Há muitos e muitos anos, o mercado foi inundado de produtos oferecidos com o número “7” como último dígito do preço: “R$ 47, R$ 27, R$ 997”…
A lenda diz que grandes copywriters do passado realizaram milhares de testes e concluíram que preços terminando em “7” vendiam mais.

Mas… será que vendiam mais mesmo?
Resposta curta: não.
Resposta longa: particularmente, já realizei dezenas de testes e acompanhei outras dezenas semelhantes, experimentando um mesmo produto com diferentes pontos de preço, alterando apenas o último dígito. No total, mais de um milhão de cliques foram analisados ao longo desses testes.
Agora, aqui está algo interessante:
O preço que menos converte é o “R$30”
Nos testes que realizei, para valores entre R$ 21 e R$ 29, não há nenhuma estatística relevante que demonstre que um dígito específico gere mais ou menos vendas.
Mas um padrão engraçado foi observado: o preço com a menor conversão foi exatamente R$ 30. E já vou explicar o porquê.
O verdadeiro motivo da conversão
O motivo não está no número “7”, mas sim em um gatilho mental chamado contraste, que provoca um arredondamento cerebral.
Exemplo:
– Um produto de R$ 100 parece “caro”.
– O mesmo produto por R$ 99 parece “menos caro” porque o cérebro percebe “90” como menor que “100”.
Da mesma forma, R$ 29,99 ainda parece melhor que R$ 30, porque o cérebro “lê” 29 e arredonda para baixo.
Não é sobre um número mágico, mas sobre a forma como lemos e interpretamos textos.
Outros truques cerebrais
Além do arredondamento, há outros mecanismos que influenciam a percepção de preço.
Exemplo:
– Uma taxa de juros de 1% parece muito mais alta do que uma taxa de 0,99%, porque o cérebro lê “menos de 1%” como algo insignificante, quase zero.
Agora, considere um caso ainda mais extremo.
Exemplo:
– Preço cheio: R$ 2.000
– Pagamento à vista: R$ 999
Parece uma diferença enorme, certo? Mas, além de reduzir de R$ 2 mil para R$ 1 mil, a percepção se torna ainda maior porque o preço caiu para “menos de mil reais”.
A estratégia real de preços
Uma estratégia de precificação eficiente não depende do último dígito, mas da percepção do público.
Na próxima vez em que revisar seus preços, pergunte-se: “Os valores atuais estão criando saltos visíveis e gerando contraste suficiente para o meu público?”
Se a resposta for não, talvez seja a hora de repensar. Pequenos ajustes, com ou sem o número 7, podem gerar grandes resultados.
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