A Amazon, segunda maior empresa de comércio eletrônico do mundo, atrás do Alibaba, dá um passo fundamental para ter mais peso no varejo brasileiro. A varejista vai vender serviços logísticos — o Fulfillment by Amazon (FBA) — a quem usa sua plataforma e não cobrará parte dos custos por um ano
Segundo reportagem do Valor Econômico, o pacote de serviços inclui gestão de estoques, armazenagem, entrega e auxílio na estratégia comercial do lojista, com ferramentas para ajudar a definir preços. Também irá estocar mercadorias desses vendedores em seus oito centros de distribuição.
Empresas que vendem esse tipo de pacote de serviços cobram, em geral, entre 10% e 20% do valor da venda feita pelo lojista. Porém, a Amazon isentará parte dos custos de envio e armazenagem, como forma de atrair e reter varejistas por um ano. O anúncio oficial foi feito na quarta-feira (9).
O lojista que usa a plataforma da Amazon para vender, por exemplo, um celular paga atualmente uma comissão de 11% do valor da venda. Outros produtos eletrônicos pagam 15%. Na média, a Amazon cobra uma comissão de 12%. Com os serviços de logística, esses percentuais vão subir.
A empresa vai oferecer isenção por um ano na cobrança do custo de armazenagem em seus oito centros de distribuição, além de isentar o custo de envio do pedido do lojista até as centrais da Amazon pelo mesmo período. A empresa cobrará o custo de envio de suas centrais até o endereço de entrega — esse custo o lojista pode cobrar do consumidor ou não.
Receita cresceu 55% em 2020
De janeiro a setembro, as comissões e taxas pagas por lojistas e consumidores à Amazon no mundo renderam US$ 53 bilhões, alta de 55% em relação a igual período de 2019. É o segundo negócio que mais dá receita à empresa — o primeiro é a venda direta de produtos.
Concorrentes como Mercado Livre, Magazine Luiza e B2W (Americanas e Submarino) já vendem parte desses serviços há anos, estocando itens de vendedores em seus centros e até em lojas, no caso de Magazine e B2W. Mas a Amazon entende que tem vantagens a explorar.
“O que nós queremos é mostrar [ao lojista] que podemos colocar tudo o que temos, a nossa ‘expertise’ em logística e liderança em experiência ao cliente, à disposição dele”, disse Rafael Ferreira, principal executivo da área de serviços da Amazon, à publicação.
Testes iniciais com varejistas que já têm centros de distribuição foram feitos nos últimos meses. A Amazon mais que dobrou o número de categorias de produtos em atuação no país desde janeiro de 2019, passando de 15 para 35. O portfólio à venda avançou de 20 milhões de produtos para cerca de 30 milhões.
A venda do pacote de serviços começa a funcionar apenas no estado de São Paulo e para lojistas que operam no regime tributário Simples Nacional. Para outros estados do Sudeste e Sul do país, além de Bahia, Pernambuco e Distrito Federal, a varejista passa a operar um modelo em que o produto fica nas centrais do próprio lojista, e a Amazon faz a gestão do estoque e a entrega.
Ferreira disse que o governo paulista mudou a legislação relativa a operadores logísticos, possibilitando que sejam despachados na mesma caixa diferentes produtos para o mesmo cliente. Isso permitiu que a operação começasse por São Paulo.
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Selo Amazon
A varejista norte-americana ainda informou que os produtos vendidos por terceiros em sua plataforma receberão o selo Amazon Prime, e seguem a política de entrega de até 48 horas para 500 cidades. Com isso, passam a fazer parte da cesta de mercadorias com frete grátis para o cliente Prime, ao custo de R$ 9,90 por mês, o que a empresa vê como vantagem frente aos rivais.
A Lojas Americanas desde setembro usa a marca Americanas Mais (até então, era Americanas Prime) e faz entrega gratuita ao consumidor que assinar o serviço, por R$ 9,90, para itens com esse selo. Mas esse preço só vale para envio ao Sul e Sudeste — para as demais regiões o preço é maior. O Mercado Livre, líder na venda online, oferece frete grátis em compras acima de R$ 99.
Com uma rede de distribuição física menor, a Amazon tem oito centros de distribuição — menos da metade de B2W e Magazine Luiza — e não opera lojas físicas para usar como área de estocagem, como fazem Americanas e Magalu. Mas mantém a política do frete zero condicionado à assinatura do Amazon Prime, o que leva analistas a concluir que ela subsidia esse preço para se manter na disputa. A empresa não comenta.
Logística reversa no pacote
Outra frente de atuação da Amazon junto aos vendedores no país será o atendimento ao cliente e à logística reversa, áreas cuja gestão da Amazon é reconhecida no mundo.
No Brasil, é comum o consumidor reclamar de problemas quando faz uma compra online. Normalmente, a dona da plataforma repassa a reclamação ao lojista, e este faz o primeiro contato. É justamente nesse atendimento ao consumidor que a Amazon alega conseguir atuar melhor. No site Reclame Aqui, a nota da Amazon é 8,5, e no Magazine e Americanas, 8,3. No Mercado Livre é 6,9.
De quase dois anos para cá, a companhia abriu três novos centros de distribuição no país, subindo de cinco para oito o número total, entrou em novas categorias e lançou o Amazon Prime, o que coloca uma pressão maior no ambiente de competição entre as grandes plataformas de comércio eletrônico.
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Fonte: Valor Econômico