Os gastos dos brasileiros em sites internacionais subiram mais que o dobro em 2023, atingindo R$ 6,42 bilhões, segundo informações da Receita Federal. Esse aumento expressivo reflete a crescente preferência dos consumidores por compras em plataformas estrangeiras, mas levanta a questão sobre o que poderia ser feito para valorizar o e-commerce nacional.
Fatores que impulsionam as compras em sites internacionais
Uma série de fatores explica por que os brasileiros estão cada vez mais voltados para as compras em sites internacionais:
1. Preços competitivos: produtos em sites estrangeiros, especialmente os chineses, frequentemente oferecem preços significativamente mais baixos do que suas contrapartes nacionais. Isso se deve à produção em larga escala e ao menor custo de fabricação em países como a China.
2. Variedade de produtos: sites internacionais tendem a oferecer uma gama mais ampla de produtos, muitas vezes incluindo itens que não estão disponíveis no mercado brasileiro. A possibilidade de adquirir produtos exclusivos ou de última geração atrai muitos consumidores.
3. Programas de isenção fiscal: a implementação do programa “Remessa Conforme” pela Receita Federal, que isenta compras de até US$ 50 de impostos federais, também contribuiu para o aumento das compras internacionais. Em 2023, a quantidade de declarações de importação saltou de 3,41 milhões para 57,83 milhões, um crescimento impressionante de 1.596%.
Impactos econômicos e desafios
O aumento das compras internacionais apresenta desafios significativos para a economia brasileira. A isenção fiscal para pequenas remessas é uma faca de dois gumes: enquanto oferece alívio aos consumidores, resulta em perda de arrecadação tributária. A Receita estima que a ausência de taxação pode representar uma perda potencial de aproximadamente R$ 34,93 bilhões até 2027.
Além disso, o setor varejista brasileiro enfrenta dificuldades de competitividade. Varejistas locais têm protestado contra a desigualdade de condições, pois precisam lidar com altos custos operacionais, tributação e burocracias que não afetam seus concorrentes internacionais da mesma forma.
Caminhos para valorizar o e-commerce brasileiro
Para fortalecer o e-commerce nacional e torná-lo mais competitivo, algumas medidas podem ser adotadas. Para isso, contudo, é necessário empreender uma força conjunta entre poder público, a indústria e os lojistas trabalhando em prol do fortalecimento do e-commerce nacional. Algumas ações que podem contribuir para essa valorização, são:
Por parte do poder público:
– Redução de cargas tributárias: simplificar e reduzir a carga tributária sobre produtos nacionais poderiam ajudar a nivelar o campo de jogo, tornando os preços mais competitivos.
– Incentivos à inovação: investir em tecnologia e inovação pode capacitar empresas brasileiras a oferecerem melhores experiências de compra, com mais eficiência e segurança.
– Melhorias na logística: aprimorar a infraestrutura logística é crucial para reduzir os custos e tempos de entrega, um fator decisivo para a satisfação do consumidor.
Por parte da indústria:
– Parcerias estratégicas: estabelecer parcerias com fabricantes e fornecedores internacionais pode permitir que varejistas brasileiros ofereçam uma maior variedade de produtos a preços competitivos.
Por parte dos lojistas:
– Programas de fidelização: desenvolver programas de fidelidade e ofertas exclusivas pode ajudar a reter clientes e aumentar a recorrência de compras no e-commerce nacional.
O crescimento das compras em sites internacionais pelos brasileiros é um fenômeno impulsionado por preços competitivos, diversidade de produtos e isenções fiscais. Entretanto, para valorizar o e-commerce brasileiro, é essencial implementar medidas que reduzam as desvantagens competitivas enfrentadas pelos varejistas nacionais. Com uma abordagem estratégica, é possível fortalecer o setor e tornar o mercado doméstico mais atraente para os consumidores.