Desde a forte onda de calor vivida no Brasil em novembro do ano passado, o ar-condicionado tem sido a estrela do e-commerce, principalmente durante a Black Friday.
A procura pelo alívio térmico tem sido tão grande que muitas companhias estão enfrentando dificuldades com limitações de estoques, produção e entrega desses produtos.
Na contramão da demanda popular, no entanto, o WebPrice coletou dados que mostram que as ofertas para esse tipo de produto caíram 48,7% de agosto a novembro deste ano.
“Além do calor fora do comum, outro fator que pode estar impactando a diminuição das ofertas e aumento dos valores é a seca prolongada que impacta diretamente a Zona Franca de Manaus. Com o nível dos rios mais baixo, o transporte por embarcações é suspenso. As indústrias da região não conseguem receber insumos para fabricação de produtos e os prontos, para venda, não são distribuídos nas lojas do Brasil. Somando calor fora do comum, alta procura por ar-condicionado e seca prolongada no Amazonas, podemos dizer que em muitos anos não vimos um produto ser tão impactado como está ocorrendo com o ar-condicionado nas vésperas de uma Black Friday”, explica Marcelo Magalhães, COO WebGlobal.
De forma surpreendente, durante o mês da Black Friday, quase 6 mil ofertas a menos estavam disponíveis. Os preços, por sua vez, também estavam mais salgados: 27% mais caros durante a data, como podemos ver no infográfico abaixo:
Pós-Black Friday
Seguindo a mesma lógica, uma vez que as temperaturas continuam elevadas, as ofertas de ar-condicionado continuaram caindo de agosto para dezembro, ou seja, 63,7% a menos, com um aumento de 45,7% no preço médio. Confira o infográfico abaixo:
O calor venceu
Isso, é claro, não impediu que o consumidor realizasse as compras. Talvez pelo apelo da Black Friday, talvez pelas perspectivas das temperaturas permanecerem elevadas por todo o verão, o item foi um dos mais vendidos em novembro, antes mesmo da Black Friday começar de fato.
De acordo com um estudo divulgado pela Gfk, refrigeradores e aparelhos de ar-condicionado tiveram aumento de volume em vendas de 24% e 37% em novembro deste ano.
Já os ventiladores, primos mais simples do ar-condicionado, registraram aumento de 138% nas vendas no mesmo período.
Segundo o relatório da WebPrice, os ventiladores também sofreram a mesma lógica de redução de ofertas com o aumento da procura. De agosto para dezembro, as ofertas cairam 15,9% (mais de 8 mil ofertas a menos) e o preço médio aumentou 20,7%, conforme é possível ver no infográfico abaixo:
Um levantamento semelhante realizado pelo Guia dos Melhores mostra que, além dos aparelhos de ar-condicionado e ventiladores, outros produtos estavam no radar dos consumidores desde novembro, tais como leques e tapetes gelados para os animais de estimação.
Um alívio para os pequenos e médios empreendedores
Vale lembrar que a Black Friday de 2023 foi um propulsor de vendas sobretudo para pequenos e médios lojistas no ambiente digital, um pouco diferente do que estamos acostumados ao analisar os números de vendas dos maiores players do mercado todos os anos.
Dados da Nuvemshop mostram que pequenas e médias empresas do varejo online faturaram R$ 411,5 milhões no período — o que representou um aumento de 34% em relação a 2022. Dessa vez, moda, saúde e beleza, acessórios, casa e jardim também desempenharam crescimentos significativos para esse segmento de lojistas.