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Traduções ruins fazem 40% dos brasileiros repensarem suas compras online

Por: Amanda Lucio

Jornalista e Repórter do E-Commerce Brasil

A América Latina tem cerca de 300 milhões de compradores on-line, transformando-se em uma das regiões mais promissoras do mundo para as empresas de comércio eletrônico internacionais. Só que é preciso prestar atenção com as traduções das descrições dos produtos, segundo uma pesquisa recente da Sherlock Communications. Ao analisar seis países da região, cerca de 77% dos entrevistados desistiram de comprar em empresas internacionais devido à qualidade dos textos como traduções automáticas e imagens diferentes das descrições.

(Imagem: Freepik)

O relatório “Papo Furado – Como erros de comunicação impactam nas vendas” entrevistou mais de 3.100 participantes na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru, para identificar as preferências dos consumidores e o como a comunicação impacta nas decisões de compra dos consumidores.

Os motivos

Só no Brasil, 40% dos consumidores disseram que desistiriam de uma compra online devido a traduções ruins para o português. Quando perguntados sobre como se sentiram em relação às empresas depois dos problemas no site, as respostas foram:
43% – Perderam a confiança na empresa em questão
40% – Sentiram medo de ser um golpe
27% – Compraram do concorrente
11% – Alertaram aos amigos para não realizarem compras no e-commerce

A média de gastos anuais com compras online nos seis países observados é de US$ 587, com os brasileiros chegando a US$ 656. Entretanto, traduções inadequadas podem afetar negativamente as lojas. Alguns sites do e-commerce internacional afirmaram que perderam, em média, US$ 154 por cliente, apenas porque o site não estava adequado o suficiente para compreensão.

Os setores de moda são os que mais sofrem o impacto dos erros na comunicação, pois 28% dos entrevistados latino-americanos decidiram não comprar em seus sites. Enquanto 18% disseram que esse tipo de erro em sites de varejo foi fundamental para repensar a compra. Já os sites de saúde e beleza contaram com 16% e os sites de entretenimento ou jogos ficaram com 14%.

As traduções erradas também influenciam a reputação das empresas. Os brasileiros informaram que ao notar erros em artigos online, 30% disseram que não confiariam no artigo ou empresa nele mencionada, enquanto 8% se sentiram insultados.

Erros em anúncios

Uma das formas dos sites chegarem aos consumidores é por meio de anúncios e resultados de pesquisa online. O relatório identificou que quatro em cada cinco entrevistados (79%) em toda a América Latina evitam clicar em anúncios de empresas internacionais devido às mensagens inadequadas. Outros 37% não acessaram os anúncios que tinham traduções de má qualidade para a sua língua nativa, porque suspeitavam que poderiam ser fraudes. No Chile, essa resposta se destacou como a opção de 42% dos entrevistados, que disseram não clicar em traduções mal feitas para o espanhol.

Na avaliação dos resultados de mecanismos de pesquisa, a relação com os consumidores também é delicada, com as primeiras impressões e erros de comunicação desencorajando a interação. Cerca de 79% dos latino-americanos optaram por não clicar em resultados de busca ou redes sociais ao procurarem produtos ou serviços, devido a falhas nas mensagens.

Para os brasileiros, a desconfiança na tradução para o português (28%) e na exibição de valores em outras moedas além do real (26%) foram as principais razões para evitar clicar nos resultados. Em geral, a pesquisa destacou que os consumidores latino-americanos não gostam de publicações com os preços em moedas estrangeiras, enfatizando a preferência por informações de preço na moeda local. Com isso, o relatório chama a atenção para a empresas internacionais, que devem reconhecer a importância de fornecer essas informações de maneira acessível aos consumidores na América Latina.