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PMEs fecham primeiro trimestre com alta de 11,5% no faturamento, aponta Omie

Por: Lucas Kina

Jornalista e repórter do E-Commerce Brasil

Após bom índice de faturamento em fevereiro, as pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras mantiveram a performance positiva em março. Em comparação ao mesmo mêsmo no ano passado, a categoria obteve alta de 4,7%. Isso também fechou o primeiro trimestre do ano com 11,5% de crescimento no faturamento na comparação ano a ano. Os dados são do Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs).

De acordo com a análise, todos macrossetores (Indústria, Serviços, Comércio e Infraestrutura) apresentaram aumento no índice no primeiro trimestre. Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, afirma que parte do bom retrospecto se deve a resiliência no mercado de trabalho, além da que dos efeitos da queda da taxa básica de juros (Taxa Selic), refletindo nas concessões de crédito às pessoas físicas.

De forma geral, a expansão das PMEs contou com um desempenho ímpar das atividades de Serviços. Além disso, o especialista cita que os efeitos da queda das taxas de juros devem abrir espaço para uma retomada consistente do faturamento real das PMEs do Comércio.

Números

Indústria

As PMEs da Indústria cresceram 15,6% na comparação ao primeiro trimestre de 2023, com aumento na demanda doméstica e normalização das cadeias globais de produção, com custos caindo, principalmente para indústrias de porte menor.

Dos 23 subsetores da indústria de transformação, 19 mostraram evolução entre janeiro e março deste ano. Veja:

  • Metalurgia;
  • Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados;
  • Fabricação de móveis.

Comércio

O estudo considerou o setor de Comércio a grande surpresa do primeiro trimestre, que teve um começo de ano difícil e, aos poucos, se recuperou. As PMEs da área cresceram 4,6%, com resultado puxado por:

  • Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (36%);
  • Comércio atacadista (3,5%).

No atacado, destaque para Produtos odontológicos; Fios e fibras beneficiados e Bebidas.

Para o varejo, o primeiro trimestre apresentou uma queda pequena de 0,4% na comparação com mesmo período em 2023. Em março, o resultado também foi negativo (6,3%).

Entre as melhores atuações, estão:

  • Vidros;
  • Pedras para revestimento;
  • Artigos para viagem;
  • Cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal;
  • Equipamentos para escritório’.

Já com retrospectos negativos, estão:

  • Artigos de armarinho;
  • Calçados;
  • Mercearias e minimercados.

Serviços

A tendência para Serviços continua positiva, com crescimento apresentado de 8% no primeiro trimestre do ano. O estudo aponta que, com menor pressão inflacionária, o poder de compra das famílias e das empresas foi favorecido, ajudando na contratação de prestadores de serviços dos mais variados ramos.

A maior relevância entre as atividades nos primeiros três meses de 2024 ficou por conta de:

  • Atividades administrativas e serviços complementares (agências de turismo, serviços para edifícios e serviços administrativos para empresas);
  • Atividades profissionais, científicas e técnicas (atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria e serviços de arquitetura e engenharia);
  • Atividades financeiras e de seguros.

Infraestrutura

Por fim, em Infraestrutura, houve uma inversão de tendência constatada pela Omie na análise das PMEs. Na comparação ano a ano, houve crescimento de 5,9% no primeiro trimestre e com destaque para:

  • Serviços especializados para construção (serviços em obras imobiliárias desde a fundação até a fase de acabamento);
  • Captação, tratamento e distribuição de água;
  • Descontaminação e outros serviços de gestão de resíduos.

Por outra ótica, o desempenho negativo no setor ficou por conta de atividades como:

  • Obras de infraestrutura;
  • Construção de edifícios.

Regional

O IODE-PMEs também apresenta uma visão regionalizada do comportamento do mercado de pequenas e médias empresas no país. O índice aponta que a ascensão, do mercado foi disseminado na maioria das regiões: Sudeste (+9,7% ante o 1T 2023), Sul (+9,3%), Nordeste (+8,4%) e Centro-Oeste (+23,5%) – este último sobre uma base de comparação significativamente fraca do ano anterior. A região Norte é a única que apontou uma retração no período (-3,4%).

O que esperar de 2024

Fatores importantes que viabilizaram a retomada do mercado no decorrer de 2023 seguem produzindo efeitos positivos nos últimos meses. São elas: resiliência do mercado de trabalho, redução da inflação sobre as famílias, aumento do poder de compra e retomada do crescimento do faturamento da pequena indústria, com destaque para a normalização das cadeias globais de produção e seus efeitos sobre os custos do setor.

Outro ponto conjuntural importante é que o efeito da redução das taxas de juros fica mais evidente na economia real nos últimos meses. Quedas das taxas de juros agem no sentido de estimular o consumo e os investimentos.

Para o segundo semestre de 2024, a perspectiva é de desaceleração em relação ao desempenho recente. Há pouco espaço para uma nova tração vinda do mercado de trabalho, considerando o desemprego atual (entre 7,5% e 8,0%) e o nível elevado dos rendimentos dos trabalhadores. Além disso, não se espera ampliação de programas de incentivo à renda do governo, diante da necessidade de ajuste das contas públicas.

Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie