A Conversion acaba de disponibilizar o acesso ao Relatório Setores do E-commerce no Brasil Setembro/2020 (beta), que é a segunda edição deste material rico. A primeira edição, disponibilizada no último mês, foi baixada centenas de vezes por profissionais de e-commerce e executivos das maiores empresas do país.
A nova edição traz algumas novidades, como a análise em formato de heatmap (mapa de calor) do crescimento do setor de comércio eletrônico durante a pandemia.
O mês de agosto traz uma pequena queda em relação a julho, que havia sido o terceiro melhor mês da história do e-commerce. Agosto mostrou uma redução de 1,8% no acesso aos maiores e-commerces do Brasil, mas continua sendo um dos melhores meses.
“Agosto ficou tecnicamente empatado com dezembro do último ano, sendo que ambos os meses registraram 1,27 bilhão de acessos”, comenta Diego Ivo, CEO da Conversion. “O comércio eletrônico continua vivendo seus melhores meses e o segundo semestre deve registrar grandes recordes, especialmente em novembro, mês da Black Friday”, prevê Ivo.
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E-commerce está em alta no país
Nos últimos meses, todos os setores do mercado foram afetados pela pandemia causada pelo novo coronavírus. Alguns deles registraram curvas altas de crescimento. Por outro lado, outros tiveram alguns de seus piores períodos da história.
Depois de um trimestre intenso, muitos já falam sobre uma possível retomada econômica e oportunidades com a transformação de processos, estratégias e inovações colocadas em prática. O futuro ainda é incerto, mas os números mostram que o e-commerce disparou em tempos de pandemia — o que deve se intensificar a cada dia.
No mês de julho, o e-commerce brasileiro registrou o 3º melhor mês de sua história, em um movimento que mostra que essa é a hora e vez do comércio online.
Novo patamar de crescimento
De acordo com um relatório inédito produzido pela agência Conversion, o e-commerce registrou 1,29 bilhão de acessos no sétimo mês do ano, atrás apenas de datas como Dia das Mães e Black Friday. O estudo, que tem como objetivo trazer informações e insights relevantes para os profissionais, tem registrado esse movimento mensalmente.
“Ter esse acompanhamento é muito importante para identificar quais setores registraram picos de crescimento. Analisamos mensalmente para entender se, com a retomada da economia, esses segmentos vão cair ou voltar ao que eram há 12 meses. Agosto é um mês importante, pois muitas cidades já estão retomando o comércio, o que pode ou não ter efeitos negativos para o e-commerce”, ressalta Letícia Castro, Business Intelligence na Conversion e uma das responsáveis pelo relatório.
O estudo analisa o tráfego dos 216 maiores sites do país. Nos últimos 12 meses, o e-commerce teve 15,8 bilhões de acessos no Brasil.
No mês de agosto, em relação ao mês de julho, o número teve uma queda de 1,8%, mas ainda segue muito relevante. Foram 1,27 bilhão de acessos no oitavo mês do ano — número maior em comparação com o mesmo período de 2019, onde foram registrados 1,18 bilhão de acessos.
Os números altos não são por acaso. “A pandemia acelerou a digitalização do comércio para vendedores e compradores. Quem tinha resistência mudou a mentalidade rapidamente”, ressaltou Julia Rueff, diretora de marketplace do Mercado Livre, em entrevista à Exame. A empresa se consolidou como uma das maiores lojas do Brasil e registrou um crescimento no período da pandemia de 13% (em uma comparação entre fevereiro e agosto deste ano). De acordo com o relatório da Conversion, o Mercado Livre recebeu mais de 240 milhões de acessos apenas no mês de agosto.
As categorias que mais cresceram no e-commerce
O e-commerce registrou um crescimento acelerado em diversas categorias, mas algumas se destacaram. O setor de Casa e Móveis foi um dos que mais cresceu nos últimos meses de acordo com o estudo da Conversion. No mês de agosto, utilizando fevereiro como base, o setor cresceu 63%. Isso já era previsto em um cenário onde as pessoas ficam mais em casa, adotam o home office e passam a investir em itens que melhorem essa experiência.
Além do setor de Casa e Móveis, os segmentos de Comidas e Bebidas, Pets, Moda & Acessórios e Joias e Relógios registraram um crescimento de 62%, 60%, 58% e 41% respectivamente. “Apesar da leve queda no MoM (Mês a Mês) observada em agosto no e-commerce em geral, o que chama atenção é o aumento geral no YoY (Ano a ano), de 7,4%, sinalizando um movimento dos consumidores para as lojas online”, ressalta Letícia.
Em entrevista ao Metrópoles, Pedro Campos, gerente de growth da Zee.Dog, uma das maiores startups do setor Pets, falou sobre o salto do segmento. Foram mais de 10 milhões de acesso aos principais sites do setor em agosto. “Isso mostra uma tendência e mudança no comportamento dos tutores. Ao ficarem mais tempo com o animal em casa, eles conseguem monitorar as necessidades do pet e consequentemente precisam de mais brinquedos para entreter o animal. Além disso, estão cuidando mais dos animais em casa, por isso a compra de mais produtos de higiene”, afirmou o executivo.
A retomada do turismo
No relatório de julho divulgado pela Conversion, o Turismo apareceu como o setor mais afetado negativamente em comparação a fevereiro deste ano.
Desde o início da pandemia, o segmento tinha registrado uma queda de 55% no número de acessos. Porém, tudo indica que o setor tem iniciado uma retomada (mesmo que tímida). No mês de agosto, o Turismo cresceu 25% em relação ao mês anterior, sendo o setor mais impactado pela pandemia mas também aquele que mais tem crescido mensalmente.
A categoria atingiu 972 milhões de acessos nos últimos 12 meses, tendo janeiro como o melhor mês, com 126 milhões. Em agosto, foram 49 milhões de acessos, contra 39 milhões no mês anterior. O Booking, um dos principais sites do setor, cresceu 45% em agosto comparado à julho, a maior taxa entre os maiores sites. A plataforma registrou 8 milhões de acessos neste mês. Em segundo lugar ficou a 123 milhas, com mais de 5 milhões de acessos.
No Brasil, de modo geral, a expectativa é que haja um aumento na procura por viagens nos próximos meses, principalmente para os destinos nacionais. Em paralelo, muitos acreditam que a pandemia também tem acelerado um processo de modernização do setor, com a adoção de novas medidas e tecnologias.
“Novas startups vão se dedicar ao turismo e terão mais apoio financeiro para mudar práticas”, ressaltou Zurab Pololikashvili, secretário-geral da Organização Mundial do Turismo (OMT), durante um debate online realizado neste ano. “Acredito que, em alguns anos, teremos um setor muito melhor”.
O crescimento do e-commerce
Entre os 15 setores analisados pela Conversion, 10 cresceram ao menos 10% YoY (ano a ano) quando o assunto é e-commerce. Isso inclui os já citados segmentos de Comidas & Bebidas, Casa & Móveis, Pets, além de Calçados, Moda & Acessórios, Infantil, Jóias & Relógios, Eletrônicos & Eletrodomésticos, Importados & Varejo. Os números reforçam o quanto a pandemia impulsionou novos hábitos de consumo e compras no que muitos definem como um “novo normal”.
Os mais de 1,2 bilhão de acessos em agosto nos principais sites do Brasil marcam um crescimento de 7,4% em relação ao mesmo mês de 2019. Grandes varejistas como Mercado Livre, Americanas, Amazon Brasil, Magazine Luiza e Casas Bahia seguem liderando esse movimento em termos de acesso e crescimento, assim como relatado no estudo anterior. Entre as mais beneficiadas pela pandemia está a versão brasileira da Amazon, que cresceu 67% no último ano.
O que podemos esperar daqui para frente?
Enquanto alguns setores continuam crescendo ou estão retomando depois de um período de perdas, outros tiveram um pico com a pandemia e já estão voltando ao patamar do ano passado. Como é o caso dos segmentos de Farmácia e Saúde e Cosméticos.
Em uma comparação entre agosto e julho deste ano, o setor de Farmácia e Saúde registrou uma queda de 3,42%. Em relação ao ano anterior, o segmento cresceu apenas 0,61%. Já Cosméticos diminuiu 7,15% em relação a julho e cresceu 0,73% ano a ano.
Com o isolamento social, o setor de Esportes foi um dos que menos cresceu na pandemia, registrando um aumento de 10% (comparando agosto a fevereiro deste ano). O segmento ainda teve uma queda de 5,26% em relação a janeiro de 2020 e cresceu 0,41% em relação ao ano anterior.
Ainda em tempos de pandemia, novo coronavírus e outras questões que inviabilizam a retomada completa das atividades, é difícil definir qual será o movimento exato dos segmentos no mercado. “Percebemos uma estabilidade nos acessos mensais de alguns setores. Acredito que também iremos observar isso em outros segmentos ao longo dos próximos meses”, ressalta Letícia.