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Com novas tarifas, Temu reformula operação e aposta em vendedores americanos

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Por: Alice Lopes

Jornalista Júnior no E-Commerce Brasil

Jornalista júnior no E-commerce Brasil, graduada pela Universidade Nove de Julho e apaixonada por comunicação.

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A Temu anunciou, na última sexta-feira (2), uma reformulação imediata em seu modelo logístico nos Estados Unidos. A mudança foi divulgada poucas horas após o fim da isenção tarifária que permitia a importação de mercadorias com valor de até US$800 sem a incidência de impostos e sem inspeção. A partir de agora, segundo a empresa, todos os pedidos realizados nos EUA serão gerenciados e despachados por vendedores locais.

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(Imagem: reprodução)

“Todas as vendas nos EUA agora são gerenciadas por vendedores locais, com pedidos atendidos dentro do país”, afirmou um porta-voz da Temu em comunicado. A empresa afirma estar recrutando ativamente comerciantes americanos para integrar a plataforma.

Nova estratégia tenta contornar barreiras comerciais

A decisão representa um reposicionamento estratégico diante da nova política tarifária do governo Trump, que pretende restringir a entrada de produtos chineses com medidas mais duras. Até então, plataformas como Temu, Shein e AliExpress utilizavam a regra do de minimis para inundar o mercado americano com produtos de baixo custo, sem arcar com taxas aduaneiras.

A nova tática da Temu, entretanto, não altera a origem dos produtos, ainda fabricados na China. A empresa tem investido na ampliação de centros de distribuição em solo americano e, segundo a Bloomberg, iniciou uma reestruturação da cadeia de suprimentos, pedindo que fábricas chinesas enviem produtos a granel para seus armazéns nos EUA. A medida visa manter o ritmo de entregas, mesmo com as mudanças regulatórias.

Estoques esgotados e aumento de preços

A transição, no entanto, já apresenta desafios. Usuários nas redes sociais relatam que diversos itens se tornaram indisponíveis no catálogo da plataforma. Em fóruns como o Reddit, consumidores afirmam que seus carrinhos virtuais perderam dezenas de produtos em poucas horas. Um dos relatos menciona que 60 itens desapareceram do estoque em um único dia, enquanto outro usuário informou que apenas dois dos mais de 300 itens em sua lista permaneceram disponíveis.

Além disso, há novas condições de frete. Para que não sejam cobradas taxas adicionais, os pedidos locais precisam somar ao menos US$30. Apesar da alegação da Temu de que não há custos extras na entrega a partir dos armazéns locais, os relatos indicam limitações na oferta e aumento de preços. A empresa, inclusive, já começou a ajustar os valores na semana passada.

Impactos no modelo de negócios

Segundo o professor Chris Tang, especialista em gestão de cadeias de suprimento na UCLA, a Temu terá opções limitadas caso as rupturas de estoque persistam. Entre elas, reencomendar os produtos (com prazos mais longos e custos maiores), oferecer itens similares em substituição ou, ainda, repassar os custos ao consumidor.

A ofensiva tarifária do governo Trump e a resposta imediata da Temu revelam como empresas de e-commerce chinesas tentam preservar sua presença no mercado americano mesmo diante de barreiras comerciais mais rígidas. O sucesso da estratégia, no entanto, dependerá da capacidade de manter preços competitivos sem comprometer a disponibilidade dos produtos.

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