Logo E-Commerce Brasil

Ações das varejistas lideram na bolsa, mas projeções de consumo desanimam

Por: Dinalva Fernandes

Jornalista

Jornalista na E-Commerce Brasil. Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada em Política e Relações Internacionais pela FESPSP. Tem experiência em televisão, internet e mídia impressa.

Entre as ações do Ibovespa, o pódio de valorização no ano é ocupado por ações de empresas do setor de varejo. Desde janeiro, as ações da B2W acumulam valorização de 65%, as do Magazine Luiza subiram 49%, e as da Via Varejo avançaram 36%.

Com exceção da Via Varejo, que está mais ou menos no mesmo nível do pico alcançado em fevereiro — antes do início da crise do coronavírus —, as outras duas varejistas superaram a cotação máxima do ano e estão no auge histórico.

O Ibovespa estava variando entre os 115 e 118 mil pontos na época em que as varejistas atingiram as cotações máximas. Após o tombo causado pelo coronavírus, o índice não se recuperou totalmente e está em 96 mil pontos, segundo reportagem do 6 Minutos.

Veja abaixo a comparação do preço do pico pré-pandemia e das cotações atuais:

  • B2W: de R$ 76,56 (em 21 de janeiro) para R$ 104 (em 19 de junho);
  • Magalu: de R$ 58,85 (em 17 de fevereiro) para R$ 71,40 (em 19 de junho);
  • Via Varejo: de R$ 16,64 (em 21 de fevereiro) para R$ 15,18 (em 19 de junho).

Os investidores estão animados com o impulso que a quarentena tem dado ao consumo digital. Embora as lojas tenham ficado fechadas por meses, e do movimento estar baixo — seja pelas medidas de restrição, ou pelo medo de sair de casa — a expectativa é que essas empresas compensem as perdas das vendas físicas com o e-commerce.

Pandemia acelerou processo

Que o varejo online não será o mesmo daqui para frente, não há dúvidas. Entidades que representam o setor dizem que a pandemia acelerou o processo de adesão às vendas digitais, e que esse é um hábito que deve permanecer quando a vida voltar ao normal. O problema é que há uma grande depressão econômica à frente, e isso impacta diretamente o poder de consumo das famílias.

De acordo com cálculos do IBRE (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV, a queda de 6,4% no PIB em 2020 deve ser causada principalmente por um recuo de 9% no consumo das famílias. Isso porque esse componente é responsável por 75% do desempenho econômico do país.

Nesse cenário, é até possível que o varejo online ganhe força, mas o resultado como um todo será ruim. É como se o segmento ganhasse uma fatia maior de um bolo que ficará menor.

Apesar de atuarem no mesmo segmento, cada uma dessas empresas tem um grau diferente de exposição às vendas físicas. No caso da B2W, essa exposição é zero, já que a operação das Lojas Americanas é apartada da holding, inclusive na bolsa de valores.

O Magalu fez um enorme esforço para criar uma robusta estrutura logística e tecnológica para suas vendas digitais. Quase metade do faturamento da varejista vem das operações do site e do aplicativo, inclusive dos parceiros do marketplace. Já a Via Varejo passou a investir nessa estratégia muito recentemente, desde a troca de gestão e a volta da família Klein ao comando da empresa.

A estrutura de lojas físicas da Via Varejo é enorme — a empresa é dona de mais de 700 lojas da Casas Bahia, Ponto Frio e Bartira. O fechamento de lojas possivelmente fará com que o resultado financeiro da Via Varejo no 2º trimestre seja pior que o das concorrentes.

Nesse caso, é provável que o mercado faça uma correção no valor dessas ações, trazendo os números de volta para a amarga realidade de uma recessão histórica e sem precedentes.

Leia também: E-commerce faz banco suíço elevar estimativa para ação das Lojas Americanas

As informações são do 6 Minutos