O fim de 2015 superou as expectativas do e-commerce brasileiro, com um aumento nas vendas de Black Friday e Natal na casa de 38% e 26%, respectivamente, representando um faturamento de R$ 1,6 bilhões e R$ 7,4 bilhões, de acordo com dados do E-bit/Buscapé. Entretanto, a virada de ano costuma trazer uma notícia nada boa para os varejistas: os chargebacks, que são o estorno de vendas feitas no crédito e que não foram reconhecidas pelos clientes na fatura, geralmente em decorrência de compras fraudulentas realizadas com os dados válidos do cartão.
Diante desse cenário, o e-commerce precisa ficar bastante atento. Para tentar reverter essa situação, listei cinco dicas para ajudar profissionais a conter o “sangramento” financeiro que seu negócio pode sofrer enquanto não implementa uma solução antifraude capaz de barrar os golpes online. A ideia é fazer com que a sua loja não inicie o ano de 2016 já comprometida por um prejuízo considerável.
1. Não entre em pânico
Sim, este é um passo muito importante. É preciso manter a calma e saber que o pior, infelizmente, ainda está por vir. A fraude no cartão de crédito demora de 30 a 90 dias para ser percebida pelo consumidor, até ele notar cobranças indevidas na fatura e entrar em contato com o banco para solicitar o estorno e o cancelamento do cartão.
Isso significa que fraudadores têm uma janela muito grande para “trabalhar” após obterem os dados válidos de um cartão e descobrirem uma brecha na segurança dos e-commerces. E eles não têm dó: pisam no acelerador e fraudam o máximo que conseguem.
Quando o problema da fraude começar a dar as caras, o e-commerce deve já se preparar: o cenário pode ficar ainda pior, e os chargebacks vão aparecer por mais dois meses, comprometendo uma fatia considerável do faturamento. Então, respire fundo e separe um orçamento para cobrir o prejuízo que virá.
2. Filtro por tipo de produto
Depois de manter a calma você está pronto para começar a agir. Agora prepare-se: vai ser necessário apertar o cinto para proteger a saúde da sua loja virtual. Recomendamos que você aplique alguns “filtros” para poder detectar as transações com mais chances de serem fraudes, e o primeiro deles é bastante óbvio: o tipo de produto.
Qual é o seu produto/serviço mais caro? Ou o mais cobiçado? Ou o que tem mais probabilidade de ser revendido? As respostas para essas perguntas podem dar um bom indício sobre os pedidos que devem ter atenção redobrada durante este momento emergencial. Tome cuidado com os principais itens do seu e-commerce: afinal de contas, os fraudadores não cometerão crimes para comprar um pacote de balas de hortelã ou uma caneta esferográfica, certo?
3. Filtre os pedidos de maior valor
Às vezes um pedido fraudulento não envolve somente um item bastante cobiçado, mas um “ponto fora da curva” pode ser um bom indício para levantar suspeitas. Por isso, olhe para as métricas internas e encontre o ticket médio de sua loja online (ou seja: quanto um cliente gasta em média por compra?).
Se um cliente costuma gastar R$ 200,00 quando realiza uma compra na sua loja, qual seria a sua primeira reação se, um dia chegasse um pedido no valor de R$ 10.000,00?
Dá vontade de comemorar (e muito), certo? Mas é melhor ir com muita calma.
Às vezes, a euforia de “vender bastante” e ter um lucro espetacular pode nublar a nossa visão. Recomendamos que você separe todos os pedidos que tenham um valor muito mais alto que o seu ticket médio e revise-os com mais atenção.
4. Atenção com os fretes expressos
Criminosos não estão dispostos a esperar muitos dias úteis para a chegada de um produto: ele quer receber a encomenda o mais rápido possível. Por isso, é muito provável que ele escolha a opção de entrega imediata (e também a mais cara, afinal, não é ele quem vai pagar por isso).
É importante destacar que não estamos sugerindo que você retire a opção de frete expresso da sua loja, apenas que fique mais atento quando um cliente escolher este tipo de entrega. Este é um filtro bastante sutil, mas capaz de detectar algumas compras ilegítimas.
5. Desconfie das coincidências
Fique atento aos pedidos que chegam com os dados repetidos, principalmente informações de endereço de entrega e telefone para contato – afinal, um criminoso pode ter dados de milhares de cartões e milhares de CPFs, mas ele certamente não terá dezenas de números de telefone ou de endereços para receber as entregas.
Confira tudo com muita atenção. Coincidências, neste contexto, não existem para o e-commerce, mas sim são evidências.
Essas são algumas dicas que podemos dar que vão “estancar” o sangramento que os golpes com cartão de crédito causaram à sua empresa e colocar a operação em um modo de segurança enquanto não implementa uma solução antifraude que, de fato, vai conseguir barrar as transações que têm maior chance de se tornarem um chargeback. Dessa forma será possível observar possíveis falhas, propor soluções inteligentes e recolocar a empresa nos trilhos.