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Além da vitrine digital: marketplaces evoluem para ecossistemas estratégicos

Por: Lucas Kina

Jornalista e produtor de Podcasts no E-Commerce Brasil

No terceiro dia do Fórum E-Commerce Brasil 2025, a plenária Marketplace foi palco para a discussão “A Nova Era dos Marketplaces: Plataforma, Ecossistema e Estratégia”, conduzida por Talita Borges, diretora de Marketplace e Tecnologia do Magalu Entregas. A executiva traçou um panorama da transformação estrutural do modelo de marketplaces no Brasil, que hoje vai muito além de uma simples vitrine digital para produtos de terceiros.

Talita Borges, diretora de Marketplace e Tecnologia do Magalu Entregas
(Imagem: Renata/R2PM)

Segundo Talita, os marketplaces assumiram um novo protagonismo como ecossistemas completos, capazes de integrar logística, serviços financeiros, mídia e tecnologia em uma mesma estrutura. Essa evolução tem sido guiada por uma mudança no comportamento dos atores da plataforma — principalmente clientes e vendedores — e pelas novas exigências de eficiência operacional e fidelização.

“As interações dos clientes moldam a estratégia e o crescimento da plataforma. Portanto, os mecanismos geram comportamentos”, afirmou.

De plataforma a ecossistema

A lógica por trás do sucesso dos marketplaces agora se apoia em três pilares principais: intermediação eficiente, efeito de rede e economia de escala. Quanto mais participantes estiverem engajados no sistema — sejam vendedores, consumidores, transportadoras ou parceiros tecnológicos —, maior é o valor gerado para toda a cadeia.

Esse valor, segundo a executiva, depende da qualidade dos produtos, mas também da relevância dentro da plataforma, que inclui descrição, ficha técnica, desempenho de anúncios e histórico de navegação. “Mecanismos bem estruturados definem as regras do jogo e moldam as ações dos usuários”, explicou.

Outro destaque foi a importância da descentralização logística. A concentração de vendedores em poucas regiões pode limitar a capacidade de entrega eficiente. Plataformas que investem em soluções de fulfillment, estoque multicanal e parceiros locais conseguem driblar esses gargalos e oferecer prazos mais competitivos.

Logística e fidelização

A logística deixou de ser um custo inevitável e passou a ser um diferencial competitivo. Talita destacou que estratégias como o fulfillment aliado ao sortimento e à frequência de compra se tornam essenciais para garantir recorrência e satisfação do consumidor. “Fidelizamos pelo prazo e pelo frete”, resumiu.

A executiva também pontuou a importância de operar de forma integrada. “Pensar como plataforma é conectar valor para vender produtos; operar como ecossistema é garantir que logística, mídia e tecnologia atuem com eficiência e previsibilidade”, disse.

Estratégia alinhada ao propósito

Ao encerrar o painel, Talita reforçou que a escolha por uma plataforma — seja para vender, integrar soluções ou oferecer serviços — deve estar casada com o plano estratégico do negócio. “Diversificar só faz sentido se houver clareza de propósito e sinergia com o ecossistema em que se está inserido”, concluiu.

Por fim, a executiva reforçou que a nova era dos marketplaces exige mais do que presença digital. O momento, portanto, requer visão de plataforma, integração operacional e atenção ao comportamento do consumidor como vetor de crescimento.