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Cellairis investe em seleção exclusiva para pessoas trans

Por: Dinalva Fernandes

Jornalista

Jornalista na E-Commerce Brasil. Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada em Política e Relações Internacionais pela FESPSP. Tem experiência em televisão, internet e mídia impressa.

Ainda que ações afirmativas que visem diminuir os efeitos de todo tipo de preconceito no mercado de trabalho sejam alvo de várias críticas, a Cellairis Brasil encarou o desafio de abrir um processo seletivo apenas para pessoas trans. O objetivo foi e continua sendo ajudar a diminuir o enorme contingente de desempregados entre essa parcela da população.

Há seis anos no Brasil e já com 40% do seu quadro de funcionários formado por pessoas LGBTQIA+, a empresa chegou à conclusão de que seria necessário, sim, abrir um espaço exclusivo para seleção de potenciais colaboradores trans. “O medo e a vergonha ainda são muito presentes nesse público, que encara um preconceito pesado e portas fechadas no mercado de trabalho. Resolvemos olhar ainda com mais carinho para essas pessoas”, afirma a diretora de Recursos Humanos da marca, Liliane Benitez.

Luca da Costa: “Quando vi que era voltado apenas para esse público pensei: ‘Acho que vou ter mais chances’”

Mesmo assim, o resultado da seleção foi tímido para as expectativas da empresa. De 100 currículos recebidos, 30 foram escolhidos e seus autores convidados a participar da dinâmica. Apenas oito candidatos apareceram.

Muitos diriam que quem foi convidado é descomprometido, teve oportunidade e não está aproveitando. Essa é a resposta fácil. O que precisamos ter é preparação e empatia para entender que a realidade de um processo seletivo que apoia a diversidade é muito diferente. O que fizemos é raro, ainda, no mundo corporativo, infelizmente”, relata o CEO da Cellairis, Jonathan Benitez.

 

Luca Araújo da Costa, 30 anos, aprovado no processo seletivo e já trabalhando como vendedor no quiosque da Cellairis do Shopping Tijuca desde meados de setembro, no Rio, conta que foi atraído pela seleção exclusiva. “Quando vi que era voltado apenas para esse público pensei: ‘Acho que vou ter mais chances’. Mandei o currículo, fui chamado para a dinâmica e gostei muito. No início estava nervoso, mas a equipe da empresa passou segurança, nos deixou à vontade. E, num grupo com pessoas que vivem a mesma realidade, deu para interagir com os outros candidatos. Já no quiosque, todo mundo me respeita, me ajuda, são pessoas bem humanas”, conta Luca, que é natural de Barcelona, interior de Natal, e homem trans, tendo começado sua transição de gênero em 2020.

“Estou muito orgulhosa e confiante que estamos no caminho certo, pois também temos muito a ganhar e aprender. Temos outras pessoas trans que já trabalham na empresa, inclusive um homem trans que ocupa posição de liderança na Cellairis. Queremos abrir mais portas e quebrar paradigmas enraizados na nossa sociedade. Realmente torço para que mais empresários se inspirem e façam o mesmo. Estamos apenas começando”, completa a diretora de RH.

Liliane Benitez, diretora de Recursos Humanos da Cellairis Brasil

Uma das várias ações da empresa em prol da diversidade, em 2021, foi a reversão de comentários ofensivos feitos em suas redes sociais – por conta dos posts da campanha do Dias dos Namorados – em verba para a CASA NEM, além de 20% das vendas da coleção Pride na campanha “Livre para ser” destinados para a ONG.

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