ou educação (25%) e dificuldade de manter contas básicas (16%).
O que permanece essencial
Itens básicos de alimentação, como arroz (73%), feijão (68%), ovos (65%), leite e café seguem prioritários. Em higiene, 56% apontaram produtos de uso pessoal e 53% shampoo e condicionador como indispensáveis. Em saúde, medicamentos contínuos (35%) e consultas básicas (30%) se mantêm intocáveis.
Mudanças nas marcas
A pressão financeira reduziu a preferência por marcas líderes:
- Alimentos: Sadia (21% - 6%), Nestlé (13% - 3,5%), Perdigão (11% - 4,5%). Aurora ganhou espaço no top 5;
- Bebidas: Coca-Cola (26% - 10%), Heineken (6% - quase zero), Antarctica (4% - 3,5%);
- Beleza: O Boticário (15,5% - 7%), Natura (14% - 9%), Avon (7% - 9%);
- Moda: Renner (10% - 6%), C&A (9% - 6%), Riachuelo (8% - 5%), enquanto SHEIN e Shopee alcançaram 4% cada.
Estratégias de sobrevivência
- Substituição inteligente: 62% optam por marcas mais baratas em alimentos e 57% em beleza;
- Cortes cirúrgicos: 25% eliminaram lazer e cultura;
- Otimização de compras: 50% pesquisam preços antes de comprar e 36% migraram para atacarejos e feiras;
- Planos adiados: 63% adiaram viagens, reformas ou troca de carro.
Perfis de consumo
A pesquisa identificou quatro perfis principais:
- Mãe Protetora (25%): corta gastos pessoais, mas preserva cuidados com a família;
- Endividado Racional (35%): foca apenas no essencial, com disciplina financeira;
- Jovem Adaptável (20%): troca marcas facilmente e busca promoções;
- Fiel Emocional (20%): mantém marcas de valor simbólico, mesmo sob pressão.
De acordo com Danielle Almeida, CMO da MindMiners, o consumidor brasileiro está mais pragmático e criterioso, mas mantém conexão emocional com suas escolhas. Marcas que combinarem acessibilidade, funcionalidade e empatia terão vantagem competitiva no cenário atual.