Marcas chinesas de eletroeletrônicos estão conquistando espaço no Brasil e derrubando a imagem de que seus produtos são apenas baratos e de qualidade duvidosa. Dados da NielsenIQ mostram que, em 2025, pela primeira vez a fatia dessas fabricantes superou 20% do faturamento do varejo nacional em categorias como geladeiras, lavadoras, aparelhos de ar-condicionado, TVs, computadores, smartphones e eletroportáteis.

Outro marco é que, neste ano, as vendas online desses itens ultrapassaram as do varejo físico, sinalizando maior confiança do consumidor nas marcas chinesas.
Crescimento acelerado no Brasil
No primeiro semestre de 2025, os chineses representaram 21% do faturamento do setor, contra 20% em 2024. Até 2019, essa participação não passava de 16%. O crescimento acompanha os investimentos de empresas da China em fábricas no Brasil e em ações de marketing, como patrocínios esportivos e publicidade em grandes centros.
Embora a consultoria não divulgue quais marcas fazem parte do levantamento, nomes como Gree, Midea, Hisense e TCL têm expandido sua presença no país, principalmente nas linhas branca e marrom. Já no segmento de smartphones, Oppo e Jovi passaram a disputar espaço com Samsung, Motorola e Apple.
A ofensiva das fabricantes chinesas marca o início de uma terceira onda asiática no mercado brasileiro de eletroeletrônicos: nos anos 1990, o movimento foi das japonesas; na década de 2000, das sul-coreanas.
Mercado atrativo e competitivo
Para a Eletros, associação que reúne fabricantes do setor, o Brasil é considerado um mercado altamente estratégico. Com população de 212 milhões de habitantes e diversidade climática, é possível vender uma ampla gama de produtos ao longo do ano, de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado no Norte a aquecedores no Sul.
Além disso, a baixa penetração em algumas categorias demonstra espaço para expansão. O ar-condicionado, por exemplo, ainda não chega a 20% dos lares brasileiros, enquanto os televisores, presentes em 95% das casas, mantêm produção anual de 12 milhões de unidades, impulsionada pela renovação tecnológica.
Outro ponto destacado é que a China, após os impactos da pandemia, busca reduzir a dependência de fábricas concentradas apenas em seu território. A produção local no Brasil é vista como estratégia para mitigar riscos e ampliar presença global.
Produtos premium e avanço do online
O crescimento das marcas chinesas ocorre não apenas em volume, mas principalmente em valor. Nos últimos três anos, essas fabricantes passaram a apostar em itens de maior tíquete médio, como TVs de telas grandes, computadores avançados, lavadoras lava e seca e geladeiras com tecnologia embarcada.
Essa mudança de estratégia reflete uma quebra de paradigma: as chinesas deixaram de atuar apenas no segmento de entrada e passaram a competir também no mercado premium.
Outro dado relevante é que, em 2025, o canal online ultrapassou as lojas físicas na venda de produtos chineses. A fatia digital atingiu 54% das unidades vendidas, contra 46% do varejo tradicional.
Em volume, a participação das marcas chinesas também avançou: 14% de todos os eletroeletrônicos vendidos no país neste ano, ante 13% em 2024.