Nos últimos quinze meses, as exportações da China têm aumentado o ritmo de crescimento à medida que os fabricantes anteciparam as remessas devido ao temor das taxações nos principais mercados receptores dos produtos do país.
Os dados comerciais divulgados pela Reuters na última sexta-feira (12), mostram que as exportações cresceram 8% em junho na comparação anual, mais do que os 7,6% em maio e em um ritmo constante desde o avanço de 10,9% em março do ano passado. O rápido crescimento de 2,8% nas importações do mês passado foi maior do que os 1,8% de maio, sugerindo que os proprietários das fábricas estão comprando mais insumos para transformá-los em produtos acabados para exportação.
A economia de US$ 18,6 trilhões é competitiva em muitos setores, como aço, energia solar e bens de consumo, que mesmo com as novas restrições comerciais, não perderam o ritmo de exportação, segundo os analistas.
Mesmo assim, à medida que o número de países que consideram aumentar as restrições aos produtos chineses aumenta, também cresce a proporção da pressão sobre suas exportações para sustentar o progresso em direção à meta de 5% de crescimento econômico do governo para este ano.
Países com restrições
Em maio, Washington (EUA) elevou as tarifas sobre uma série de importações chinesas, incluindo a quadruplicação dos impostos sobre veículos elétricos chineses para 100%. Enquanto Bruxelas (Bélgica), confirmou na semana passada que também adicionaria tarifas, mas apenas de até 37,6%.
As eleições dos EUA em novembro também estão despertando a ansiedade dos exportadores, que temem a adoção de novas restrições comerciais dos dois principais partidos em disputa.
A Turquia também anunciou no mês passado a cobrança de uma tarifa adicional de 40% sobre veículos elétricos fabricados na China, já o Canadá está considerando algumas restrições.
Os produtos têxteis, famosos nos marketplaces chineses, estão passíveis da taxação de 200% pela Indonésia.
Por aqui, o governo brasileiro instituiu a “taxa das blusinhas” para compras internacionais de até US$ 50. Os e-commerces chineses, como Shein, AliExpress, e agora a Temu, serão os principais afetados pela medida.
Tecnologia em xeque
De acordo com a pesquisa, a recuperação cíclica global no setor de eletrônicos também deve estimular os exportadores da China, que vem investindo na expansão da produção de chips mais antigos, conhecidos como chips legados, que podem ser encontrados em tudo, de smartphones a jatos de combate. No mês passado, houve também um aumento de 16,8% nas exportações da Coreia do Sul para a China — um indicador relevante das importações de tecnologia do país.
Além disso, o aço chinês está sendo sondado pela Índia. Com preço barato, a matéria-prima também tem chegado na América Latina, competindo com a indústria da região.
A indústria de semicondutores está sendo avaliada pela Comissão Europeia com a proposta de expandir a produção dos tradicionais chips chineses, o que pode afetar o desempenho das exportações de eletrônicos do gigante asiático.
A estimativa mediana na pesquisa previu que o superávit comercial da China chegará a US$ 85,0 bilhões, acima dos 82,62 bilhões em maio.
Texto elaborado com informações da Reuters.