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“O Brasil tem potencial para crescer no e-commerce, mas precisa investir”, afirma executivo da JD.com

Por: Dinalva Fernandes

Jornalista

Jornalista na E-Commerce Brasil. Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada em Política e Relações Internacionais pela FESPSP. Tem experiência em televisão, internet e mídia impressa.

A cada dia, a China se reinventa e remodela os modelos de negócios, mesmo sendo a primeira nação a ser impactada pela crise do coronavírus. Não é à toa que o país mantém sua economia crescente. Alexander Kremer, diretor de omnichannel da JD.com, deu uma aula de como o Brasil pode aumentar o seu e-commerce no segundo dia do Fórum E-Commerce Brasil – Global Edition, nesta quarta-feira (29), se baseando no exemplo chinês.

Gustavo Bacchin e Alexander Kremer no palco no Fórum E-Commerce Brasil 2020

A JD é o maior varejista da China e entrega mais de 90% dos seus produtos dentro do território chinês. O modelo é mais parecido com o da americana Amazon do que com a concorrente Alibaba. Segundo Kremer, essa operação só é possível graças à grande teia logística da empresa e da infraestrutura chinesa.

Antes da crise, a empresa tinha 360 milhões de usuários ativos na plataforma. O grande número populacional da China influencia bastante, mas os números da empresa mostram crescimento de 20%, em média, todos os meses, o que significa US$ 83 bilhões no crescimento anual, segundo Kremer.

Além disso, a companhia investe na diversificação de serviços, inclusive no offline: “Temos mais de 700 lojas físicas, supermercados, eletrônicos e tecnologia digital. Somos muito mais que uma empresa de e-commerce”, afirma.

E-commerce se remodelou com a crise

A crise do coronavírus alterou drasticamente o funcionamento da empresa e, consequentemente, a relação com os parceiros comerciais. “Nossos parceiros precisam confiar na nossa marca, ainda mais com os problemas financeiros. As receitas caíram bastante e, de repente, o omnichannel passou a ser mais necessário, pois as marcas precisam encontrar outros modos de mostrar os produtos. A carga de trabalho aumentou bastante, por isso, contratamos mais de 100 mil pessoas somente para a área de logística”, revela Kremer.

Já do lado dos clientes, houve aumento de demanda, sobretudo nas categorias de serviços, como consultas médicas e supermercados. Segundo o executivo, a JD foi a única plataforma que manteve todas operações, inclusive em Wuhan, onde foram diagnosticados os primeiros casos de Covid-19. “Já tínhamos antes, mas aumentou significativamente com a pandemia, em especial, a procura por alimentos frescos. Também oferecemos empréstimos e outros serviços, como live streamings. Isso é uma tendência de mercado”.

Como o e-commerce brasileiro pode crescer?

Kremer explica que um dos pontos importantes para que o e-commerce tenha se tornado tão grande na China é que o setor corresponde a 25% do varejo físico. “No mercado chinês, as plataformas de e-commerce dominam mais de 90% do mercado. O Brasil tem um potencial enorme, com valores únicos e diferenciados para concorrer com outras plataformas e com o mercado offline”, analisa.

Para ele, o comércio eletrônico no Brasil pode ser tão grande quanto, mas, para isso, o país precisa ser ousado para investir em infraestrutura, logística e pagamento. “Certamente, a infraestrutura chinesa foi importante para ajudar o e-commerce a crescer, mas antes disso investimentos foram feitos. Durante a pandemia, passamos a atender 100 mil lares a mais graças a isso”, revela.

Outro ponto a ser frisado é encontrar um diferencial para se destacar no mercado, segundo Kremer, que cita a principal concorrente da JD. “O Alibaba fez um trabalho fantástico de observar como o cliente agia. Especialmente no começo, a empresa construiu um valor singular, com seleção diferenciada de produtos. Isso tem que estar no topo”, aconselha.

Tendências do e-commerce pós-covid

Diante de toda a movimentação operacional causada pela crise do coronavírus na China, Kremer afirma ter percebido cinco grandes tendências do e-commerce para os próximos anos.

1 – Investimento no online

De acordo com Kremer, pela primeira vez, o mundo online cresceu mais que o offline. “Vários negócios precisaram responder rapidamente, como os supermercados. Isso já vinha acontecendo, mas o crescimento foi bastante significativo com a pandemia”, explica.

2 – Aumento do B2C

Também pela primeira vez, o mercado B2C cresceu mais que o C2C, segundo o executivo. “Esse modelo precisa oferecer mais segurança aos consumidores e deve crescer ainda mais”.

3 – Aumento de confiança

É necessário aumentar a confiança e aprimorar o relacionamento com parceiros e clientes. “Ganhamos mais de 30 milhões de consumidores no primeiro trimestre. Continuamos atuando em Wuhan, mostrando que somos capazes de estar ao lado deles nos momentos mais difíceis”, enfatiza Kremer.

4 – Alteração no comportamento do consumidor

Os consumidores passaram a comprar mais em supermercados, principalmente, porque estão fazendo home office, explica Kremer. E essa tendência deve permanecer pelos próximos anos. “A categoria de alimentos cresceu 38% no primeiro trimestre, e o interesse por eletrônicos também aumentou. Inicialmente, os clientes preferiam comida via delivery, mas agora preferem alimentos frescos porque cozinham mais em casa por causa do home office. Essa tendência será duradoura”, aposta.

5 – Live streamings e entrega sem contato

Kremer chama a atenção para o aumento de lives e shows online. Por causa do isolamento social, os festivais e outros eventos maiores só podem ser realizados de forma online. Diante disso, a JD passou a utilizar seu serviço de streaming também como vitrine para o e-commerce, pois os clientes podem ganhar descontos se comprar pela plataforma. “O serviço vem aumentando desde 2017. Não é o nosso maior canal, mas está crescendo”.

Outro ponto é a entrega sem contato. Antes, as entregas feitas dessas formas não eram comuns, mas ganharam adeptos e facilitações com a pandemia, segundo Kremer. “Com o novo contexto, foram montados armários, por exemplo, que se tornaram mais populares, pois os pedidos podem ser entregues dessa forma”, finaliza o executivo.

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Por Dinalva Fernandes, da redação do E-Commerce Brasil