O ano está chegando ao fim e, no mercado do empreendedorismo digital, marketing e tecnologia, foram muitas as novidades que surgiram ao longo de 2023.
A tendência é de que novas formas de fazer surjam a cada dia, que o tempo passe cada vez mais rápido e que a tecnologia ocupe cada vez mais espaço em nossas vidas, seja em um nível pessoal ou profissional.
Dito isso, como está o seu fôlego e planejamento para 2024? Já é hora de começar a pensar no que vem por aí e em como adequar o seu negócio às novas realidades.
Este artigo propõe algumas reflexões, tendências e práticas recomendadas que podem ser incorporadas ao seu empreendimento. Contudo, é importante destacar que, embora as inovações surjam diariamente, implementá-las nem sempre é uma tarefa simples.
Um exemplo notável é a omnicanalidade, mencionada como tendência há pelo menos cinco anos, mas que muitas empresas ainda não conseguiram integrar efetivamente em suas operações.
Portanto, ao explorar as novidades do mercado, é fundamental ponderar sobre sua aplicabilidade ao seu negócio, evitando a ansiedade de promover mudanças abruptas em sua estrutura. A consistência e uma abordagem estratégica são os pilares para a construção de um negócio duradouro e bem-sucedido.
Agora, vamos às tendências!
1) Vídeos e experiência do consumidor
Não é de hoje que o conteúdo em vídeo desponta como uma tendência para o e-commerce. Mas, até o momento, ele era muito atrelado às redes sociais, como Instagram, com os formatos de stories e reels, TikTok e YouTube.
Mas, agora, já é possível inserir o formato diretamente no seu e-commerce, por meio de plugins, quebrando a barreira de o consumidor não conseguir ver detalhes do produto antes de a mercadoria chegar à sua casa.
Lançar mão desse recurso é uma forma de melhorar a experiência de compra do cliente, sanar dúvidas e gerar valor – ao destacar detalhes e acabamentos do produto.
Além disso, é uma estratégia efetiva para reduzir os pedidos de devolução por arrependimento, considerando que você está munindo o cliente com muito mais detalhes e informações do produto.
Então, para 2024, foque seus esforços no uso de vídeo dentro do seu próprio e-commerce. Capriche nas produções e, claro, não se esqueça de fazer boas fotos e descrições de produtos informativas para acompanhar o material audiovisual.
2) IA generativa
A IA generativa, como o ChatGPT e A Midjourney, são tecnologias baseadas em algoritmos e capazes de criar conteúdo original de forma autônoma.
Em 2023, esse foi um dos assuntos mais comentados no mercado. Mas o seu negócio está realmente aproveitando o potencial dessa ferramenta para otimizar processos e a experiência de compra do seu cliente?
É possível gerar textos e imagens com essas ferramentas, otimizando recursos e tempo da sua equipe na gestão do seu negócio. Mas, para além de criar descrições atrativas dos produtos, em um futuro próximo, poderemos ver esse tipo de inteligência fazendo sugestões para clientes e refinando a experiência de compra.
Um case de sucesso já em prática disso é o site da Amazon nos Estados Unidos, que faz um compilado de informações das avaliações de outros clientes para entregar uma resposta ponderada mais enxuta para os usuários a respeito da qualidade daquele produto, sinalizando que se trata de um material produzido por IA e que ainda precisa ser aprimorado.
Outros usos que podem ser dados à IA generativa são:
– produção de artigos, e-mails e outras comunicações em texto;
– produção de fotos de produtos em outros contextos – a Chilli Beans já tem um case de sucesso de uma campanha toda feita com IA;
– otimização de campanhas de mídia paga;
– prevenção à fraude;
– manuseio de dados, produção de relatórios e análises completas para otimização de recursos, melhora no tempo de resposta e atendimento consultivo.
3) Realidade aumentada
A Realidade aumentada já é palpável em muitos e-commerces no Brasil, principalmente em lojas de móveis, de tintas e de óculos – por serem negócios que dependem de o consumidor poder visualizar os itens aplicados no contexto ao qual será inserido.
Mas não são apenas esses modelos de negócio que podem se beneficiar de RA. Na indústria da moda, os clientes podem provar as peças no corpo, tornando a compra mais assertiva. Na educação, essa tecnologia pode contribuir para o aprendizado, fazendo com que alunos interajam com a história da humanidade, modelos tridimensionais, vejam a física aplicada etc. No turismo, os consumidores podem interagir com mapas, roteiros, visualizar hospedagem, entre outras possibilidades.
Resumindo, a tecnologia de realidade aumentada tem um enorme potencial para agregar em diferentes modelos de negócios e aprimorar a experiência das pessoas nesse contato com as marcas.
4) Refinamento da estrutura logística
Uma das principais dores dos consumidores ao comprar online são os prazos de entrega e os atrasos. Levando em consideração o imediatismo das redes, um grande desafio do mercado é encurtar essa jornada de entrega para uma maior satisfação dos clientes.
Nesse sentido, a entrega no mesmo dia é uma tendência que chama a atenção no gosto dos consumidores. Segundo o Statista, o mercado de entrega no mesmo dia deverá valer US$ 14,9 bilhões em 2024.
Amazon e Mercado Livre já despontam com essa novidade no Brasil. Mas a tendência é de que os demais e-commerces precisem se adequar a essa demanda do mercado para se manterem competitivos.
Outra tendência no que tange à logística é o refinamento da cadeia logística com auxílio de machine learning.
Essa tecnologia, que aprende conforme o uso, já é largamente empregada em sistemas antifraude, e a tendência é de que se expanda para a logística, fazendo análises preditivas para prevenir a ruptura de estoque.
Ela também pode ser aplicada na roteirização inteligente, melhorando a eficiência das entregas e reduzindo custos de transporte. Além disso, a personalização das rotas de entrega com base em dados históricos e em tempo real pode contribuir significativamente para a satisfação do cliente.
5) Pagamentos invisíveis
Os pagamentos invisíveis, aqueles que acontecem de forma tão orgânica no fluxo da transação que são quase imperceptíveis ao cliente, têm sido discutidos por algum tempo, especialmente após a pandemia, e agora despontam como uma forte tendência para 2024.
Pagamentos recorrentes, pagamentos por aproximação (RFID ou NFC), compra com um clique, tags veiculares… Essas são algumas das aplicações dos pagamentos invisíveis que já estão consolidadas no mercado, com perspectiva de ampliar o número de adeptos e a aceitação em diversos estabelecimentos.
Ainda seguindo essa tendência, uma novidade que promete crescer é a possibilidade de realizar pagamentos apenas com o reconhecimento facial.
Esse tipo de pagamento imperceptível cria uma experiência de compra muito mais fluida e sem atritos para o consumidor, tanto em compras físicas quanto em transações não presenciais.
O grande desafio para que essa tendência se consolide são as questões relacionadas à segurança. É crucial que os consumidores se sintam seguros ao adotar essas inovações, e os participantes do mercado precisam estabelecer um ecossistema verdadeiramente seguro, protegendo a identidade e o uso dos dados dos consumidores, além de garantir proteção contra fraudes e roubos.
6) Segurança de pagamentos: 3DS e tokenização
Falando em segurança, fortes tendências para 2024 são o crescimento e a consolidação das tecnologias de 3DS e tokenização de bandeiras como camadas adicionais de segurança para as transações não presenciais.
O 3DS, ou Three Domain Secure, é um protocolo de segurança que visa autenticar o titular do cartão durante uma transação online. Ele adiciona uma camada extra de proteção, fazendo uma dupla validação para autenticar a compra.
Essa tecnologia evoluiu ao longo dos anos, tornando-se mais eficaz na prevenção de fraudes, ao mesmo tempo em que busca oferecer uma experiência de compra mais fluida para os usuários. Na versão atualizada do 3DS, a verificação é realizada por meio de mecanismos como tokens, SMS, Face ID e, até mesmo, autenticações silenciosas.
A tokenização de bandeira, por sua vez, é uma abordagem inovadora para proteger as informações do cartão. Em vez de transmitir o número real do cartão, um token, que é uma combinação alfanumérica aleatória, passa a representar os dados do pagamento. Isso significa que, mesmo se os dados forem interceptados, eles não podem ser utilizados para realizar transações fraudulentas.
O token só pode ser usado quando combinado a um criptograma, que é liberado pela bandeira e pelo emissor do cartão. O criptograma é uma espécie de chave de uso único para o token, ou seja, é trocada a cada transação.
Dessa forma, a tokenização oferece uma camada adicional de segurança, reduzindo significativamente os riscos associados ao armazenamento e à transmissão de informações sensíveis.
Empresas e consumidores estão cada vez mais conscientes da importância de adotar medidas proativas para proteger suas informações financeiras. A implementação dessas tecnologias não apenas atende a essa demanda crescente por segurança, mas também fortalece a confiança nas transações online.
7) Retail media
O retail media consiste em uma estratégia de mídia paga na qual plataformas de compra, como grandes marketplaces, abrem espaços publicitários estratégicos para que outras marcas promovam seus anúncios.
Assim, as marcas têm a oportunidade de impactar os clientes em um ambiente no qual já estão naturalmente inclinados a realizar uma compra. Essa abordagem capitaliza a atenção do consumidor no momento certo, funciona como uma troca comercial ganha-ganha entre os marketplaces e os demais lojistas e, ainda, cria uma fonte de dados muito rica para entender os hábitos de compra e otimizar campanhas em tempo real.
Vale destacar que, com o fim dos cookies de terceiros, esse é um aspecto interessante, tendo em vista que são coletados dados primários. Essa vantagem ocorre de maneira ética, visto que os consumidores já concederam seu consentimento ao aceitar as políticas de privacidade durante o cadastro.
8) Autoatendimento interativo
No momento de comprar online, o consumidor tem à sua disposição uma infinidade de ferramentas de busca, comparação e avaliações.
Nesse sentido, é importante fornecer o máximo de informações pertinentes na descrição do produto, garantindo que não restem dúvidas em relação à compra. Caso contrário, o consumidor pode acionar a sua equipe de vendas – e se frustrar, caso tenha que esperar o horário de atendimento, não podendo finalizar a compra no momento mais oportuno para ele ou, ainda, buscar a informação na concorrência e também encontrar por lá condições mais atrativas.
Portanto, uma tendência importante para 2024 é deixar cada vez mais self-service o processo de compra no ambiente virtual. Isso significa que você deve enriquecer o seu site com tudo que o cliente precisa para uma tomada de decisão assertiva, incluindo tecnologias já mencionadas anteriormente no artigo. É o caso dos conteúdos em vídeo e da realidade aumentada e, ainda, calculadora de medidas ou provador virtual, catálogo de cores e outras possibilidades de personalização e quaisquer conteúdos adicionais que possibilitem ao cliente tomar a decisão de forma independente.
Essas são as oito principais tendências de 2024 no segmento de varejo e e-commerce. Seu negócio já está se preparando para alguma delas? Lembre-se do conselho do início do artigo: nem tudo é simples de ser executado, e a consistência e um plano de negócios sólido são o grande diferencial para implementar inovações que façam sentido e tenham bons resultados para o seu modelo de negócio e para o seu cliente.