Logo E-Commerce Brasil

Do físico ao digital: o WhatsApp como pilar da estratégia omnicanal

Por: Maurício Trezub

CEO na OmniChat

Com mais de 20 anos de experiência no varejo brasileiro como investidor, Mauricio Trezub é empresário e executivo de tecnologia e um dos maiores especialistas em chat-commerce do Brasil, fundador da OmniChat.

Ver página do autor

Por muito tempo, o varejo tratou os canais físicos e digitais como esferas paralelas. Ainda que a jornada do consumidor já fosse híbrida, as estruturas internas da maioria das empresas seguiam fragmentadas: um time cuidava das lojas, outro do e-commerce, outro do SAC – e cada um com suas metas, ferramentas e dados. O resultado era previsível: experiência inconsistente, pouca eficiência operacional e dificuldade de mensurar o real impacto de cada canal na decisão de compra.

Pessoa segurando um ícone do WhatsApp feito de papel, com fundo neutro e camiseta vinho.
Imagem: Envato.

Com o avanço do comportamento omnicanal do consumidor brasileiro – que pesquisa no digital, compra no físico, retorna pelo WhatsApp e comenta no Instagram -, esse modelo se tornou insustentável. Hoje, o maior gargalo do varejo não é mais a tecnologia, e sim orquestrar todos os pontos de contato com fluidez e inteligência.

Nesse cenário, o WhatsApp emerge como um componente central. Não como canal isolado, mas como ponto de convergência entre os mundos físico e digital.

O WhatsApp como fronteira de integração

É importante compreender o papel que o WhatsApp pode – e deve – ocupar dentro de uma estratégia omnicanal estruturada. Mais do que um app de mensagens, ele funciona como um ambiente no qual múltiplas etapas da jornada de compra podem acontecer, com um nível de personalização que ainda é difícil de replicar em outros meios.

Para empresas que operam com lojas físicas e e-commerce, esse canal se torna uma espécie de “hub de relacionamento comercial”, em que é possível:

– Acompanhar o cliente após uma visita à loja;
– Retomar negociações iniciadas em outro canal;
– Ativar compradores com base em comportamentos digitais;
– Realizar vendas assistidas com base em histórico e preferências;
– Integrar dados de CRM, estoque e logística para ofertas personalizadas.

Em termos operacionais, isso significa repensar a lógica de atendimento e vendas, conectando vendedores físicos ao digital, estruturando times híbridos e capacitando colaboradores para lidar com fluxos mais complexos e dados mais ricos.

O desafio da governança comercial

Com a consolidação do WhatsApp como canal de venda direta, muitos varejistas passaram a enfrentar um dilema: como escalar a operação sem perder controle? Em diversos casos, vendedores passaram a usar seus próprios números pessoais para atender clientes, o que gerou problemas de rastreabilidade, padronização de linguagem, compliance e mensuração de resultados.

Essa realidade forçou o setor a evoluir em três frentes:

1. Governança de acesso e fluxos de atendimento: definindo regras claras sobre quem pode atender, com que autonomia e como medir desempenho de ponta a ponta;
2. Padronização da jornada e linguagem da marca: estabelecendo boas práticas para garantir consistência entre o que é dito no WhatsApp e o que é prometido nos demais canais;
3. Integração entre sistemas e dados: conectando o WhatsApp a CRMs, ERPs e plataformas de e-commerce para garantir que as interações reflitam o contexto real do cliente.

Essas camadas são cruciais para transformar o WhatsApp em um pilar da estratégia omnicanal, e não apenas em uma “solução paliativa” de atendimento informal.

Impacto nos indicadores de negócio

Adotar o WhatsApp de forma estruturada tem impacto direto em indicadores relevantes para o e-commerce. Entre os principais, vale destacar:

– Taxa de conversão: o atendimento consultivo e personalizado tende a melhorar significativamente a conversão, especialmente em categorias de ticket médio alto ou compra recorrente;
– Tempo médio de resposta (TME): operações bem estruturadas conseguem atender com mais agilidade sem comprometer a qualidade da resposta;
– Recorrência e LTV: o histórico de conversa somado ao perfil de consumo permite abordagens mais inteligentes, com ofertas relevantes e no momento certo;
– CAC: ao utilizar o canal para reativar leads e reduzir perdas no funil, o WhatsApp ajuda a diluir o custo de aquisição ao longo da jornada;
– Retenção e experiência do cliente: quando o consumidor percebe continuidade entre canais, ele tende a confiar mais na marca e permanecer fiel.

Esses dados só são possíveis com uma visão integrada da operação, na qual o WhatsApp é tratado como parte do negócio, e não como uma ferramenta de suporte.