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Com aumento na procura por carros, setor automotivo se destaca no Mapa da Fraude 2021

Por: Dinalva Fernandes

Jornalista

Jornalista na E-Commerce Brasil. Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada em Política e Relações Internacionais pela FESPSP. Tem experiência em televisão, internet e mídia impressa.

A ClearSale, empresa especializada em soluções antifraude, apresentou nesta quarta-feira (2) o Mapa da Fraude 2021. Celulares e eletrônicos seguem em primeiro e segundo lugares, respectivamente, nas categorias que mais sofrem tentativas de fraude, como costumam configurar nos demais anos. Nesta edição, destaca-se o setor automotivo em terceiro lugar, em um ano em que a procura por carros aumentou consideravelmente.

De acordo com Marcelo Queiroz, head de Estratégia de Mercado da ClearSale, nesta categoria, são consideradas peças automotivas, e a principal hipótese para explicar esse aumento é o crescimento na demanda global por veículos no segundo ano de pandemia de Covid-19. Como carros usados requerem mais manutenção, a procura por peças aumentou. “Esse setor ganhou certa representatividade porque houve uma retomada na procura por carros ao longo de 2021, seja pela venda ou manutenção de veículos, principalmente os usados”. 

A categoria de produto mais fraudado segue sendo a dos celulares. Da totalidade de compras desta categoria, 5,61% dos pedidos foram possíveis fraudes. Produtos eletrônicos (5,11%) e Automotivos (3,13%) aparecem na sequência do levantamento. 

Fonte: ClearSale

Segundo a empresa, o processo de fraude só faz sentido para o fraudador se ele conseguir instrumentalizar a fraude em benefício financeiro, por isso itens pequenos e de grande valor agregado costumam ser mais atrativos, como celulares e eletrônicos. O aparelho celular oferece grande liquidez no mercado secundário, podendo ser facilmente revendido para gerar lucro rápido, além de serem fáceis de transportar. “É muito mais fácil revender um celular do que uma geladeira, por exemplo. Por isso ele costuma liderar a lista de produtos com mais tentativas de fraude”, explica Queiroz.

A companhia considera tentativas de fraude todas as transações que, por algum motivo, foram classificadas como suspeitas ou que foram confirmadas como fraude. Porém, a companhia ressalta que não necessariamente resultaram em prejuízos, já que a maioria das tentativas de fraude é barrada por nossos sistemas de proteção.

Para traçar este mapeamento, a empresa analisou mais de 375,5 milhões transações realizada entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2021. Para o e-commerce, foram considerados apenas pagamentos via cartão de crédito.

O Mapa da Fraude 2021

As tentativas de fraude em 2021 continuam crescendo, mesmo após o boom de 2020 ocasionado principalmente pelo crescimento exponencial do comércio eletrônico na pandemia. Vários segmentos como e-commerce, vendas diretas, telecomunicações e mercado financeiro, sofreram ainda mais tentativas de fraudes em 2021 do que em 2020. Ao total, foram evitados R$ 5,8 bilhões de transações potencialmente fraudulentas, segundo o Mapa da Fraude. O valor representa um aumento de 58% em relação ao ano anterior.

Fonte: ClearSale

Segundo a ClearSale, as tentativas de fraude cresceram proporcionalmente relacionadas ao volume de pedidos, principalmente por conta da aceleração dos mercados digitais, que inclui o e-commerce. Em 2020, foram 3,5 milhões de tentativas de fraude, totalizando R$ 3,6 bilhões em 267 milhões de pedidos — uma porcentagem de 1,3%. Já em 2021, foram 6,1 milhões de tentativas de fraude, totalizando R$ 5,8 bilhões em 320,8 milhões de pedidos — uma porcentagem de 1,9%. 

No comparativo entre os anos, a quantidade das tentativas de fraude aumentou mais de 74%. O valor dos pedidos que, em 2020, era de R$ 127 bilhões foi para R$ 167 bilhões, crescimento de 58%. Houve um aumento de mais de 20% no número de pedidos de um ano para outro.

“2021 também teve aceleração porque continuam crescendo a quantidade de pedidos e os valor das compras, assim como o número de pessoas não digitalizadas ou com pouca experiência em comprar online. Isso tudo aumenta o risco do mercado. Além da questão digital, o fraudador aproveita do contexto social e de motivações emocionais para encontrar brechas. Poucas pessoas têm senhas formas, por exemplo, e clicam em links de promoções absurdas. O cliente final é o elo mais fraco. Por isso as empresas precisam de mais recursos robustos para evitar as fraudes”, alerta o executivo.

Regiões e gêneros

A região Norte, assim como em todo 2020, segue com o maior índice de tentativas de fraude sobre a quantidade total de transações: em 2021, 3,92% dos pedidos na região foram alvo de ataques. Na sequência, aparecem Centro-Oeste com 2,51% e Nordeste com 2,45% e, por fim, Sudeste e Sul completam com 2,11% e 1%, respectivamente. Essa análise é feita baseada no endereço de entrega do produto, não no de compra.

O mapa mostra que os homens foram mais vítimas de fraude do que mulheres em 2021. Em relação ao total de pedidos, o público masculino sofreu com 3,03% de tentativas de fraude versus 1,36% das mulheres. Analisando por faixa etária, pessoas até 25 anos foram as mais visadas. Esses dados são obtidos a partir de informações preenchidas em cadastros.

Segundo Queiroz, o fraudador que comete a fraude limpa – ou efetiva – não é aquele adolescente ou pessoa inexperiente que tenta aplicar golpes na madrugada. “As fraudes são realizadas por quadrilhas especializadas, o que explica que a maior parte delas são feitas no horário comercial e em dias da semana”. Confira os principais tipos de fraude:

  • Fraude limpa/efetiva: O fraudador realiza a compra na loja virtual e, na hora de pagar, utiliza dados roubados de cartões de crédito de bons consumidores.
  • Fraude amigável: ocorre quando alguém próximo ao titular do cartão, geralmente parentes ou amigos, faz uma compra sem o consentimento do mesmo. Ao receber sua fatura, o dono do cartão não reconhece a compra e entra em contato com a instituição financeira para pedir o estorno.
  • Autofraude: diferente dos demais tipos de fraudes no e-commerce, a autofraude é uma ação realizada pelo próprio titular do cartão. Nesse caso, ele realiza a compra online e, dentro do prazo da instituição financeira de 180 dias, contesta o lançamento, alegando que não fez a compra, mesmo já tendo recebido o produto.

Fraudes em datas comemorativas

Quando o assunto é datas comemorativas, o Dia das Crianças foi o período que mais sofreu com ataques: 2,52% do total de tentativas de fraudes. Em seguida, estão Dia dos Pais (2,25%), Natal (2,11%), Dia dos Namorados (1,97%) e Dia das Mães (1,91%). “Existe aumento nas tentativas de fraude na Black Friday dado a todo o contexto de promoções, mas o aumento ocorre sobretudo nos pedidos verdadeiros, por isso o percentual fica reduzido a ponto de não figurar entre as datas mais visadas. Uma das hipóteses para aumento de fraudes em outras datas é a questão emocional”, esclarece Queiroz.

Fonte: ClearSale

Por Dinalva Fernandes, da redação do E-Commerce Brasil

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