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Governo estuda medidas para apoiar setores afetados pelas tarifas dos EUA

Por: Alice Lopes

Jornalista no E-Commerce Brasil

Jornalista no E-commerce Brasil, graduada pela Universidade Nove de Julho e apaixonada por comunicação.

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O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que o Governo Federal deve apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda nesta semana, um conjunto de alternativas para mitigar os efeitos da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Em entrevista à Rádio CBN nesta segunda-feira (21), Haddad afirmou que “a ajuda aos setores prejudicados pode estar dentro dos planos de contingência”.

Fernando Haddad se pronuncia
(Imagem: reprodução/Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Apesar de reforçar que a prioridade do Governo é manter o diálogo com os EUA, o ministro reconheceu que já há um plano de contingência sendo elaborado para o caso de as tarifas se manterem. “Temos plano de contingência para qualquer decisão, mas jamais sairemos das negociações”, pontuou.

Pressão política e reações do governo

O aumento tarifário foi anunciado pelo Presidente norte-americano Donald Trump com justificativas de caráter político, especialmente relacionadas ao processo que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Justiça brasileira. Segundo Haddad, o histórico das políticas adotadas por Trump exige que o Brasil esteja preparado para diferentes cenários. “O responsável dos EUA no Brasil ainda não nos procurou em relação às nossas respostas sobre tarifas”, comentou o ministro.

A avaliação do Governo é de que a decisão de Trump também afeta outros países, como o Canadá, e que o Brasil vem buscando interlocução contínua com as autoridades americanas. “Já fizemos mais de dez reuniões com os EUA este ano, e antes do anúncio havia disposição para o diálogo”, destacou.

Ausência de resposta e foco na diplomacia

Com a nova tarifa prevista para entrar em vigor dentro de dez dias, o Governo brasileiro ainda aguarda uma resposta oficial dos EUA. Haddad afirmou que é possível que agosto chegue sem qualquer devolutiva americana. Mesmo assim, garantiu que o país permanecerá nas negociações. “O Brasil não vai sair da mesa de negociação, é determinação de Lula”, disse.

O Ministro criticou o comportamento de parte da oposição, que estaria atuando contra os interesses nacionais. “Tem uma família específica no Brasil que está concorrendo contra os interesses nacionais”, afirmou, sem citar nomes.

Exportações e impacto no comércio bilateral

Haddad também abordou a possibilidade de redirecionamento das exportações brasileiras, mas alertou para as dificuldades logísticas e comerciais envolvidas. Segundo ele, muitos dos produtos exportados são fabricados sob demanda para o mercado norte-americano, o que torna difícil substituir esses destinos. “O Brasil não pode perder racionalidade na conversa com os EUA”, avaliou.

Além das tratativas diplomáticas, o Governo argumenta com base em fundamentos econômicos. O Brasil registra déficits comerciais com os Estados Unidos tanto em bens quanto em serviços. “Os EUA têm renda per capita muito maior, não faz sentido estar incomodado com o Brasil”, afirmou o ministro.

Relação bilateral sob tensão

Haddad afirmou que manter uma relação fluida com os Estados Unidos tem se mostrado desafiador para diversos países. Em resposta às críticas sobre suposta falta de comunicação do governo brasileiro, o ministro destacou a influência diplomática do presidente Lula. “Lula é um dos poucos líderes do mundo com portas abertas em todos os países”, concluiu.