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China enfrenta excesso de shoppings e Apple fecha primeira loja no país

Por: Alice Lopes

Jornalista no E-Commerce Brasil

Jornalista no E-commerce Brasil, graduada pela Universidade Nove de Julho e apaixonada por comunicação.

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A China vive hoje uma contradição no varejo físico. O país que já dobrou o número de shoppings em pouco mais de uma década agora sente os efeitos de um excesso de construção. O movimento acontece em meio à ascensão do e-commerce, que avança de forma acelerada e pressiona o modelo tradicional.

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(Imagem: Unsplash)

Boom de construção e excesso de oferta

Desde 2013, a China passou de 3.300 para 6.700 shoppings em funcionamento. O crescimento contrasta com o cenário dos Estados Unidos, onde um em cada seis centros comerciais fechou após o pico do setor no mesmo ano.

Enquanto alguns empreendimentos prosperam, outros enfrentam queda de fluxo de clientes e dificuldades financeiras. O caso mais emblemático foi o fechamento da loja da Apple no shopping InTime City, em Dalian, no nordeste do país. Foi a primeira vez que a empresa encerrou uma unidade no mercado chinês.

A Apple ainda mantém uma segunda loja na cidade, no shopping Olympia 66, a 2,5 km de distância, que absorveu parte dos funcionários da unidade encerrada.

E-commerce e sistema tributário aceleram a crise

A popularização das compras online é um dos principais fatores por trás da pressão sobre os shoppings. Estima-se que 10 milhões de pessoas trabalhem com entregas na China, muitas em scooters elétricas, mas também em veículos autônomos e drones. O serviço é barato e conveniente, reduzindo a necessidade de visitas presenciais.

Outro fator é o sistema tributário chinês, que favorece a construção de shoppings. Governos locais arrecadam impostos significativos sobre vendas realizadas nesses centros, mas quase nada com imóveis residenciais. Isso estimula a continuidade de projetos, mesmo diante da desaceleração do consumo. Só em 2024, foram inaugurados 430 novos shoppings.

Vencedores e perdedores no varejo físico

O setor se divide entre empreendimentos bem-sucedidos e fracassados. No InTime City, a antiga loja da Apple e outras marcas de luxo fecharam as portas após uma crise financeira em 2022. Já o Olympia 66 segue em operação e concentra maior movimento.

A dificuldade é ampliada pela retração da classe média chinesa, impactada pela desvalorização dos imóveis e pela queda na confiança do consumidor. Pesquisa da Associação de Comércio Geral da China apontou que dois terços das lojas de departamento registraram queda nas vendas e nos lucros em 2024.

Apple sob pressão de marcas locais

Além da escolha dos pontos físicos, a Apple enfrenta a concorrência de fabricantes chineses, como Huawei e Xiaomi, que se beneficiam de incentivos estatais ao consumo.

Mesmo assim, a companhia registrou alta de 4,4% nas vendas na região da Grande China no segundo trimestre e espera encerrar 2025 com 58 lojas em operação, o mesmo número que possuía em janeiro. Segundo a empresa, o fechamento em Dalian ocorreu após a saída de outros varejistas do InTime City.