A Linx afirmou nesta segunda-feira (17) que executivos da empresa tiveram contatos preliminares com a Totvs entre 31 de julho e 4 de agosto, mas que estes informaram que qualquer proposta pela empresa de software para o varejo demoraria semanas para ser apresentada.
Na sexta-feira (14), a Totvs fez oferta de R$ 6,1 bilhões pela rival Linx, competindo com a oferta feita esta semana pela empresa de pagamentos Stone.
A provedora de software para varejo se disse “surpreendida” com a proposta da Totvs e que, quando o seu conselho de administração aprovou a oferta da Stone no dia 10, “não havia qualquer expectativa ou elemento concreto a respeito de uma eventual proposta da Totvs” que justificasse levar o tema ao conhecimento do colegiado.
A empresa reiterou que conselheiros independentes avaliarão a proposta da Totvs, mas afirmou que notificou a companhia para que “interrompa imediatamente a utilização sem autorização da marca da Linx em suas divulgações”.
Oferta da Totvs supera a da Stone
A oferta, com um prêmio cerca de 1% sobre a proposta da Stone, fez as ações da Linx fecharem em alta de 12,6%, sugerindo que investidores esperam que a Stone, cujo valor de mercado é mais que quatro vezes a da Totvs, faça uma oferta melhorada.
“Tanto na oferta da Totvs como em uma potencial nova proposta da StoneCo os acionistas devem ter direito a capturar sinergias e não só os controladores”, observou Ricardo Campos, diretor de investimentos da Reach Capital, não descartando também que uma terceira empresa ainda faça uma proposta.
A alta das ações também pode refletir o sentimento superior do investidor em relação à oferta da Totvs, após investigação de reguladores e de críticas de acionistas em relação à oferta da Stone por oferecer termos diferenciados a executivos da Linx.
A Totvs, cujas ações fecharam em queda de 0,4%, disse que a fusão combinará sua força nos setores de manufatura, logística, distribuição, serviços e agronegócio com a forte presença da Linx no varejo. A ação da Stone caiu 1,6% na Nasdaq.
A oferta da Totvs envolve 1 ação da empresa e R$ 6,20 por ação da Linx, avaliando-a Linx em R$ 34,09 por ação. Pela proposta, válida por 30 dias, a Totvs seguirá como empresa listada. O acordo daria aos acionistas da Linx participação de 24% na Totvs.
A proposta da Stone, que está sendo sob análise da CVM, foi criticada por acionistas da Linx porque o presidente-executivo e membros do conselho de administração receberiam mais de R$ 300 milhões cada em acordos de retenção e não concorrência.
Batalha de ofertas pela Linx
Em carta ao conselho da Linx, o presidente da Totvs, Dennis Herszkowicz, e o presidente do conselho Laércio Cosentino, disseram que conversaram com o vice-presidente e com o presidente-executivo da Linx para anunciar um acordo entre as empresas em 11 de agosto, quando foram surpreendidos pelo anúncio do acordo da Linx com a Stone.
Os executivos da Totvs disseram que contestarão uma multa de R$ 605 milhões em caso de rescisão do acordo com a Stone.
“(Isso) é inconsistente com os interesses dos acionistas minoritários da Linx, que não se beneficiarão de pagamentos adicionais (aos executivos)”, disse Totvs na carta.
Os analistas do Credit Suisse citaram a taxa de rescisão como um risco para a oferta da Totvs.
Em nota no final da tarde, a Linx afirmou que sua administração “procederá em acordo com seu dever fiduciário e analisará a nova oferta, por meio de processo formal a ser conduzido sob responsabilidade exclusiva de seus conselheiros independentes”.