As mudanças climáticas começam, gradativamente, a afetar além do que as pessoas vão vestir para sair durante o inverno ou verão. Na prática, de acordo com a análise Varejo & Consumo, feita pelo BTG Pactual, temperaturas extremas devem atrapalhar significativamente o varejo de moda e suas produções até 2030.
No Brasil, enquanto as coleções de inverno a longo prazo sofrem os impactos da imprevisibilidade climática nas vendas trimestrais, a pesquisa cita que calor extremo e enchentes podem prejudicar a moda global. A primeira, aliás, é um dos pontos principais para explicar a inconsistência do varejo brasileiro de moda.
Com o impacto cada vez maior da mudança climática, os varejistas que conseguirem adaptar melhor suas coleções de inverno, migrando para produtos mais leves e de origem nacional, deverão ter um desempenho superior.
As marcas que conseguirem desenvolver ofertas de roupas mais versáteis por meio de design e tecnologia também terão uma vantagem, apoiadas por modelos push & pull e reativos bem-sucedidos.
Analistas do BTG PactualDados da Universidade de Cornell, nos EUA, e trazidos pelos especialistas, mostram que os quatro principais países que produzem para este segmento sofrerão uma retração. Até 2030, conforme afirma o estudo da instituição de ensino, a diminuição nos ganhos do varejo de moda nessas regiões (não citadas) pode chegar a US$ 65 bilhões.
Brasil: moda no segundo trimestre
Para o recorte de abril a junho, a análise do BTG Pactual coloca que as vendas das coleções de outono-inverno foram afetadas por um período mais quente que o normal, além das enchentes que atingiram cidades do Rio Grande do Sul em maio.
Em termos práticos, apesar de uma piora nas vendas, os analistas acreditam que a diminuição de 9% em dias de estoque do primeiro trimestre pode “atenuar alguns desses efeitos”.
A opinião de varejistas importantes do segmento, tais como Grupo Soma e Renner, mostram que, no segundo trimestre de 2023, o clima mais quente durante um período que deveria ser frio causou pouca demanda.
Neste ano, como mostra o BTG Pactual, as coleções de outono-inverno foram, uma vez mais, diretamente impactadas em procura de consumidores nas lojas.