Logo E-Commerce Brasil

Mercado Livre e Shopee intensificam disputa pelo e-commerce brasileiro

Por: Alice Lopes

Jornalista no E-Commerce Brasil

Jornalista no E-commerce Brasil, graduada pela Universidade Nove de Julho e apaixonada por comunicação.

Ver página do autor

O comércio eletrônico brasileiro entrou em uma nova fase de rivalidade. O Mercado Livre (MELI34), que nos últimos anos manteve a liderança quase incontestável no país, agora enfrenta a Shopee em um embate direto pela preferência do consumidor. De um lado, a plataforma argentina reforça investimentos para sustentar a hegemonia. Do outro, a gigante asiática aposta em preços baixos, promoções constantes e frete grátis para avançar sobre a base de clientes. A disputa já provoca impactos financeiros relevantes e pode redefinir a estrutura do setor nos próximos anos.

Mercado livre x shopee: a disputa de gigantes
(Imagem: reprodução)

Estratégias que pesam no caixa

A Shopee fechou 2024 com cerca de R$ 60 bilhões em volume de vendas no Brasil, o dobro da Amazon e equivalente a 40% do faturamento do Mercado Livre, segundo o Itaú BBA. A varejista tem como diferencial o frete grátis em compras a partir de R$ 10 e a realização frequente de campanhas promocionais.

Felipe Piringer, head de Marketing da Shopee no Brasil, reforça que a prática é parte central da proposta de valor da empresa. Segundo ele, o frete grátis “sempre foi um dos principais atrativos da marca desde o início da operação no país” e segue aliado a ofertas competitivas e campanhas de datas duplas.

Para responder à ofensiva, o Mercado Livre reduziu de R$ 79 para R$ 19 o valor mínimo para o benefício do frete grátis e ampliou a oferta de cupons e promoções. O esforço, no entanto, trouxe efeitos colaterais. No segundo trimestre de 2025, o Ebit recuou para R$ 825 milhões, abaixo das expectativas, e a margem de contribuição direta no Brasil caiu 8,7 pontos percentuais em relação ao ano anterior.

Apesar das pressões, analistas lembram que o Mercado Livre tem liquidez suficiente para sustentar investimentos por longos períodos, enquanto a Shopee não divulga oficialmente o tamanho dos aportes no mercado brasileiro.

Logística como fator decisivo

A guerra de preços não é o único campo de batalha. A logística desponta como diferencial estratégico em um país de dimensões continentais. O Mercado Livre anunciou R$ 23 bilhões em investimentos para ampliar sua rede de centros de distribuição, que chegará a 21 unidades ainda em 2025. No segundo trimestre, mais de 50% das entregas foram feitas no mesmo dia ou no seguinte, somando 163 milhões de pacotes.

A Shopee busca encurtar essa distância. Hoje, conta com 13 centros de distribuição, 150 hubs e 2.800 pontos de coleta e retirada. Na Grande São Paulo, já consegue entregar 40% dos pedidos em até dois dias, uma melhora relevante em relação ao desempenho do ano anterior. Esse avanço mostra que a companhia tem priorizado eficiência para sustentar o crescimento no país.

Espaço para os concorrentes locais

Enquanto Shopee e Mercado Livre concentram forças, players nacionais como Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3) ajustam suas estratégias. O Magalu decidiu reduzir esforços no marketplace para privilegiar rentabilidade, enquanto a Casas Bahia se dedica a uma reestruturação conduzida pela Mapa Capital.

A Amazon, terceira colocada em participação de mercado, observa os movimentos dos rivais sem entrar de cabeça na disputa por preços e logística. O cenário indica que o Brasil pode caminhar para uma configuração de liderança compartilhada entre dois gigantes internacionais, deixando os concorrentes locais com o desafio de encontrar novos caminhos de diferenciação.