Instagram era apenas um promissor aplicativo de compartilhamento de fotografias e aplicação simplificada de filtros. Atualmente, é uma das principais máquinas de divulgação e vendas digitais do mundo, com ferramentas de comércio eletrônico integradas.
A transformação do Instagram em uma monumental ferramenta de marketing aconteceu devido tanto a adaptações a tendências quanto a inovações próprias. Neste artigo, repassamos como a ascensão do Instagram acompanhou o desenvolvimento do comércio social.
O que é comércio social
Aproveitando a lógica interativa e imediata das redes sociais, o comércio social reúne práticas que potencializam as relações entre empresas e consumidores.
Empresas que anunciam e vendem produtos por meio de redes sociais como Facebook, Instagram e TikTok praticam o comércio social. Pelo lado do consumo, mecanismos de busca internos e feeds organizados por um algoritmo que “conhece” os usuários facilitam encontrar produtos e adquiri-los a qualquer momento.
Já os anunciantes se beneficiam de uma vitrine mundial ativa em tempo permanente e da possibilidade de atingir novos públicos sem muito esforço, com anúncios relativamente baratos. No Brasil, a adesão recente da população às compras digitais turbina os ganhos do comércio social.
De acordo com um levantamento da empresa de análise de mercado digital App Annie de 2021, os brasileiros figuravam como o povo no mundo que mais passava horas do dia diante do celular: quase cinco horas e meia por dia em média. Desse tempo, sete de cada dez minutos eram dedicados a acessar redes sociais.
A transformação no Instagram
Em 2007, o Facebook lançou sua plataforma de anúncios. Criada em 2004, essa rede social modificou definitivamente o destino das redes sociais digitais e moldou essencialmente o funcionamento do comércio social.
Percebendo seu potencial como plataforma comercial, intermediando interessados em comprar e vender, o Facebook alavancou sua expansão facilitando anúncios no meio digital. Para isso, desenvolveu um modelo próprio de leilões automatizados.
A eficiência desse sistema em segmentar o público-alvo realmente interessado nos anúncios, e em veicular a publicidade com maior chance de obter atenção de consumidores em potencial, é um grande trunfo do modelo de negócio do Facebook.
Em 2012, a empresa adquiriu o Instagram e adaptou a marca seguindo essa lógica. A interface altamente visual, a marcação e a organização de conteúdo por tags para pesquisa e a personalização das imagens com filtros permitiram um tipo de interação muito prazerosa e imediata, ideal tanto para o lazer quanto para vendas.
Sob o comando do Facebook, o Instagram foi redesenhado gradualmente para simplificar a interface e estimular a interatividade: curtidas nos comentários e a adição de vários formatos de vídeo – primeiro curtos e depois mais longos, por exemplo.
As lojas virtuais nos perfis comerciais, as transmissões ao vivo e as postagens em parceria são algumas das adições mais recentes e efetivas para estreitar laços de marcas com clientes e alavancar vendas.
Além disso, foi no Instagram que grandes marcas, celebridades e pessoas carismáticas estreitaram laços, gerando os influenciadores digitais. Hoje, eles são intermediários para cultivar uma relação real com compradores, mas também atrações para grandes públicos, inclusive em outras redes sociais.
Obstáculos e oportunidades no comércio eletrônico
Imaginando o comércio eletrônico como uma jornada virtual do consumidor, o comércio social pode ser entendido como uma trilha importante. Ela corresponde à parte de anúncios e é atravessada exclusivamente num aplicativo de rede social.
Às vezes, o Instagram é mais eficaz do que os sites das próprias marcas para procurar, filtrar, visualizar e escolher produtos de maneira natural antes da venda. Atualmente, o grande desafio para a plataforma é integrar ferramentas comerciais ao conteúdo e ao lazer da forma mais natural possível.
Essa preocupação pode ser observada tanto na adição de recursos (como Reels ou stories) quanto na eliminação de outros: em 2023, tanto a aba de Compras quanto a possibilidade de colocar tags nos produtos em transmissões ao vivo foram removidas. Apesar disso, as funcionalidades receberam outra roupagem na plataforma, que a empresa julgou serem mais intuitivas.
Além disso, as vendas pelo app encontram outros obstáculos externos. Muitas pessoas em países com acesso restrito ao aplicativo têm que recorrer a VPNs ou descobrir outras formas de como desbloquear o Instagram para eventualmente serem impactadas por impressões de marcas.
Entre obstáculos e adaptações, a perspectiva da Meta agora é de perseguir a eficiência na publicidade, tendo registrado uma diminuição nos valores gastos com anúncios, mas um aumento de 20% nas conversões no quarto trimestre de 2022 comparado ao ano anterior. Nesse momento, o Instagram ainda deve cumprir um papel relevante.