Durante o Latam Retail Show 2025, Joe McDonnell, diretor de Consumer, Marketing and Retail Forecasting da WGSN, apresentou o estudo Shopper Priorities, com insights sobre as transformações do consumo nos próximos anos. A WGSN é reconhecida como a maior empresa global de previsão do consumidor e tem como foco analisar comportamentos, sentimentos e tendências de compra em diferentes regiões do mundo.

Segundo McDonnell, o atual cenário econômico e social tem acelerado mudanças importantes nos hábitos de consumo. O público demonstra maior cautela ao gastar e valoriza cada vez mais fatores como durabilidade, propósito e experiência ao escolher uma marca.
Recessão alternativa e spaving
O executivo destacou os chamados indicadores de recessão alternativa, métricas que apontam sinais de retração do consumo. Embora o gasto continue acontecendo, ele é cada vez mais estratégico. Nesse cenário de incerteza, muitos consumidores demonstram um olhar para trás: 57% dos entrevistados em nível global afirmam querer que seus países voltem a ser como eram no passado, o que evidencia um sentimento coletivo de nostalgia que influencia diretamente a forma como consomem hoje.
Dentro desse contexto surge o conceito de spaving, que significa gastar para economizar. O consumidor atual compara preços, avalia benefícios e busca alternativas que tragam retorno, e não apenas custo baixo. No Brasil, por exemplo, 89% dos consumidores preferem opções mais baratas, o que mostra uma postura mais racional e calculada na hora da compra.
Compra consciente e fidelidade
O estudo da WGSN indica que cresce a disposição dos consumidores em pagar mais caro por produtos de maior durabilidade, em vez de optar por itens baratos e de vida útil curta. Essa mudança de mentalidade também fortalece o mercado de segunda mão, que passa a ser incorporado como uma escolha consciente e sustentável.
A fidelidade, antes associada apenas a públicos premium, hoje é valorizada também por quem busca valor agregado e qualidade real. Programas de assinatura, fidelidade paga e iniciativas de cashback estão entre os mecanismos que ajudam as empresas a estreitar a relação com os clientes, criando vínculos mais duradouros.
Omnicanalidade e personalização
Outro ponto enfatizado foi o omni-shopping, que reforça a necessidade de uma jornada de compra integrada entre os canais físico e digital. Para McDonnell, a ponte entre online e offline está cada vez mais curta, e garantir fluidez nessa experiência se tornou prioridade para marcas que desejam permanecer competitivas.
Além disso, a personalização desponta como uma das principais estratégias para conquistar a lealdade do consumidor. O cliente espera sentir que a marca realmente entende seu comportamento, oferecendo experiências adaptadas às suas necessidades. Nesse contexto, os descontos deixam de ser o único atrativo e cedem espaço à relevância e ao engajamento.
Bem-estar e vibecession
Entre as tendências que mais crescem está o bem-estar. O consumidor busca experiências de compra que transmitam conforto, praticidade e intenção em cada etapa. Para o varejo, essa é uma oportunidade de repensar a jornada de consumo e criar processos mais acolhedores e centrados no cliente.
Outra tendência destacada é a vibecession, conceito que se refere à busca por sensações e conexões emocionais mais profundas. Os consumidores querem mais do que adquirir produtos: buscam marcas capazes de gerar experiências multissensoriais, despertar emoções e criar uma “vibe” única que conecte o cliente ao propósito da empresa.