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E-commerce: o Brasil está na frente de Alemanha, França, Índia, Canadá e Itália. Uau!

Por: Elcio Santos

É CEO da Always On Ciência e Engenharia de Dados. Tem mais de 20 anos de experiência em posições de liderança estratégica tanto em grandes empresas como em startups do mercado digital. Trabalhou no desenvolvimento e na implantação de algumas das principais ferramentas de martech no Brasil, sendo hoje parceiro certificado da Oracle (CX) Responsys. Tem reconhecida autoridade em transformação digital, ajudando empresas a obterem resultados financeiros expressivos por meio de estratégias em dados, CRM, vendas (on e offline) e integração multicanal.

Onde você esteve entre os dias 30 de julho e 1º de agosto de 2024? E onde deveria ter estado?

Se a resposta à primeira pergunta foi que esteve no Fórum E-Commerce Brasil significa que respondeu automaticamente à segunda.

A 15ª. edição desse evento reuniu mais de 350 palestrantes, que ocuparam 4 palcos principais e mais de 30 áreas de conteúdo, 270 expositores, 28.500 participantes e gerou R$3.5 bi em negócios.

Indiscutivelmente, foi o principal evento do varejo eletrônico da América Latina e, muito provavelmente, o maior evento de e-commerce do mundo.

Aproveitando o fato de que estavam lá importantes executivos do varejo eletrônico brasileiro e internacional, fizemos algumas entrevistas – com Fábio Mori, Digital Sales and Martech Director B2B and B2C da Vivo, Luiza Fontana, Sr Retail Manager da Heineken Brasil, Carina Perkins, Senior Analyst Retail & Ecommerce de uma das mais importantes consultorias do mundo, a Emarketer, e Demi Shi, Head of Brand Partnerships, Douyin E-Commerce Global da ByteDance – que vamos publicar, juntamente com a resenha de algumas palestras e textos que contextualizam o tema, em um ebook, que pode ser solicitado através do e-mail: elcio@aodigital.com.br

Mas, por enquanto, você poderá saborear um aperitivo, lendo um resumo da palestra sobre a penetração do e-commerce no Brasil realizada por uma das principais convidadas do Fórum, Zia Daniell Wigder, Chief Content Officer da Emarketer/Insider Intelligence. Uma das maiores especialistas em e-commerce do mundo, Zia foi anteriormente Chief Global Content Officer da Shoptalk, Co-founder/Chief Content Officer da Groceryshop e VP/Research Director da Forrester. Além de minha amiga pessoal, um relacionamento que se formou quando estive na NRF alguns anos atrás.

Antes de mergulhar mais fundo no que a Zia apresentou, vamos falar um pouco sobre e-commerce em geral.

Alguns dados importantes

Segundo a Statista, empresa que consolida estatísticas mundiais principalmente sobre áreas de negócios, esta é a situação atual do ecommerce:

  • A receita no mercado de comércio eletrônico mundial deve atingir US$4,117 trilhões em 2024.
    A maior parte dessa receita é gerada na China, com um volume projetado de US$1,469 trilhões em 2024;
  • A receita deve apresentar uma taxa de crescimento anual (CAGR 2024-2029) de 9,49%, resultando em um volume de mercado projetado de US$6,478 trilhões até 2029;
  • O número de usuários no mercado de comércio eletrônico deve chegar a 3,6 bilhões até 2029;
  • A penetração de usuários será de 40,5% em 2024 e deve atingir 49,1% até 2029;
  • A receita média por usuário (ARPU) deve chegar a US$1.620,00.

Esses números ficam ainda mais impressionantes, quando consideramos o contexto histórico.

Afinal, o que é e quando surgiu o ecommerce?

Em relação ao que é e-commerce não há segredo: é simplesmente o processo de compra e venda de produtos realizado por meio de dispositivos eletrônicos. Em outras palavras, lojas virtuais de diferentes áreas e com transações feitas online. Atualmente, as mais populares são os aplicativos móveis e os sites de e-commerce na internet.

Já em relação a quando surgiu, a informação pode surpreender você.

Mil…

novecentos…

e…

SETENTA E UM!

Sério! Naqueles distante cinquenta e três anos atrás foi registrada a primeira transação comercial eletrônica. Uma empresa de computadores dos EUA – dá para imaginar qual, não? – vendeu um computador para uma universidade da Califórnia.

Nas décadas seguintes, as transações online tiveram como foco a troca de arquivos de solicitações de pedidos, ou seja, o objetivo era mostrar às áreas comerciais das empresas que os clientes tinham interesse em solicitar determinados produtos para compra.

A modalidade evoluiu quando as companhias de telefone e internet começaram a utilizar o Eletronic Data Interchange, ou ,em tradução livre, Intercâmbio Eletrônico de Dados, com o objetivo de compartilhar arquivos e documentos de negócios entre empresas.

Na década de 90, o uso dos computadores pessoais cresceu e surgiu a Internet. Na esteira da popularização dessas ferramentas, nasceram as empresas pioneiras do e-commerce tal qual o conhecemos hoje: Amazon e eBay.

No Brasil, as primeiras lojas virtuais nasceram em 1996, mas foi apenas em 1999, com o sucesso do Submarino, que os consumidores começaram realmente a se interessar em fazer compras online, principalmente livros.

No final deste artigo, você vai encontrar um link para um artigo que conta mais sobre a história do e-commerce no Brasil. Mas agora voltemos ao que realmente interessa, a palestra da Zia no Fórum.

Zia apresentou uma visão ao mesmo tempo profunda e abrangente do mercado atual, com dados sobre o Brasil que colocam nosso país em um contexto global, comparando a forma como os consumidores brasileiros estão comprando em relação aos dos outros países.

A primeira informação que ela apresentou à plateia surpreendeu muita gente: a penetração do e-commerce no Brasil é extremamente alta, maior até que países como Alemanha, França, Índia, Canadá e Itália, quase todos países mais ricos e com uma infraestrutura de tecnologia mais desenvolvida.

Em resumo, os dados mostram que o Brasil está entre os poucos países com 10-15% de penetração. O futuro, porém, depende de avançar no uso de supermercados online, onde o Brasil ainda não decolou – sem uma fatia considerável nesse mercado não se alcança 20% de penetração.

Mídias sociais: tempo a favor

O Brasil é um dos países em que se passa mais tempo nas mídias sociais – e esses países são os mercados nos quais o e-commerce cresce mais rapidamente. Provavelmente, porque as redes desempenham um papel crítico no processo de descoberta de produtos.

Um dado curioso: não é apenas a Geração Z que usa as mídias sociais, pois praticamente todas as gerações usam as redes – com destaque para as pessoas com 55+, acredita? Por isso, é importante não destinar as verbas exclusivamente para os mais jovens.

Um ponto preocupante: ainda há um desequilíbrio entre o tempo passado em dispositivos móveis e o investimento nessas plataformas.

Retail Media: o espaço do ecommerce usado como veículo de publicidade

Segundo Zia, o crescimento dessa área no Brasil não deve seguir a mesma trajetória de crescimento de outros países. Nos EUA, por exemplo, o retail media é o motor do crescimento da publicidade digital, em parte pelo amplo domínio da Amazon naquele mercado.

O mercado no Brasil é mais dividido e nem todas as plataformas dão ênfase ao retail media. Em compensação, o potencial é grande, porque os consumidores brasileiros veem positivamente a publicidade digital

Em resumo, as marcas devem incluir o retail media em suas verbas, mas avaliar bem o alcance – e usar parcerias.

Takeaways da palestra

Zia elencou três pontos importantes a considerar quando se examina o estado atual e o potencial do e-commerce no Brasil:

O e-commerce tem uma penetração no Brasil maior do que muitos países europeus. As mídias sociais desempenham um papel crucial para descoberta de produtos e, como são fortemente usadas por praticamente todas as gerações, devem contribuir fortemente para o crescimento futuro do e-commerce. O Brasil terá em breve um mercado de retail media robusto.

Para ler mais sobre a história do e-commerce no Brasil, clique aqui.

Conclusão

O e-commerce no Brasil está pronto para ganhar mais músculos e acelerar com mais força em direção a um futuro brilhante.

Em relação à palestra da Zia, a especialista usou várias vezes uma palavra-chave: parceria. Significa que as empresas não devem tentar crescer e se consolidar confiando apenas em suas próprias forças. Será necessário montar um ecossistema forte com parceiros que aportem as expertises e as tecnologias necessárias.

Até a próxima.