Este ano, os consumidores não estão dispostos a enfrentar outra “Black Friday da Mercearia”, como foi a edição passada. A dois meses da edição de 2022, eles mostram interesse em produtos de alto valor. Mesmo em ano de inflação pesada, se o desconto no produto valer a pena e estiver no radar de interesse, os consumidores irão comprar e pagar à vista, segundo a primeira pesquisa Black Friday 2022 realizada pelo Instituto Reclame AQUI.
Na pesquisa, os participantes sinalizam que o que vai fazê-los comprar, definitivamente, é o preço: 74,4% apontam que esse é o fator decisivo de compra, contra 61,6% apontado em novembro de 2021. Comportamento muito em linha com o achatamento da renda trazido pela inflação, o que faz com que o consumidor não abra a carteira para qualquer oferta, segundo o instituto. Entretanto, as dificuldades financeiras não tiraram dele a disposição para gastar.
Quando questionados sobre onde gostariam de ver mais descontos, os consumidores apontam na pesquisa um ticket de alto valor: o desejo está nos descontos em eletrodomésticos e eletroportáteis, linha branca e eletrônicos, que, somados, chegam a 73% da preferência.
Nesse cenário de inflação e incertezas, como o consumidor responde ao dilema entre gastar as economias que restam ou ter a confiança de adquirir novas dívidas? A pesquisa ainda perguntou qual a melhor forma de pagar produtos de alto valor. E a resposta para 38,2% dos consumidores foi bem direta: querem um bom desconto à vista.
O parcelamento no cartão continua sendo uma alternativa para 21,3% dos consumidores, principalmente quando a oportunidade for uma compra online. Já o parcelamento por boleto, que já foi uma das formas que esteve em alta, agora só tem 9,3% da preferência. Por fim, financiamento, que surge com opção para apenas 2,7%.
Para quem vai parcelar, o Instituto Reclame AQUI perguntou a partir de qual valor da compra o parcelamento seria importante. Apenas 8% responderam a partir do valor de R$ 4 mil, o que mostra a espera por descontos bem parrudos no ticket elevado. Outros 23,1% consideram que o parcelamento é importante em compras de valor entre R$ 100 e R$ 300, e 16,7% entre R$ 300 e R$ 500.
A pesquisa foi aplicada com usuários da plataforma nos dias 17 e 18 de agosto, teve a participação de mais de 12 mil consumidores.
Edu Neves, cofundador e CEO do Reclame AQUI, analisa o comportamento do consumidor, que está mostrando disposição em comprar, focado, mesmo com a percepção de uma alta geral de preços dos produtos.
“Quando questionados se pretendem comprar este ano, quase 47% dizem que sim. Que é um povo que ainda bota fé na Black Friday. Então o lance é criar condições para que ele compre. O desafio de fornecer descontos neste ano, mais uma vez, deve ficar na mão do varejo; uma vez que a maioria dos fabricantes vêm manifestando continuamente suas dificuldades com a inflação de custos. As marcas que já estão se movimentando e dando descontos, surfando a onda da Black Friday antes da data chegar, estão apostando em uma estratégia de captar o consumidor, que, provavelmente, diante da vantagem antecipada, não vai aguardar novembro”, diz Neves.
A pesquisa também mostra que os consumidores se mantêm críticos, dado o tempo de monitoramento de preços. Aqueles que pretendem comprar nesta Black Friday, 66,1% já estão de olho nas oscilações dos preços. A maioria está nesta busca há mais de três meses, somando quase 80% dos consumidores. E esse grupo que pretende investir na Black Friday 2022 aponta como principais produtos na intenção de compra itens da linha branca de eletrodomésticos, eletroportáteis e eletrônicos. A pesquisa já mostrou ser o setor onde os consumidores esperam maiores descontos, e onde estará a maior parte da busca.
Outro ponto desafiador para os varejistas na Black Friday 2022 é que, apesar da volta das atividades do “mundo físico”, o mercado de compras online se mantém poderoso. Tendo em vista que 69,5% afirmam que farão compras em sites, trazem o desafio da omnicanalidade para os vendedores.
Tendo em vista o resultado final da Black Friday de 2021, onde faltaram descontos, as lojas também receberão, de início, compradores frustrados com a data: 74,4% dos consumidores que responderam à pesquisa consideram que ainda há picaretagem na Black Friday ou não acreditam que vai haver descontos na principal data varejista no Brasil.
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