Eu já vi muitas empresas crescerem rapidamente e, do mesmo jeito, desmoronarem por dependerem de um único canal de vendas. É tentador dobrar a aposta no que está funcionando, mas a realidade é que qualquer mudança no algoritmo, no comportamento do consumidor ou nos custos da plataforma pode desestabilizar todo o faturamento.

Por isso, sempre defendi a ideia de distribuir melhor as fontes de tráfego e conversões. Quando conseguimos um equilíbrio saudável, o crescimento do negócio se torna sustentável e previsível.
Agora, um número interessante para se ter como referência é o famoso 30%. Essa métrica não é uma regra absoluta, mas funciona como um bom indicativo de que nenhum canal está dominando demais a operação.
Se um canal começa a passar desse percentual, pode ser um alerta para diversificar melhor as vendas. Mas como fazer isso na prática?
Monitoramento contínuo e ajustes estratégicos
Antes de pensar em diversificação, eu sempre começo analisando os dados. Não adianta tomar decisões no escuro. Ferramentas como Google Analytics, Meta Business Suite e CRMs especializados são essenciais para entender a taxa de conversão, o custo por aquisição (CPA) e o retorno sobre o investimento (ROAS) de cada canal.
Vamos imaginar uma empresa cuja receita esteja distribuída assim:
– Google Ads (50%)
– Meta Ads (20%)
– SEO (10%)
– E-mail Marketing e CRM (5%)
– Afiliados (5%)
– Marketplaces (5%)
– WhatsApp e vendas diretas (5%)
Nesse caso, mais da metade da receita vem de anúncios pagos no Google. Isso é um risco, pois basta um aumento no CPC (custo por clique) ou uma mudança no algoritmo para a empresa sentir o impacto. O ideal seria reduzir essa dependência, redistribuindo parte desse orçamento para outros canais.
Então, como seria um mix mais equilibrado?

Essa distribuição não precisa ser rígida, mas serve como um bom norte para reduzir riscos e criar uma base sólida de receita.
Diversificação inteligente dos canais
SEO é um dos pilares mais sólidos para diversificação. Eu vejo muitas empresas negligenciando a produção de conteúdo, mas um blog bem trabalhado pode gerar tráfego recorrente sem necessidade de investimento contínuo. Um exemplo que gosto de citar é o de uma marca de moda que começou a produzir artigos sobre tendências e, em um ano, aumentou sua receita orgânica em 85%.
Outra forma eficiente de diversificação é trabalhar com influenciadores. Marcas que apostam em criadores de conteúdo conseguem gerar vendas sem depender exclusivamente de anúncios pagos. Um case interessante é de um e-commerce de cosméticos que viu 50% das suas vendas virem de anúncios no Instagram. Para diminuir essa dependência, eles começaram a investir em microinfluenciadores, oferecendo comissões sobre as vendas. Seis meses depois, esse canal representava 20% das vendas, reduzindo os custos de mídia paga.
Otimização de investimentos em mídia paga
Se um canal domina sua estratégia, pequenos ajustes podem fazer a diferença. Digamos que seu Meta Ads esteja representando 40% das vendas. Em vez de continuar despejando dinheiro nesse canal, um caminho mais inteligente é investir parte desse orçamento em estratégias de CRM e remarketing.
Uma loja de eletrônicos que acompanhei gastava R$ 50 mil/mês em anúncios pagos. Ao destinar R$ 10 mil desse valor para automação de e-mail e campanhas segmentadas, eles mantiveram o mesmo faturamento, mas com um custo menor por conversão.
Estratégias omnichannel para integração de canais
Empresas que integram diferentes canais aumentam a retenção de clientes. Eu gosto de citar um case de uma marca de móveis que passou a utilizar o WhatsApp como canal de suporte e vendas. Como resultado, a taxa de recompra subiu 35% porque os clientes tinham uma comunicação mais direta e personalizada.
Outro exemplo é o Click & Collect, que une o digital e o físico. Um varejista do setor esportivo implementou essa estratégia e viu um aumento de 22% no fluxo de clientes nas lojas físicas, enquanto mantinha um equilíbrio saudável entre os canais de vendas.
Ajustando a estratégia ao longo do tempo
Uma coisa que aprendi ao longo dos anos é que o equilíbrio entre canais não acontece da noite para o dia. Você precisa monitorar continuamente os dados, testar novos formatos e ajustar a estratégia conforme o comportamento do consumidor.
Recentemente, vi uma marca que dependia 60% de anúncios no Google reverter essa situação em menos de um ano. Eles começaram a investir mais em SEO, aumentaram parcerias com influenciadores e fortaleceram suas campanhas de e-mail marketing. Hoje, o Google Ads representa 28% da receita, e a empresa está muito mais segura financeiramente.
Conclusão
Se existe um aprendizado que quero deixar aqui, é que diversificação é a chave para um crescimento sustentável. Empresas que equilibram seus canais constroem operações mais resilientes e preparadas para o futuro. Se sua marca ainda depende muito de um único canal, talvez seja hora de repensar essa estratégia.
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