Seis meses após o início da campanha de vacinação, a queda da média geral de mortes por Covid-19 e a diminuição das internações têm aumentado a confiança em relação ao cenário em que estamos prestes a viver. Neste mês, o Governo de São Paulo ampliou o horário de funcionamento das atividades econômicas das 21h para as 23h, além de ter aumentado a capacidade máxima de ocupação para 60%. Dito isso, com a recuperação gradativa das atividades comerciais, o processo de reabertura total já deve começar a ser pensado, seja para os consumidores, seja para os comerciantes.
Vocês assistiram aos jogos da Eurocopa? Estádios cheios, clima de festa, comemorações nas ruas. Parece muito distante da realidade do Brasil, mas nem está tão longe assim. Após a flexibilização das restrições de combate à Covid-19 na Europa, o retorno das pessoas às atividades que eram proibidas por causa do vírus e a explosão do consumismo foram surpreendentes. A França é um exemplo disso. Como informado pelo Ministério das Finanças, em junho deste ano, os gastos aumentaram 18%, se comparado ao mesmo período em 2019. Além disso, as compras de produtos eletrônicos subiram mais de 45%; com roupas, quase 30%; e com hotéis e restaurantes, mais de 10%. Será que os empreendedores brasileiros estão prontos para lidar com uma situação como essa?
Considerando a previsão de que pessoas maiores de 18 anos estarão vacinadas no quarto trimestre deste ano — onde se concentram datas importantes para o varejo como a Black Friday, o Dia das Crianças e as festas de final de ano —, o cenário que vimos na Europa meses atrás pode estar próximo. Os varejistas precisam estar prontos para isso. O mercado, que durante a pandemia se adaptou para um modelo principalmente digital, pode ser imprevisível na reabertura. O vendedor mudou, assim como o consumidor. Portanto, dependerá de ambos o rumo que os comércios irão tomar nos próximos meses. A mudança no modelo de negócio pode depender do produto oferecido. Algumas estratégias que foram necessárias durante a pandemia, demonstram-se muito práticas, e não faz sentido voltar atrás. Muitas farmácias, por exemplo, adotaram o “clique e retire”, que se demonstrou útil, pois diminui as filas, além de economizar o tempo do comprador e custos com frete.
É esse tipo de informação que os varejistas devem considerar: entender o que deu certo durante esses tempos difíceis e tentar conciliar com o que já funcionava antes da pandemia. O digital cresceu, foi essencial para a sobrevivência de diversos comércios durante a pandemia e pode ser uma ferramenta para viabilizar a retomada de forma fluida. Além dos serviços de delivery, através da tecnologia pode-se buscar uma melhora na experiência dos vendedores, que estão a mais de um ano sem trabalhar em um cenário normal.
A mudança do consumidor deve ser o primeiro ponto a ser considerado. As pessoas perceberam que é mais fácil realizar o pagamento pelo aplicativo, sem precisar utilizar o cartão. Entenderam ainda mais a praticidade do delivery, que leva o produto até o comprador. Velhas estratégias de varejo podem não funcionar mais.
Com o crescimento do digital, a competitividade também cresce. Se o item será recebido em casa, tanto faz de onde ele vem. O comerciante de outro bairro (ou mesmo de outra cidade) está em condições de igualdade para disputar o cliente, que por sua vez estará mais atento e exigente quanto à qualidade do produto e do atendimento. A melhor experiência será a base de comparação para a próxima compra do consumidor. Seu negócio está preparado para a retomada?