Logo E-Commerce Brasil

Recursos de IA do Google: entenda as possibilidades para o e-commerce

Por: Gustavo Chapchap

Graduado em Marketing com especialização em Gestão de Projetos, trabalha com comunicação há mais de 20 anos e com e-commerce desde 2006. Redigiu o projeto que originou o Dia do Profissional Digital #404DigitalDay aprovado no plenário da Câmara Municipal da Cidade de São Paulo em 2014. Colaborou com o lançamento do Guia de e-Commerce ABRADi-SP Sebrae-SP escrevendo o capítulo de plataformas, atua como CMO na JET. Em 2019 foi premiado como MVP no Fórum E-Commerce Brasil.

O emprego da IA no e-commerce deixou há algum tempo de ser algo para o futuro. As possibilidades de uso cresceram de forma exponencial nos últimos anos e mesmo empresas de médio e pequeno portes têm conseguido aplicar os recursos no seu dia a dia. Várias frentes dos negócios têm sido beneficiadas, com destaque para a gestão (incluindo prevenção de fraudes, logística, precificação etc.) e, claro, experiência do cliente.

Nesse último caso, chamam a atenção os ganhos no atendimento, por meio do uso dos chatbots, hoje empregados com muito sucesso em praticamente todas as etapas da jornada de compra do consumidor.

O Google tem investido pesado nessa área e anunciou uma série de inovações nessa frente que podem (e devem) fazer parte das operações de e-commerce.

Aliadas aos softwares de CRM, por exemplo, essa ferramenta pode ajudar bastante no aprimoramento do relacionamento com os clientes do e-commerce, revertendo em inúmeras vantagens para as operações.

Neste artigo, reunimos informações importantes sobre os recursos de IA do Google. O player mundial tem investido pesado nessa área e anunciou uma série de inovações nessa frente que podem (e devem) fazer parte das operações de comércio eletrônico.

Google Shopping

Para começar, a novidade foi anunciada para o Google Shopping. A nova funcionalidade de virtual try-on foi desenvolvida para melhorar a experiência de compra nos e-commerces de moda.

A plataforma permite que o público visualize as peças em modelos reais, com o diferencial de as opções contemplarem a questão da diversidade, mostrando “pessoas” com diferentes tipos de pele, etnias, tipos de cabelos e tamanhos de corpo.

Desenvolvida com os recursos de IA, a funcionalidade consegue, portanto, gerar imagens mais realistas, facilitando a busca, uma vez que é possível identificar mais detalhes sobre textura e mesmo caimento das peças.

Vale observar que, nesse caso do Google, as modelos usadas nas fotos não são geradas pela IA. Foram fotografadas pessoas reais, e os recursos são usados para adaptar as peças e, assim, gerar imagens mais realistas sobre o uso das roupas.

Por ora, essa alternativa está disponível nos Estados Unidos, mas a proposta é de que seja expandida para outros países.

Segundo dados divulgados pela empresa, a partir dos dados captados em sua própria plataforma, hoje 59% dos compradores online ficam desapontados com a compra de roupas, justamente em razão dessa falta de identificação. Tanto é que 42% dizem não se sentir representados pelas modelos que apresentam as peças nas lojas virtuais.

Outra frente importante, a da publicidade, também tem sido beneficiada com os avanços nessa área. As campanhas no formato Performance Max combinam as tecnologias de IA do Google nos lances, na otimização de orçamento, nos públicos-alvo, na criação, na atribuição etc.

A proposta é ajudar a empresa anunciante a encontrar oportunidades inexploradas e incrementais. Assim, ao compartilhar suas metas de campanha e recursos criativos, a própria plataforma produz e executa automaticamente a ação publicitária por meio das propriedades do Google.

De acordo com as informações divulgadas pelo Google, campanhas de Performance Max obtêm, em média, mais de 18% em conversões adicionais com um custo por ação semelhante.

Google Ads

Na mesma linha, hoje as automações do Google Ads usam o aprendizado de máquina para ampliar os resultados. A partir da definição da empresa sobre o que é importante medir na sua estratégia, como orçamento, metas de negócios e conversões, a solução encontra clientes em potencial e veicula o anúncio mais adequado e com o melhor lance para maximizar a performance da campanha.

Quanto aos recursos criativos, a IA tem ajudado os anunciantes na adaptação dos formatos que podem ser empregados. Um bom exemplo são os anúncios no YouTube Shorts, otimizados para a experiência de visualização vertical.

Ainda na criação, os resultados têm sido gerados a partir das dinâmicas de teste e aprendizado, úteis para que a empresa seja mais assertiva ao definir as hipóteses que fazem mais sentido para o seu objetivo de negócio.

Na prática, isso significa que o e-commerce pode testar várias possibilidades e caminhos até entender quais apelos têm mais chance de gerar resultado.

O sucesso, nesse caso, depende da qualificação da equipe, porque cabe às pessoas definir a estratégia e pensar nas hipóteses que serão testadas.

A IA tem um papel importante na organização das informações, na distribuição e na otimização em escala para entregar a mensagem certa, no momento correto e, claro, para o público com melhor potencial.

Bard

No início de julho, o Google também anunciou o lançamento no Brasil do Bard, o seu robô de conversa, concorrente direto do ChatGPT, da Open AI.

As funções são similares, uma vez que são baseadas na IA Generativa, mas o sistema do Google apresenta algumas diferenças importantes.

O sistema ainda está em caráter experimental, mas foi apresentado ao mercado como um complemento ao motor de busca. A proposta é combinar a amplitude do conhecimento mundial do Google com o poder, a inteligência e a criatividade dos grandes modelos de linguagem (LLM) da companhia.

O uso é feito a partir da própria conta do Google e, por ora, sem custos adicionais. Um ponto importante: as respostas são geradas em tempo real e com base no banco de dados do buscador, o que garante conteúdos mais atuais. No ChatGPT, há uma limitação nesse sentido, uma vez que a plataforma trabalha com dados até 2021.

O tempo de resposta do Bard é mais curto do que o do concorrente, e uma das metas é produzir conteúdos mais objetivos. Pela facilidade de integração com outros aplicativos do Google, o compartilhamento das respostas também ficou mais fácil.

Outro diferencial importante: a possibilidade de escolher entre os formatos do texto, de acordo com o objetivo do trabalho.

A ferramenta ainda está na fase de testes, mas a proposta é de que seja empregada para inspirar ideias e projetos.

O próprio Google tem enfatizado em suas exposições sobre o produto que a ferramenta ainda pode apresentar vieses, preconceito, alucinações (respostas podem não ser ligadas a fatos) e até respostas ofensivas. A exemplo de outros recursos de IA, contudo, a tendência é de que o sistema evolua rapidamente, a partir do uso.

Aplicadas à realidade do e-commerce, Bard e ChatGPT são aliados importantes, uma vez que ajudam as operações no desenvolvimento de descrições de produtos muito mais elaboradas. Nesse caso, além de textos mais eficazes para melhorar a experiência do cliente, é possível aprimorar as técnicas de SEO.

Estamos nos referindo a sistemas que conseguem não apenas escolher os termos mais adequados, a partir das pesquisas realizadas nos bancos de dados disponíveis na web, como empregar a linguagem apropriada.

Esta é uma das vantagens da IA Generativa: ela tem a capacidade de criar novas informações usando conjuntos de dados pré-existentes. Outro requisito importante, quando olhamos para o e-commerce, é sua habilidade para aprender contextos e inferir intenções.

Refletindo sobre o impacto dessas inovações no comércio eletrônico, o que se espera é que essas aplicações ajudem a aprimorar as atividades desenvolvidas pelas empresas em diversas frentes do negócio.

Em termos de processamento de informações, não temos como competir com as máquinas e podemos explorar essas possibilidades para aproveitar todos os dados disponíveis para abordar o cliente de forma mais personalizada.

Os debates éticos farão parte dessa história, mas é impossível deixar de se apropriar dos recursos para otimizar as operações.