A fabricante chinesa de carros elétricos BYD está prestes a iniciar a montagem de veículos em sua nova fábrica no Brasil, localizada na Bahia. A produção, que deve começar ainda este mês, será feita a partir de kits importados (CKD), com previsão de alcançar 50 mil unidades até o fim de 2025. A informação foi confirmada por Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da empresa no país.

A medida pretende reduzir a dependência de importações, em um momento em que o Brasil retoma gradualmente a taxação de carros elétricos. “O que tínhamos para este ano já foi importado para que a gente pudesse aproveitar (o momento), antes do aumento do imposto de importação que aconteceu no dia 1º de julho”, afirmou Baldy, sem cravar uma data para o início da operação, já que a aprovação regulatória ainda está em andamento.
Nos cinco primeiros meses do ano, a BYD enviou aproximadamente 22 mil veículos da China para o Brasil, aproveitando as tarifas ainda reduzidas. A estratégia gerou críticas no setor automotivo nacional, que vê na prática um favorecimento da produção chinesa em detrimento do parque fabril local.
Produção completa só em 2026
Apesar de a Secretaria de Trabalho da Bahia ter projetado a operação plena da fábrica apenas para o fim de 2026, a BYD prevê iniciar a produção completa de veículos em julho do mesmo ano. Até lá, os carros serão montados a partir de kits.
A planta da BYD em Camaçari foi instalada no antigo complexo da Ford e, segundo a empresa, poderá gerar até 20 mil empregos diretos e indiretos quando estiver totalmente operando.
Denúncias trabalhistas
As expectativas com o projeto foram abaladas por denúncias trabalhistas envolvendo empreiteiras chinesas responsáveis pela construção da fábrica. Em dezembro, o Ministério Público do Trabalho apresentou acusações de trabalho análogo à escravidão e tráfico de pessoas.
Em maio, o MPT entrou com uma ação judicial contra a BYD e as empresas terceirizadas, após o fracasso de tentativas de acordo. “Nós sempre buscamos respeitar a lei brasileira, a dignidade humana”, disse Baldy, sem detalhar os motivos que inviabilizaram uma conciliação.