Desenvolver estratégias específicas para o público 50+ pode representar excelentes oportunidades para as empresas. Além do crescimento significativo desses grupos em termos quantitativos, vale lembrar que, mesmo no Brasil, estamos falando de pessoas com rendas mais estáveis.
O desafio para as empresas é buscar cada vez mais conhecimento sobre o comportamento dessas gerações, afinal, 50+ envolve públicos diversos.
Reunimos neste artigo informações importantes sobre as estratégias que podem ser adotadas. Confira!
Os desafios do “caldeirão multigeracional”
Em meio aos muitos desafios enfrentados no ambiente corporativo, é importante atentar para o chamado “caldeirão multigeracional”. A expressão tenta dar conta do fato de termos hoje várias gerações ativas do ponto de vista econômico.
A genZ está chegando com força ao mercado de consumo, mas isso não significa que todas as atenções possam ser direcionadas para ela.
Afinal, com o aumento da expectativa de vida, as demais gerações, como a X ou mesmo os babies boomers, estão em plena atividade, trabalhando, estudando e, claro, consumindo.
Veja este dado: a porcentagem da população mundial com mais de 65 anos passou de menos de 5% em 1960 para mais de 9% em 2019. Em 2050, espera-se que seja superior a 16%.
Olhando para o Brasil, o cenário é ainda mais complexo, porque o envelhecimento da população é um evento recente. Sempre fomos reconhecidos por sermos um “país de jovens”.
Por isso, nem sempre nos damos conta das mudanças que estão a caminho. Hoje, os 50+ são o grupo que mais cresce e vai seguir crescendo no Brasil – são 54 milhões de pessoas atualmente e, até 2050, devem chegar a 98 milhões de pessoas.
Público 50+ e os impactos da transformação digital
Refletindo sobre o cenário do e-commerce, algumas questões importantes devem ser consideradas no debate sobre o atendimento do público 50+.
Para começar, é importante pensar nos impactos relacionados à pandemia de Covid-19. A relação desse grupo com a tecnologia teve mudanças significativas.
Vários estudos têm mostrado que o processo de digitalização foi acelerado, até em função do emprego mais frequente do aparelho celular.
Isolados, uma vez que eram o grupo de maior risco, uma parcela dessas pessoas teve que aprender a usar melhor essa tecnologia para conseguir se comunicar com a família e, em muitos casos, realizar suas compras de casa, via internet.
Mas é preciso atenção nas estratégias, porque esse grupo ainda tem mais afinidade com as lojas físicas.
Uma questão que tem aparecido nos estudos é que eles gostam de ter mais assistência na hora da compra. Ou seja, um dos caminhos para que as lojas virtuais se mantenham relevantes para esse público é investir no atendimento especializado, mesmo quando a compra for à distância.
Nesse sentido, investir em soluções de assistência virtual pode representar boas oportunidades de negócio para as lojas virtuais.
E se o emprego do celular se tornou mais efetivo, funciona usar apps como o WhatsApp para estabelecer a conexão com esse grupo.
Por que aprimorar as estratégias de segmentação?
Temos falado muito sobre a questão da hiperpersonalização, uma das tendências que despontam para o varejo.
Quando olhamos para os 50+, fica evidente essa necessidade de uma abordagem mais criteriosa para atender aos diferentes perfis.
Um dos erros, nos projetos de segmentação, é desconsiderar que temos várias nuances que devem ser respeitadas na classificação do público. Por exemplo, entre os 50+, é importante considerar que uma boa parcela está ativa no mercado de trabalho.
Além da maior adesão à tecnologia, outro ponto tem sido destacado nas pesquisas: esse grupo foi o que teve mais estabilidade financeira nos últimos anos, justamente por contar com proventos mais estáveis, como a aposentadoria.
Veja esste dado do estudo “50+: novos tempos, novos hábitos/Transformações do isolamento e do amadurecimento”, projeto realizado pelo Agibank, em parceria com o Núcleo 60+:
– durante a pandemia, 54% dos 50+ não tiveram alteração na renda, enquanto que no grupo controle apenas 29% alcançaram essa mesma situação.
O estudo também confirma algumas tendências em termos de comportamento:
– o uso dos devices pelos 50+ já era uma realidade pré-pandemia. Agora, eles mostram que usam uma maior variedade de aparelhos, além do celular, em valores próximos aos do grupo dos 30-49. A internet pelo desktop, por exemplo, é mais usada pelos 50+ do que pelo grupo controle.
– o desejo de proximidade foi um grande propulsor do processo de digitalização dos 50+. Depois da primeira chamada de vídeo com a família, tudo fica mais simples.
– no contexto pós-pandemia, pode-se prever para o público maduro cada vez mais uma complementação de canais com foco em uma experiência diferenciada no ponto físico, algo que não se pode obter no digital da mesma forma.
– com a crescente digitalização, um possível abandono das experiências nos pontos físicos poderia ser observado, mas, na maioria dos casos, o que vemos é uma complementação dos dois canais.
– quando questionados sobre o uso de lojas físicas para realizar compras, 41% dos 50+ responderam que seguem comprando presencialmente. No grupo controle, o valor cai para 36%.
– entre os 50+, é mais variado o uso dos canais de atendimento bancário. Tem quem prefira o cartão, tem quem use mais a lotérica (classes D e E, principalmente). Tem quem use o dinheiro físico e quem prefira realizar a transação pelo app. Por isso, segundo o estudo, estar preparado para essa diversidade de canais é chave para atender à pluralidade dos hábitos dos maduros.
– quando se analisa a longevidade, a tendência é tentar encontrar padrões e comportamentos que perpassam todas as idades contempladas dentro dos “+”: 40+, 50+, 60+. Os comportamentos e os hábitos padrões existem, mas de nenhuma forma definem todos os grupos presentes no corte.
– refletindo sobre a diversidade dentro público, importante analisar a questão financeira: a independência financeira entre os 50-59 é maior do que entre os 30-49. Entretanto, no grupo de maiores de 80 anos, essa independência cai novamente.
Público 50+: como têm sido as compras online?
Os dados do relatório da Neotrust ajudam na análise sobre o comportamento específico desse público no e-commerce.
Em 2021, segundo o levantamento, as cinco categorias que lideraram o número de pedidos entre o público com mais de 50 anos foram:
– beleza;
– perfumaria e saúde;
– moda e acessórios;
– artigos para casa;
– móveis, construção e decoração;
– e entretenimento.
No comparativo entre 2019 e 2021, o destaque foi o setor de beleza, perfumaria e saúde, que atingiu o topo do número de pedidos pela primeira vez em 2021, até então liderado por moda e acessórios.
Em termos de categorias de produtos, não há diferenças significativas em relação aos demais públicos.
Contudo, como têm alertado os especialistas, é preciso atenção na abordagem dessas faixas etárias. Além da falta de representatividade, indicada em vários estudos, há o relato de que os consumidores 60+, por exemplo, não encontram produtos adequados ao seu perfil.
E veja que estamos falando de uma faixa etária bem importante do ponto de vista do mercado de consumo: o Brasil já possui mais mulheres 60+ do que crianças e adolescentes de zero a 14 anos.
O desafio neste momento, então, para as empresas é buscar formas de estreitar seus vínculos com essa parcela do público. É a partir daí que será possível compreender melhor os seus hábitos e, claro, desenvolver estratégias mais assertivas.
Como vimos, não se trata de algo para o futuro, mas para o presente. Há muitas oportunidades que podem ser exploradas por quem entender o comportamento do público 50+.