Há seis anos, o portal americano Mashable, voltado para assuntos relacionados à propaganda e redes sociais, instaurou o dia 30 de junho como o “Social Media Day”. Claro que hoje há datas para tudo e muitas vezes coisas sem sentido algum. Acontece que há um fenômeno em várias esferas diretamente relacionado ao surgimento dessas novas mídias.
A primeira delas, chamada ClassMates, foi criada em 1995 pelo norte-americano Randy Conrads com o intuito de unir amigos estudantes na web. Grandes redes conhecidas mundialmente só entraram no mercado no início dos anos 2000: o Myspace e o Linkedin em 2003 e o Orkut (já desativado) em 2004. O Facebook surgiu no mesmo ano do Orkut, mas só foi liberado para o grande público (acima de 13 anos e com um e-mail válido) a partir de 2006.
Após essa época, as conexões explodiram e o que era conhecido como teoria dos 6 graus de separação, onde qualquer ser humano da terra podia ser alcançado com no máximo uma linha de seis contatos, caiu para 4 graus depois das redes sociais e dependendo do nicho o número chega a 3,2.
O filósofo francês nascido na Tunísia Pierre Lévy e autor dos livros “O que é virtual” e “Cibercultura” mostra o “status quo” das relações contemporâneas através da evolução midiática dentro da alta modernidade.
No início das criações de comunicação, a relação era “um-um” já que as relações se davam via cartas ou telefone; com o advento do rádio e depois da televisão a relação passou a ser “um-todos”, onde um único aparelho atingia uma determinada massa dependendo do seu alcance; e por fim a internet e as redes sociais deram início a uma fase que o autor chama de “todos-todos”.
Seria esse o ponto máximo da globalização e da relação entre empresas/consumidores? Seria esse o ápice do narcisismo pós-moderno e a afetação do self perfeito? Levy acredita que a revolução digital mal começou e faz sentido quando lemos pesquisas recentes que mostram que 60% da população mundial ainda não tem acesso à internet. Drones, robôs, iphones então nem se fala.
Diante da história do mundo, as redes sociais têm milésimos de segundos, mas sem elas nem você e nem a sua empresa (e em muitos casos crescentes, nem a sua instituição religiosa) têm sentido no mundo, tanto o on-line quanto o off-line. Esse hibridismo do virtual com o real torna nossos aparelhos digitais como uma espécie de continuidade do corpo e quando não os levamos juntos conosco, nos sentimos amputados do sentido da vida.
Mais do que os lucros ou as conquistas pessoais, o Social Media Day deve existir para uma reflexão do futuro do mercado, da sociedade e sua privacidade e por que não da vida sem as redes, nem que, por um instante dê atenção às coisas e pessoas que estimamos.