Logo E-Commerce Brasil

Retail media cresce no Brasil e reforça disputa por destaque nas buscas do e-commerce

Por: Lucas Kina

Jornalista e produtor de Podcasts no E-Commerce Brasil

O avanço do retail media está intensificando a competição por visibilidade no e-commerce brasileiro. Levantamento Retail Media Insights 2024, aponta que 64% das grandes empresas já utilizam retail media, com a Amazon como canal preferido para 81% das marcas, seguida por Mercado Livre (62%) e Magalu (29%).

Retail media cresce no Brasil e reforça disputa por destaque nas buscas do e-commerce
(Imagem: Envato)

A pesquisa analisou o ranqueamento de produtos na Amazon Brasil entre outubro de 2024 e março de 2025, considerando as 30 primeiras posições — orgânicas e patrocinadas — em quatro categorias: alimentos e bebidas; higiene e cuidados pessoais; saúde e bem-estar; e limpeza. Foram aplicadas técnicas de machine learning e SHAP para identificar os principais fatores que influenciam a posição de um item nas buscas.

Embora o investimento em mídia paga esteja em alta, o estudo reforça que compreender o funcionamento do algoritmo e as estratégias de ranqueamento orgânico continua sendo essencial. Na Amazon, 86% das vendas se concentram nos dez primeiros resultados de busca, e 70% dos consumidores iniciam a jornada de compra pela barra de pesquisa interna.

Segundo Cynthia Prado Andrade de Menezes, gerente sênior de Estratégias Digitais da Neogrid, o monitoramento confirma a lógica do ciclo de retroalimentação. “Produtos que aparecem no topo vendem mais e produtos que vendem mais continuam no topo. As marcas precisam dominar essa dinâmica para garantir presença e performance”, diz.

Preço competitivo com equilíbrio

Itens com preços ligeiramente abaixo da mediana dos concorrentes apresentaram melhor desempenho. Preços muito baixos, além de despertarem desconfiança, podem não corresponder às expectativas geradas pelas palavras-chave buscadas. Já valores excessivamente altos reduzem a competitividade.

Avaliações

A análise mostra que produtos com nota média de 4,9 estrelas superam aqueles com nota máxima. Uma leve imperfeição aumenta a percepção de autenticidade. Avaliações acima de 4,7 têm impacto positivo, com 4,9 sendo o ponto ótimo. O volume de reviews é tão ou mais importante que a nota: produtos com boa avaliação, mas poucos comentários, tendem a ter menor visibilidade que concorrentes com mais feedbacks. Já avaliações entre 1 e 3,2 estrelas prejudicam fortemente a performance.

O cenário é reforçado por dados da pesquisa “Dados sobre Consumo e Fidelização no Brasil”, feita pela Neogrid em parceria com o Opinion Box. O relatório mostra que 60% dos consumidores brasileiros consideram a experiência em sites e aplicativos “muito importante” na decisão de compra.

Conteúdo

O uso moderado de palavras-chave no título e na descrição contribui para a conversão, mas não é determinante para o ranqueamento. Produtos com menos imagens secundárias tiveram desempenho orgânico superior, indicando que o excesso de fotos pode prejudicar a posição. O estudo conclui, então, que o conteúdo visual e textual influencia mais a decisão de compra do consumidor do que a mecânica do algoritmo.

Para Menezes, o domínio dessa combinação — retail media, algoritmo, preço, avaliações e conteúdo — define quem mantém relevância nas prateleiras digitais. “A visibilidade virou moeda no e-commerce. Quem não aparece, não vende”, afirma.