O rápido crescimento do e-commerce na América Latina está transformando as cadeias de suprimentos. E isso ocorre ao mesmo tempo em que promove ações de sustentabilidade no setor, segundo estudo recente publicado pela DHL. O estudo, intitulado “A sustentabilidade ambiental do e-commerce: a América Latina vai aderir à revolução?”, identifica as principais áreas de transformação e ações que contribuem para diminuir o impacto no meio ambiente. Além, disso, destaca a posição-chave em que a América Latina se encontra para construir seu caminho no e-commerce sustentável.
Entre os dados levantados, ele aponta que antes da pandemia, esperava-se que a demanda no trecho final de entrega (last mile delivery) crescesse 78% até 2030. No entanto, a pandemia acelerou a migração para o e-commerce na mesma medida em apenas 12 meses. Por consequência, trouxe também um desafio de infraestrutura, já que a América Latina tem uma taxa de urbanização de 80%. Portanto, as megacidades da região enfrentam tanto os desafios locais quanto os desafios das economias mais desenvolvidas.
A transformação para proteger o meio ambiente
Para superar esses desafios de infraestrutura, a revolução do e-commerce gerou uma transformação na operação, tanto no âmbito tecnológico quanto em termos de gestão de recursos. Afinal, houve a incorporação de novas tecnologias (como big data, análise preditiva, inteligência artificial etc.) e o uso da robótica. Tudo isso aconteceu para fornecer eficiência sustentável em 6 áreas principais:
- soluções para last mile;
- embalagem;
- economia circular e logística reversa;
- agenciamento de carga;
- armazenagem;
- e supply chain.
Dentre as transformações que estão sendo realizadas na América Latina, destacam-se: o uso de bicicletas e de veículos elétricos; a integração de algoritmos para a redefinição do design de embalagens (com o objetivo de utilizar materiais sustentáveis ou reciclados junto com a otimização do espaço); software de gestão de inventário, bem como edifícios inteligentes que economizam até 45% de energia em um período de cinco anos.
Dada a situação atual, o e-commerce tem sido essencial na economia da região. Um exemplo disso é a incorporação de mais de 200 veículos híbridos e elétricos na América Latina, que contribuem para a redução da geração de CO2, bem como as operações de armazéns com certificação LEED (tanto no Brasil como no México), que garantem eficiência tanto em recursos quanto energia.
Tivemos no Brasil um grande crescimento do e-commerce durante a pandemia, o que aumentou a demanda por qualidade e eficiência. E isso, consequentemente, exigiu um investimento em soluções inovadoras em prol do meio ambiente, principalmente no last mile.
Menos CO2 com compras on-line
Embora as compras online gerem 36% a menos de emissões do que as compras na loja física (de acordo com o MIT Real Estate Innovation Lab), a implementação de novas tecnologias tornam a operação mais eficiente, sendo essa apenas uma parte do segredo para garantir um e-commerce sustentável. O estudo mencionado no início do artigo destaca a necessidade de colaboração entre empresas, investidores ESG, governos e agências de colaboração internacional, a fim de atender às necessidades e às preocupações dos consumidores. O levantamento, aliás, contemplou algumas ações por parte de empresas da região. Como é o caso do Mercado Livre, que anunciou a incorporação de sacolas feitas com materiais 100% biodegradáveis em seu plano de sustentabilidade.
Em março de 2021, o Grupo Deutsche Post DHL anunciou seu novo plano de sustentabilidade. Neste caso, reafirmou sua ambiciosa meta de zero emissões líquidas relacionadas ao transporte até 2050. A empresa também se comprometeu a investir 7 bilhões de euros em soluções verdes. Para tanto, irá expandir sua frota de veículos elétricos para 80.000 em todo o mundo e aumentar o uso de combustíveis sustentáveis em seu transporte de longa distância (até 2030).
Por fim, a grande questão sobre se a América Latina entrará na revolução do e-commerce sustentável se transforma em uma oportunidade. Afinal, percebe-se a maturidade relativamente precoce em que a região se encontra tanto no e-commerce quanto na sustentabilidade ambiental — a fim de construirmos juntos um desenvolvimento abrangente.