Uma pesquisa da Serasa Experian publicada no primeiro trimestre de 2021 com micro, pequenas e médias empresas (PME) mostrou que 73,4% dessas organizações vendiam ou passaram a vender produtos e serviços online no período de pandemia. O mais interessante é que essa mudança tende a ser permanente: dos entrevistados, 83,1% pretendem continuar a apostar no ambiente digital para realizar seus negócios mesmo quando o cenário atual se alterar.
Essa é uma informação importante, que reflete a digitalização de uma parcela de negócios que têm papel significativo na economia brasileira. De acordo com o IBGE, as PME são responsáveis por 53,4% do PIB gerado no setor de comércio nacional e mais de um quarto do PIB total do Brasil. São cerca de 9 milhões de empresas distribuídas por todo o país. No ano passado, esses negócios foram fortemente afetados pela pandemia e precisaram se reinventar para continuar com suas atividades. Para a maioria deles, o caminho natural foi a migração para o ambiente digital.
Neste artigo, vou falar sobre quão benéfico é esse movimento. Também darei dicas importantes para que as empresas que entraram recentemente ou estão entrando agora no competitivo mercado de venda online possam ter um desempenho melhor (especialmente do ponto de vista dos meios de pagamento) e conquistar o consumidor do e-commerce, que tem necessidades e demandas específicas.
Potenciais e desafios do e-commerce
Não foram só as empresas que se digitalizaram. Os consumidores também estão fazendo compras online com cada vez mais frequência e em volume crescente. Esse, portanto, é um ótimo canal. As PME que migraram para o e-commerce já perceberam isso. De acordo com a pesquisa, estes são os principais aspectos positivos apontados pelos entrevistados:
- conquistar públicos diferentes;
- ter mais exposição;
- atingir novas regiões;
- atingir o mesmo público, mas em maior quantidade.
Ao mesmo tempo, onde há mais consumidores, há também concorrência. E, nesse contexto, o cliente se torna ainda mais exigente. Por isso, ao iniciar as vendas online, a empresa precisa estar disposta a passar por uma rápida curva de aprendizagem e investir em novos processos e tecnologias.
Será preciso reaprender a expor o produto, divulgá-lo, precificar, entregar e se comunicar com o cliente. A distância exige que as informações estejam muito claras, seja sobre o produto (detalhes técnicos, medidas, cores, materiais, fotos de vários ângulos), sobre o frete (prazo e condições de entrega, custos), política de troca (prazos e formas de devolução), preço e meios de pagamento.
Uma comunicação transparente sobre todos esses itens ajuda a passar para o consumidor uma sensação de segurança que é primordial no comércio eletrônico. Tenha em mente que você não tem mais à disposição os elementos transpessoais que são tão importantes na construção de confiança presencial. Por isso, desde o design do seu site até as palavras que você escolhe para se comunicar, tudo conta na construção da sua imagem digital.
Além disso, no comércio eletrônico o consumidor é muito mais pragmático e busca rapidez, facilidade de navegação e clareza de informações. Isso é especialmente válido em relação aos dois últimos itens citados (preço e meios de pagamento). Por isso, vamos aprofundar um pouco mais nesse assunto a seguir.
Informações sobre preço e meios de pagamento
Uma das principais vantagens percebidas pelos consumidores no e-commerce é a facilidade de comparação de preços. Então, surpresas na hora de fazer o pagamento não são nem um pouco bem-vindas. Ao exibir o preço do seu produto ou serviço, deixe muito claro o valor total e as condições diferenciadas em caso de desconto ou juros de acordo com a condição de pagamento ofertada. Isso também vale para custos com frete e eventuais taxas adicionais.
Em relação aos meios de pagamento que você disponibiliza, é importante se atentar a alguns pontos que podem passar desapercebidos. Alguns deles podem ser verificados desde a contratação da plataforma de e-commerce.
Por exemplo, garanta que o seu e-commerce deixe explícitas todas as bandeiras aceitas. Isso é obrigatório na etapa de checkout. Mas também pode ser usado de forma estratégia no rodapé do site ou na home para que o consumidor saiba que ali seu cartão será aceito. Nessa comunicação, é também fundamental que os logotipos utilizados estejam visíveis e com boa definição.
É bom ter em mente que o comércio online amplia os perfis do público que você atende e, por isso, seus meios de pagamento precisam ser múltiplos. Faça questão de aceitar muitas bandeiras de cartão de crédito, além de oferecer parcelamento (se conseguir oferecer sem juros, melhor ainda) e de outras modalidades, como débito e boleto. Não pode faltar entre as opções de pagamento a modalidade de pagar com dois cartões, pois o abandono de carrinho devido a limite insuficiente no cartão do cliente representa uma taxa significativa no e-commerce.
Outro fator relevante é atualizar os parâmetros de BIN do seu comércio eletrônico. BIN é o nome dado aos primeiros números do cartão do seu cliente, que identificam a que bandeira ele pertence. Existem inúmeras plataformas de e-commerce disponíveis no mercado e, infelizmente, algumas delas estão com esses parâmetros desatualizados. Assim, quando o cliente digita seus dados, o site informa que o cartão pertence a uma bandeira diferente[TKI1] ou cartão inválido, provocando insegurança e, consequentemente, abandono do carrinho.
Segurança, aliás, é um fator crítico nos negócios digitais. Cerca de 15% dos abandonos de carrinho estão ligadas a algum receio do cliente em relação à segurança do site. Portanto, invista em ferramentas que garantam transações financeiras seguras e não se esqueça de deixar essa informação muito clara em sua loja virtual.
Por fim, saiba que as tecnologias e os recursos disponíveis nos meios digitais são atualizados constantemente, assim como as necessidades e expectativas dos consumidores evoluem. Por isso, é fundamental se manter atento a essas mudanças para aplicar melhorias no seu negócio e mantê-lo atual.
Concorrência de gigantes
Se você ainda tem dúvidas de que precisa ser criterioso quanto a todos os aspectos relatados acima, trago mais um dado que reforça esse argumento.
Segundo o relatório “Atualização de comércio eletrônico global 2021”, publicado pela empresa internacional de pesquisas e-Marketer, em 2020 as vendas mundiais de comércio eletrônico cresceram 27,6%, atingindo 4,28 trilhões de dólares. Esse foi um desdobramento claro da pandemia verificado em todo o planeta: os 32 países pesquisados terminaram com um crescimento de comércio eletrônico de dois dígitos, sendo que a América Latina teve um crescimento especialmente destacado: 36,7%.
No entanto, esse crescimento ocorreu de forma de desigual entre as empresas. Nos EUA, 68% de todas as vendas eletrônicas do país no ano passado foram feitas pelas dez maiores varejistas americanas, restando pouco mais de 30% para ser dividido por todos os outros players do e-commerce.
É natural. Afinal, são plataformas extremamente bem preparadas para atender às expectativas dos consumidores e com mais recursos à disposição. Esse, porém, não é motivo para desanimar. Ao contrário. Trago essa informação para dizer que você deve se espelhar nas melhores práticas dessas empresas para profissionalizar o seu comércio eletrônico.
Existe uma janela grande de oportunidade para as pequenas e médias empresas no mercado digital. O sucesso depende de saber utilizar essa chance da melhor maneira.