Com o fechamento do comércio, a demanda dos supermercados aumentou exponencialmente durante a pandemia de coronavírus. Planos para os próximos anos precisaram ser colocados em prática em questão de semanas ou até dias. Agora, com a reabertura gradual dos estabelecimentos, o planejamento do setor atacadista para os próximos meses deve mudar novamente, segundo Leandro Alves, gerente de Gestão do Smart Supermercados, e Daniel Nepomuceno, diretor de e-commerce do Tenda Atacado.
Os dois executivos participaram de um debate com Samuel Gonsales, diretor de Relacionamento do E-Commerce Brasil, durante o Grocery & Drinks, realizado nesta quinta-feira (22).
De acordo com Nepomuceno, com a pandemia, houve aumento de demanda e aceleração nas vendas de determinados itens. “As vendas aumentaram 15 vezes. É como se fosse uma Black Friday todos os dias. O planejamento operacional foi um dos maiores desafios e precisamos quase dobrar o número de funcionários”.
Para Alves, o que esse momento mais trouxe para o setor foi a experimentação: “A pandemia permitiu que varejistas e clientes experimentassem outros formatos de compra que, na normalidade, não experimentaríamos. Quem não tinha e-commerce, por exemplo, precisou buscar outros canais de venda para suprir a demanda”. Confira os principais pontos do debate:
Cuidados para quem entrou no e-commerce
Leandro Alves – Como precisamos sair da zona de conforto com a pandemia, dois grandes pontos precisam de maior atenção: Primeiro é estruturar a entrega e planejamento com a demanda. O segundo ponto em questão é a fraude. O pagamento não presente tem regras específicas que o varejo físico não tem, que é a digitação da senha, e é nesse momento que os fraudadores se aproveitam.
Daniel Nepomuceno – Nesse crescimento, o cenário era olhar para o teto das lojas e ver o quanto cada uma conseguia produzir e controlar o planejamento. De repente, as lojas estavam, atingindo o teto de capacidade. Por isso, precisamos usar mão de obra temporária e modelo ágil toda semana na operação. Assim, quando percebemos que o volume ultrapassou o limite, aumentávamos o prazo, que depois foi automatizado. Desta forma, conseguimos estabelecer prazos possíveis de cumprir.
Falta de insumos na indústria
Daniel Nepomuceno – Algumas fábricas pararam a produção na pandemia e, com a reabertura, a produção ainda não equalizou o gap que foi gerado, gerando falta de matéria-prima, embalagem, papelão etc. Na produção de cerveja, por exemplo, não falta o líquido, mas talvez falta alumínio para a embalagem. Por conta disso, no final do ano, algumas categorias terão aumento de preços e problemas de abastecimento.
Desta forma, o planejamento para o segundo semestre fica bem desafiador, pois não temos certezas. Por isso, é necessário alinhamento com a indústria para ver o que será ofertado. Na Black Friday, será necessário segregar certas quantidades e não poder contar com estoque infinito como nos outros anos.
Leandro Alves – Agora estamos efetivamente no momento no qual a falta de produtos faz os preços subirem, como o da carne, e as embalagens, plástico, papelão começam a faltar. Talvez não falte o produto, mas algo no processo. Por isso, o planejamento de demanda e o acompanhamento junto aos fornecedores para conseguir entregar os pedidos é tão importante.
O que será daqui para frente nos supermercados
Leandro Alves – A experimentação sempre existiu e sempre existirá, mas a pandemia trouxe a aceleração e isso não tem mais volta. Fomos obrigados e comprar em supermercados online e descobrimos como consumidores que pode ser uma experiência prazerosa, que nos atende em diversos momentos. Agora, não precisamos mais ir ao supermercado 100% das vezes. Mas, com a reabertura, é natural que esse momento online diminuia um pouco, por isso o caminho é manter e melhorar a operação.
Daniel Nepomuceno – A conclusão é que de não há um “novo normal” porque o que fizemos é acelerar quatro anos em meses. Fomos obrigados a nos antecipar. Nada foi alterado, só antecipado. O desafio para o setor é que o e-commerce de supermercado nasce dentro da loja, pois os perecíveis e congelados precisam sair direto da loja e ir para a casa do cliente, sem passar por um intermediário.
Por Dinalva Fernandes, da redação do E-Commerce Brasil
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